Recebi no meu e-mail esta ‘pérola’ do pensamento conservador brasileiro. A ‘guerra’ eleitoral na Internet tem destas coisas. Este texto, denominado “Elogio da Vagabundagem” é tão visceral, que decidi mantê-lo na íntegra nesta reflexão, apontando suas barbaridades (muitas são tão explícitas que fariam ‘corar’ Torquemada, aquele chefe da Inquisição Espanhola, que adorava torturar e queimar bruxas, o famoso ‘Martelo dos Herejes’ no auge da loucura fundamentalista religiosa que se abateu sobre a Europa. Mas, a grande especialidade dele era perseguir e matar Judeus (será que serviu de inspiração para Adolf Hitler?). O ataque aos judeus tinha um objetivo pragmático: tirar suas riquezas para financiar o clero e os monarcas que o apoiava. Nesta nova versão inquisitorial, Dona Martha quer mais dinheiro para o agronegócio e vocifera contra a reforma Agrária e os programas de distribuição de renda do governo federal. Muda-se o cenário, muda-se a época, mas o modelo se mantém.
O verdadeiro ‘horror a pobre’ da querida Dona Martha chega ao caricato. Mas isto não é uma brincadeira à toa. Este tipo de gente, com esta mentalidade apóia JOSÉ SERRA para presidente. São os saudosos da velha ordem, onde o rico mandava e comia, o pobre obedecia, engraxava as botas dos senhores e vivia das migalhas caídas da mesa da ‘Sinhazinha’. Sonham com o dia em que Lula, Dilma e tudo o que representam para os pobres deixarem o poder, livre para a volta triunfante de seus representantes, da velha elite brasileira.
Leia agora o texto da Dona Martha, este libelo conservador dos tempos da Senzala, e seu divertido ‘caderninho’, versão impressa do ‘Tenho Medo’ da Regina Duarte. Para fazer o Contraponto necessário, coloco minhas observações pessoais entre parênteses e em vermelho grifado.
**Comentários em Vermelho: Márcio Amêndola de Oliveira / Embu, SP, 23/out./2010
“ELOGIO DA VAGABUNDAGEM”, ou “AS BOBAGENS QUE A MAMÃE DIZ”
*Profa. Martha de Freitas Pannunzio (Mãe de Fábio Pannunzio, da BAND)
Eu tenho bronca do presidente, sim. Antes não tinha. Achava-o apenas sujo, mal lavado, ignorante, boçal, troglodita, inconveniente, atrevido, insolente, mentiroso etc. etc. etc. (impressionante número de adjetivos; isso é que é preconceito explícito!), porém eu punha estas arestas na conta de sua biografia e mudava de canal. Não conseguia compreender como nem por quê a CNBB, a OAB e uma parte da imprensa incensavam aquela pessoa e a transformavam num mito. Quando estourou o caso LURIAN eu acrescentei no meu caderninho: irresponsável (Lurian, a filha de Lula que foi colocada no Horário Eleitoral para derrubá-lo nas eleições de 1989. Collor venceu, e deu no que deu. Obs: hoje Lurian está com Lula e afastou-se da mãe, que serviu ao Collor).
Um dia Leonel Brizola, derrotado no primeiro turno de uma eleição presidencial, em face da ameaça da eleição de Collor, preconizou o voto útil e mandou que a militância do PDT tapasse o nariz e votasse no sapo barbudo (depois Brizola reviu seu posicionamento, e terminou a vida como grande aliado de Lula. Aliás, Brizola Neto é um grande aliado de Lula hoje. Veja em: http://www.tijolaco.com). Eu era presidente do PDT de Uberlândia e admirava Brizola, mas não consegui atender ao seu pedido (então ela votou no Collor?). A caricatura do sapo barbudo ficou para sempre desenhada no seu portfólio político. Indelével. Num País de grandes oradores políticos (saudades do Ruy Barbosa e do Barão do Rio Branco), aquele exaltado cidadão era apenas um ator da comédia bufa que sabia de cor duas ou três frases de efeito (preconceito de classe explícito).
A informação “aposentado por invalidez” (factóide, notícia falsa ad-nauseam divulgada pela direita contra Lula) por causa do dedo mindinho sempre me pareceu intriga da direita e eu nunca a apurei. Apenas anotei no meu caderninho (versão impressa do ‘Tenho Medo’, da Regina Duarte), mais uma vez, o fato curioso de ele estar sempre desocupado (outro factóide; mas pobre tem de trabalhar, não lutar por seus direitos!). Eu havia repassado 300 alunos por dia, dobrando turno na escola estadual de MG, durante 32 anos, para chegar a uma aposentadoria menor do que um salário mínimo (mentira!). De onde saíra aquele Messias fabricado?
O tempo não só confirmou o que eu pensava como, infelizmente, acrescentou outras considerações desabonadoras. Investido do cargo e dos poderes inerentes e decorrentes do cargo, ele botou as unhas de fora e se revelou por inteiro. Lerdo, esquecido, cego, mudo, mal acompanhado, arrogante, intrometido, globe-trotter contumaz e exigente, inconveniente, inoportuno, desrespeitoso, metido a engraçado, mal assessorado nos assuntos internos e externos, ele foi dizendo patacoadas que caíram na alma da gigantesca camada de brasileiros e brasileiras pobres de grana e pobres de espírito (a ‘gigantesca camada’ de brasileiros, ou seja, uns 82% do povo deste país aprova o governo Lula. Mas a fazendeira da dona Marta odeia essa ‘pobreza, ah, que nojo!’).
Estes cidadãos, das camadas de E a Z (Dona Martha não se conforma: sua empregada doméstica saiu da ‘camada Z’, pediu demissão e arrumou um emprego melhor no governo Lula), se contentaram com cestas, bolsas, vales, tíquetes, esmolas, enfeitadas com bandeiras, marchas messiânicas, quebra-quebra, invasões, saques, desordem generalizada (O Brasil não tem saques e desordens hoje, Dona Marta. Isso aconteceu nos governos FHC/SERRA, quando não havia programas sérios de distribuição de renda). O cargo lhe deu imunidade e impunidade e ele, generoso, repassou estes benefícios aos desordeiros e aos amigos mais próximos.
Estamos vivendo tempos modernos, preocupantes (Que saudades da Ditadura!). Nos últimos cinco anos eu, que não sou ninguém no contexto nacional, viúva, acumulo treze BOs (Boletins de Ocorrência Policial ) com registro de assaltos a mão armada e grandes prejuízos materiais na minha pequena fazenda em Uberlândia, onde resido. Pago/jogo fora, mais de 50% do movimento da minha atividade, para cumprir as exigências da escorchante carga tributária do atual governo. Eu era classe média, agora não sei mais o que sou. E, o que é pior, não tenho sossego para viver nem trabalhar. Nem eu nem meus companheiros de atividade agropecuária (como a turma do Agronegócio, da UDR?).
Em nome da reforma agrária uma grande baderna tomou conta da zona rural e ensejou a formação de gangues intocáveis, mantidas com rubricas polpudas de dinheiro público (conheço algumas ‘gangues intocáveis’: são os jagunços contratados por fazendeiros e grileiros, que expulsam os pobres do campos, que são obrigados a favelarem-se nas cidades). O documento cartorial de propriedade privada perdeu a validade (qual, aquele documento ‘grilado’?). O governo inventou índices inatingíveis de produtividade para configurar a improdutividade da terra e justificar o vandalismo dos seus apaniguados. E deixou a abóbora alastrar (terra improdutiva tem sim de ser destinada à Reforma Agrária. O Brasil tem a maior concentração de terras em mão de latifundiários no PLANETA!).
A corte da saparia coacha alto, voa pelo mundo numa suntuosa aeronave presidencial, mete a colher de pau onde não foi chamada, conta piada, faz sucesso no exterior (quanta dor de cotovelo; como é que pode, um ‘sapo barbudo’ ser tão respeitado na ONU e no mundo inteiro?), entretanto não sabe qual é o estoque regulador de alimentos de que dispomos. Não é capaz de mapear a produção. Não nos garante preço mínimo. Não cuida das estradas nem dos portos e aeroportos e vende mal nossas super safras de tudo, nossos minérios, nossos quilowatts de energia hidrelétrica limpa e não renovável (mentiras, Dona Martha. O Brasil é hoje o maior exportador de grãos do mundo, o Brasil gasta DEZENAS de vezes mais financiando os produtores rurais do que com reforma agrária, e somos CAMPEÕES de energia renovável, com as Hidrelétricas e o Álcool de cana. Nossa frota de carros e caminhões é a MAIOR DO MUNDO tocada a álcool e biodiesel. Isso sem contar com o petróleo do Pré-Sal).
Nos últimos anos o Brasil conheceu a desesperadora realidade do desemprego. Chegamos a crescer abaixo de ZERO. Quem estava empregado, caiu na informalidade (mais mentiras. O Brasil criou 15 milhões de empregos nos últimos anos, reduzindo a informalidade, e vamos crescer 8% neste ano, em níveis Chineses). As estradas estão repletas de acampamentos de sem-terra. Invadem à-toa, apenas para vender aquele chão que nada lhes custou (custou, sim, a vida e o sangue de milhões de trabalhadores, desde Zumbi dos Palmares) e depois invadir outra propriedade, para vendê-la também. É a Imobiliária MST-MLST, especialista em assentamento improdutivo, parceira e tutelada pelo INCRA desde a primeira invasão. São párias sociais, abandonados (eram abandonados pelos antigos senhores de engenho, Dona Martha. Tá com saudades do Brasil Colonial?).
Sem agrônomos, sem sementes, sem mandalas, sem carteira assinada, sem financiamento, vivendo de bicos e de pequenos delitos na vizinhança. Nas horas vagas engrossando o contingente de invasores em novas propriedades. Eu nunca ouvi o presidente dizer uma palavra a respeito desta conflagração nacional (atitude típica de preconceito, ou seja: pobre igual a marginal; que vergonha, Dona Martha!).
Neste momento a carteira de trabalho se tornou dispensável no Brasil, sabe por quê? Porque o emprego estável prejudica o recebimento da bolsa-esmola (pergunta e resposta falsas. Dona Martha quer que o pobre morra de fome, mesmo). O presidente milagroso catapultou 34 milhões (?) de miseráveis e, com dez quilos de arroz e um quilo de fubá, os instalou na classe média (que horror, tanto pobre comendo sem ter de comer nas mãos dos coronéis do Nordeste, nem mas mãos das ‘Sinhazinhas’ dos engenhos!).
Agora a candidata chapa-branca promete erradicar o restante da pobreza em quatro anos. É um delírio! (já pensou, Dona Martha, quem vai lavar as suas roupas, fazer a sua comida, limpar a sua privada?).
São oito anos de caos moral e ético no País (por isso esse País figura hoje entre as maiores nações do Mundo, sendo um dos Brics, onde está o caos?). Nada completamente novo, que o Brasil nunca tivesse praticado. Aliás nossa história política tem raros momentos de decência e escassos cidadãos ilibados (típico complexo de inferioridade colonialista). O fato novo é a escancarada intervenção do presidente em defesa de sua gangue (uma ‘gangue’ de 165 milhões de brasileiros, no mínimo), vociferando contra a imprensa, a justiça, o congresso, a Constituição, a sociedade civil organizada (do Movimento ‘Cansei’ e da Liga das Senhoras Católicas).
E agora, no apagar das luzes (apagar das luzes seria a eleição do Serra), ei-lo travestido de garoto-propaganda em tempo integral, usando com naturalidade todos os mecanismos do governo para empurrar goela abaixo (da direita e da elite) uma candidata que não tem luz própria, nem é petista, que ouviu a galinha cantar, mas não sabe cadê o ovo. Uma gordinha inimiga das instituições desde quando era de-menor (termo típico usado pela direita para designar menores infratores pobres). Bonitinha, é verdade, mas beleza não põe mesa.
Uma campanha messiânica começa a rotular a pupila do Sr. Presidente com o codinome de MÃE. Aí já é demais! O desconfiômetro deles pulou a janela e virou a esquina. Nem daqui a 50 anos o Brasil conseguirá limpar da alma do nosso povo esta nódoa maligna de conformismo raivoso e vingativo que o sapo barbudo impingiu na alma das camadas E a Z (ao contrário, Dona Martha, Lula é até acusado de fazer a tal conciliação das classes; sem um Lula, isso aqui tinha virado a Revolução Francesa, Dona Martha; a explosão social colocaria 4 milhões de ricos nas gilhotinas dos 165 milhões de excluídos, dos quais a senhora tem tanto nojo). Alguém deles leu O PRÍNCIPE, de Maquiavel. Com certeza.
Antes havia pobres por aqui. Milhares. Miseráveis. Porém eles aspiravam a uma superação pessoal (eram cordeirinhos da elite, aceitando de bom grado o matadouro). Hoje eles se acomodaram, cruzaram os braços. Esperam que tudo lhes caia do céu (que horror, não aceitam trabalhar por menos de um salário mínimo, sem carteira assinada, e ainda querem mandar os filhos pra faculdade!). As cotas universitárias revitalizaram o apartheid. Ao invés de injetar recurso no ensino público (onde só as elites conseguem entrar), a máquina de sedução que vira voto criou o PROUNI e fez proliferar as faculdades medíocres. Num país sem planejamento familiar, a juventude superlota os presídios (o pensamento conservador sempre busca uma forma dos pobres não procriarem). A guerra fratricida faz trincheira em cada esquina. A classe A levanta as muralhas de seus condomínios fechados (tadinha da Classe ‘A’; isso sim, é que é Apartheid!). A classe média paga imposto deduzido na fonte, tem plano de saúde e previdência privada (a classe média não se mistura na fila do INSS, realmente). Viver ficou perigoso demais. Caro demais. O resto são 70% de brasileiros e brasileiras ingênuos que caíram no mais moderno conto do vigário: o do marketing político institucional (Dona Martha confessa: 70% do povo brasileiro é idiota, e ela e seus amigos fazendeiros, os iluminados). A estes lhes bastam, hoje, como na Roma Antiga, migalhas de pão e algum futebol, já que o circo também morreu (que saudades das migalhas de pão que caíam das mesas dos senhores de engenho!).
Brizola jamais poderia suspeitar que ele faria do caçador de marajás seu líder no senado. Que o tesouro nacional acumularia montanhas de dólares obtidos de alíquotas e das taxas de juros mais altas do mundo (o tesouro nacional realmente tem uma montanha de dólares hoje, e o Brasil pagou a dívida esterna; nos tempos de FHC o Brasil tinha déficit, caixa vazio e uma ENORME dívida). Que a poupança renderia 0,65% e os cartões de crédito chegariam a cobrar 12% ao mês, capitalizados, claro, o que dá nada menos de 389,59% ao ano… Quanto menor a renda do financiado, maior o percentual de juros cobrado. O acesso da classe mais baixa ao crédito (que horror, pobre agora compra carro, geladeira, micro-ondas), portanto, só fez por aumentar os lucros fabulosos das financeiras, administradoras de crédito e demais sócios do clube da agiotagem consentida pelo poderoso goiano Meireles e seu Banco Central.
Cinqüenta anos para consertar esta mentira política talvez não sejam suficientes (moleza; a mentira política de FHC foi consertada em apenas 8 anos). Por tudo isto é que no dia 31 de outubro temos que comparecer em nossa sessão eleitoral e dizer um rotundo NÃO ao sapo barbudo (não quero te desanimar, mas tá difícil para o seu candidato, Dona Martha). Se não for para ganhar a eleição, que seja para saber com certeza quantos somos (muito poucos, cada vez menos), nós, que não perdemos a lucidez nem caímos no conto do vigário apregoado por um sapo que virou príncipe (Lula, volta pra fábrica!) e que, de dentro do seu palácio e da sua nave espacial ultra sofisticada, fez, despudoradamente, dia após dia durante oito anos, o ELOGIO DA VAGABUNDAGEM (os ‘vagabundos’, nós, os 165 milhões de brasileiros, agradecemos ao presidente Lula).
*Martha de Freitas Azevedo Pannunzio
CPF 394.172.806-78
Uberlândia, MG, 30/set./2010
***OBS: Para saber o que representou o passado, o governo FHC e o que representa o governo Lula, veja uma entrevista do Próprio FHC a um insuspeito repórter de TV dos EUA. Ele ‘desconstruiu’ FHC, em:
http://www.youtube.com/watch?v=52fQv9Y1shg&feature=related
Veja também a ‘resposta’ de Lula, à Dona Martha, ao FHC e ao Serra, em:
http://www.youtube.com/watch?v=6UBCzERSXrk&feature=related
Márcio Amêndola de Oliveira (História – USP / Instituto Zequinha Barreto)
Antes que comecem a difamar-me, sou político e tenho curso superior por curiosidade, não por necessidade. Gostaria de expressar meus mais sinceros parabéns a Sra Martha Pannunzio pela publicação da carta à Presidente Dilma. Acredito piamente que ela expressa a mais pura verdade sobre as intenções políticas que assolam este país hà mais de 9 anos. E que paga a conta somos nós, Brasileiros contribuintes. PARABÉNS sra Martha! O PT É NOCIVO!!
Absurdo! Uma reafirmação da nossa necessidade de se posicionar ativa e combativamente contrários aos tipos reacionários como o de “Profa.” Martha, e suas colocações repulsivas!
Parabéns ao jornalista e ao site!
PARABENS MÁRCIO, AINDA BEM QUE TEMOS ALGUÉM COMO VOCÊ E TANTOS OUTRO COMPANHEIROS ILIMINADOE PARA RESPONDER ESSE NOJENTA senhora À LTURA DO QUE ELES MERECEM OUVIR. “COITADA” DESSA CLASSE ARROGANTE E DE TÃO BAIXA SENSSIBILIDADE.
QUE MORRAM DE DOR DE COTOVELO!!! RSRSRSRSRS
Ah… é da USP? Um daqueles intelectuais de mesa de bar? Aposto que acha Fidel o máximo…