Rio de Janeiro – Aumentar o número de cidades engajadas na campanha pela mobilização nacional pró-saúde da população negra é uma das metas das entidades envolvidas na campanha.
O movimento é coordenado pela organização não governamental Criola. Em entrevista à Agência Brasil, o articulador nacional da campanha, José Marmo da Silva, revelou que desde o ano passado o movimento foi estendido, unindo a mobilização com o Mês da Consciência Negra. “Então, ela começa em outubro e termina no dia 20 de novembro, data em que se comemora o herói negro Zumbi dos Palmares”.
Até o momento, o movimento já tem 40 cidades engajadas. “Até 20 de novembro, eu acho que a gente consegue chegar até 70 cidades brasileiras”. A campanha conta com a parceria das secretarias de Saúde e do Conselho Nacional de Saúde, entre outras entidades. “Nós estamos trabalhando, todo mundo junto, numa grande parceria, para que atinja até 20 de novembro várias cidades de todas as regiões do país”.
Hoje (19), o Encontro sobre a Saúde da Mulher Negra, no Rio de Janeiro, deu seguimento ao movimento de mobilização nacional pró-saúde da população negra. A campanha ocorre anualmente desde 2006 e tem seu auge no Dia Nacional de Mobilização Pró-Saúde da População Negra, comemorado na quarta-feira (27) da próxima semana.
Até novembro, serão realizados diversos eventos, incluindo seminários e uma audiência pública sobre a saúde da população negra. A ideia, disse Marmo, é dar uma visibilidade maior à Política Nacional de Saúde Integral da População Negra. “E também trazer à tona as desigualdades raciais em saúde, na medida em que a gente quer um Sistema Único de Saúde (SUS) com equidade”.
Segundo Marmo, nas cinco capitais do Norte do país, por exemplo, estão ocorrendo atividades. Para o próximo mês foi estabelecida uma agenda prioritária nessas cidades com temas sobre o assunto. “Foi importante para nós. É um ganho”.
Qualquer pessoa pode participar da campanha, seja reunindo os amigos para discutir o tema do movimento, seja exibindo vídeos institucionais que abordem a questão do racismo na área da saúde, entre outras formas. “O importante é participar, trazer à tona essa discussão”, destacou Marmo.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, as mulheres negras com idade entre dez e 29 anos apresentavam risco de morrer por câncer de colo de útero 20% maior do que o da mulher branca na mesma faixa etária, no período de 2007 a 2009. Segundo a mesma fonte, a população negra tem maior risco de morte por causas externas, especialmente por homicídios.
A mobilização pretende ampliar a cobertura de saúde e melhorar essas estatísticas. “Qualificar o atendimento do SUS e as decisões políticas em saúde, levando em consideração a qualidade da coleta raça/cor [nas estatísticas do Ministério da Saúde]. Nós queremos incluir também os temas de racismo e seu impacto na saúde mental, queremos fortalecer o controle social das políticas públicas de saúde pela população negra. É importante que a população negra acompanhe e monitore a Política Nacional de Saúde Integral nos estados e municípios, que hoje é lei”, afirmou Marmo.
A mobilização para sensibilização da sociedade e dos gestores na área de saúde deverá ter continuidade nos próximos governos, disse. “Mas, a gente também pensa nos desdobramentos depois da mobilização”. Citou o exemplo de Teresina, capital do Piauí., onde a Secretaria Estadual de Saúde já está incluindo o tema da saúde da população negra em suas áreas programáticas. “Isso é fundamental. Porque não adianta só você mobilizar e depois não ter um produto mais tarde”.
(Por: Alana Gandra – Repórter da Agência Brasil em 19/10/2010)