O deputado federal reeleito João Paulo Cunha (PT) disse em Taboão da Serra em ato pró-Dilma Rousseff que o presidente Lula em 2006 também não venceu no primeiro turno, mas conquistou mandato por mais quatro anos, para demonstrar otimismo de que a presidenciável do partido será eleita e passar confiança a aliados que contavam com a vitória em 3 de outubro.
Presidentes e militantes de PT, PMDB, PSB, PC do B, PTS e PTN em Taboão, a vice-prefeita Márcia Regina (PT), o vereador Macário (PT), o deputado estadual eleito Geraldo Cruz (PT) e quatro secretários municipais do governo Evilásio Farias (PSB) decidiram estratégia no segundo turno para a eleição de Dilma durante café da manhã na sexta-feira, dia 15, em churrascaria no Parque Laguna. Participaram 150 pessoas, entre eles os vereadores Olívio Nóbrega (PR) e Natal (PP).
“Nestes dias, sinto que há certo desânimo, abatimento em todo mundo [partidos coligados] que esteve conosco”, disse João Paulo sobre a não eleição de Dilma em pleito único, quanto ao Estado paulista. “Em São Paulo, sempre perdemos. Em 2006, Lula perdeu para [o tucano Geraldo] Alckmin no primeiro turno”, lembrou, para indicar que o cenário não é novidade.
O petista disse que na eleição São Paulo é peculiar em relação ao país por causa, segundo ele, da parcialidade da imprensa. “O mesmo jogo que a mídia faz contra Dilma faz na proteção ao PSDB. O [presidenciável José] Serra governou quatro anos e não há uma crítica a ele. Fala que pôs dois professores em sala de aula, os professores desmentem, e ninguém fala nada.”
João Paulo apontou que a imprensa faz alarde de opiniões da petista sobre questões polêmicas, mas poupa o adversário, ao citar declaração do tucano favorável à união civil de homossexuais. “É uma posição correta do Serra, só que deram [publicaram] desse tamanhinho. Hoje, o tema já está ficando de lado, eles queriam pegar o eleitorado conservador e mostrar que Dilma não podia ser candidata.”
O petista reprovou também o “tipo de debate” promovido por adversários sobre o passado de Dilma, alvo de e-mails enviados a eleitores em que é tachada de guerrilheira e criminosa – a candidata participou na década de 60 da luta armada contra a ditadura, a exemplo de políticos como o senador eleito do PSDB Aloysio Nunes.
Ele reagiu à declaração do vereador Carlos Andrade (PV), de Taboão, de que a petista é “quadrilheira”, publicada em reportagem do ATOS. “É um idiota”, disse, com o jornal em mãos, sob aplausos. “Como um sujeito pode chamar uma candidata que teve 47 milhões de votos com um nome desse sem conhecer?”, continuou, ao questionar autoria de crimes durante o regime militar atribuídos a Dilma.
O petista avaliou que pelos obstáculos colocados a campanha no Estado é muito “mais dura”, e não será diferente para eleger Dilma. “O nosso trabalho aqui é resistir para não deixar o rolo compressor passar sobre a nossa candidatura. Sou otimista, acho que a Dilma vai ganhar. Claro que não vai ser fácil, vai ser difícil, são 15 dias de guerra no Brasil”, disse João Paulo, que recomendou aos apoiadores na região falar sobre as obras nos seis municípios graças, segundo ele, ao governo Lula.
Como mobilizações na reta final, os participantes definiram realizar caminhada e carreata e entregar material da candidata em porta de fábricas e mensagem da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil aos católicos na saída das igrejas, em que a CNBB reafirma não indicar nenhum candidato, para anular a não recomendação de voto na candidata petista, decorrente de discussão sobre o aborto, por parte da entidade em São Paulo — que recuou da posição neste domingo.
(ADILSON OLIVEIRA – Jornal ATOS, em Taboão da Serra)