26, de outubro
O vampiro repugnante e contagioso deve ser banido. Ele representa o que há de mais podre e nefasto na sociedade brasileira. Não vou discutir isso, Márcio Amêndola já o fez, se não leu, leia. Por isso, Dilma terá meu voto, mas preparem-se para o 3º turno!
Na Revolução Francesa, o povo (que hoje volta à cena com a luta contra os ataques à Previdência) lutou junto com a burguesia, derrubou o retrocesso chamado monarquia, comemorou e foi abandonado. Igualdade? No máximo a tal igualdade de oportunidades, pura retórica. Fraternidade? O que é isso, mesmo? Liberdade? Só para o capital!
O povo, eu e o mercado financeiro votaremos em Dilma.
O retrocesso vai com o vampiro. Nós o derrotaremos. Mas, e depois? A quem servirá essa vitória?
Quero ver essa militância bonita que hoje vai às ruas pedindo pela Dilma, a partir da confirmação da sua eleição, ir às ruas também por redução de juros, fim do superávit primário, pelo fim do sub-emprego chamado terceirização, pela reforma agrária, por verbas para a educação, por repeito aos idosos, lesionados, imigrantes, etc. O primeiro ano de governo é conhecido pela costumeira “austeridade” E aí a Dilma vai aplicar quê asteridade? Em cima de salário de trabalhador ou de juros à banqueiro? Que saco de maldades o mercado encomendou?
O grande problema da democracia burguesa é a burguesia!
Caraca! Descobri a pólvora!
Voltando à Dilma, que, está bem, terá meu voto,
Terá também do mercado financeiro muito voto. A independência (de quem?) do Banco Central está garantida. Nesse ponto, pasmem, o vampiro asqueroso consegue estar mais à frente que a chapa governista! O que que é isso?
E a mídia, pequena golpista, (conhecida como grande mídia, mas divirjo: Grande é o Fato Expresso, Caros Amigos, Carta Capital e mais meia dúzia que sobrevive no sacrifício) fica falando de aborto, casamento gay e mico-leão-dourado? Temas importantes, mas periféricos e debate com viés reacionário. E a Dilma cede? Queria vê-la ceder aos trabalhadores (aliás, agora que precisa cedeu um pouco a nós do BB e da CEF, quero ver depois!) Falando nisso:
É uma humilhação e uma superexploração o que testemunho cotidianamente no Banco do Brasil. Estagiária (pura retórica, é trabalhadora) recebendo uma miséria, sem direitos trabalhistas. Faxineira, ascensorista, vigilante, com seu FGTS desviado pelos donos dessas arapucas. O banco não assume, salvo sob decisão da Justiça (burguesa, claro).
Essas dedicadas trabalhadoras não tiram férias, pois quando estão por fazê-lo, a terceira dá o calote e, puf!, desaparece. A nova terceira que vem para substitur, contrata as mesmas que trabalhavam lá e as férias? … Conheço camarada que está há cinco anos sem gozar as ditas. Espalha-se o boato (por quem será?) de que, se quiser por a empresa terceirizada “no pau”, beleza, mas se incluir o banco na ação a terceira nova não contrata!
Tio Marcos faria muita piada e daríamos muita risada, mas eu sou o sobrinho dele, ácido, amargo, não consigo rir disso sem debochar da gravidade desse escândalo, como o saudoso conselheiro, que escrevia neste Jornal, conseguia ao seu estilo, influenciado por Barão de Itararé.
Voltando à Dilma, que, está bem, terá meu voto,
Dilma presidenta terá meu apoio na luta pela escola pública para todos, que ensine a pensar e agir, não que se preocupe em fazer passar em vestibular, já que este não seria mais necessário. Preparar para o mercado de trabalho, sem explicar o que é trabalho e o que é mercado, não dá, né?
Agora, a Dilma será nossa adversária quando atacar trabalhador, estudante, aposentado.
Será adversária quando entregar centenas de bilhôes de reais aos rentistas de toda ordem, em especial a banqueirada e os especuladores trilhardários.Quando flertar com o agronegócio e empacar a reforma agrária, Dilma será o Inimigo!
Não é o governo que precisa do apoio do povo, é o povo que precisa do apoio do estado, que só deveria existir em função deles.
Não testumunhamos nenhum passo rumo ao socialismo no Brasil nos oito anos de Lula.
O que vimos foi um velho-novo capitalismo repaginado, fashion, com governança corporativa e responsabilidade sócio ambiental (!?!?)
E barriga cheia, graças ao bolsa-família. Muito bem, é muito pouco!
Dilma terá meu voto, pro vampiro fujir voando.
Mas vou combater cada decisão que vier do Governo que não contemple as demandas do povo.
Xô reforma da Previdência! (lembram de 2003?) Não nos querem imitando os franceses, querem?
Um abraço,
Ubiratan (Bira) Kuhlmann
Bira Kuhlmann: bancário, militante sindical, universitário (atuária), músico, escritor, comunista, corinthiano, casado, pai de três meninos, velou a morte de um deles e de seu pai, Itagyba Kuhlmann.