Efeito Colateral: Com a injeção de até US$ 900 bilhões de dólares no mercado, os Estados Unidos podem provocar a criação de bolhas financeiras e que pode ter como um dos primeiros alvos o Brasil
O recente pacote de 900 bilhões de dólares apresentado pelo banco central norte-americano no último dia 3 está produzindo preocupação nos demais países. O plano é divido em dois, 300 bilhões de dólares para a compra de hipotecas que estão à beira do vencimento e 600 bilhões para a compra de títulos da dívida pública do governo e o aumento do crédito para os consumidores norte-americanos.
Com esta medida, os Estados Unidos vão colocar no mercado financeiro um volume muito grande de dinheiro que pode não ser totalmente absorvido no mercado interno norte-americano.
Esta situação pode levar a que os demais mercados que concorrem com o mercado norte-americano desenvolvam bolhas financeiras que podem acelerar a crise econômica nestes países. Os mais ameaçados são os ditos “emergentes”, sendo o principal alvo o Brasil.
As bolhas podem ser formadas na medida em que os investidores não consigam realizar lucros no mercado norte-americano e tenham que buscar outros mercados para lucrar. O mercado brasileiro, de longe, é o mais rentável deles, pois oferece os maiores juros de todo o planeta.
Com a entrada desenfreada de dólares no mercado brasileiro a tendência é se formar uma bolha financeira que pode estourar assim que os investidores se decidirem por alguma variação no mercado financeiro e retirarem o dinheiro do País.
Com este montante disponível no mercado, o dólar rapidamente vai se desvalorizar e prejudicar também as exportações dos países, pois os produtos norte-americanos estarão muito mais baratos.
O ministro da Fazenda do Brasil, Guido Mantega, destacou que a desvalorização do dólar vai trazer problemas para praticamente todas as principais economias, “quando o dólar se desvaloriza, o que acontece? Valoriza o euro, atrapalha os países europeus, atrapalha os países latino-americanos, atrapalha o Brasil, atrapalha a própria China”, em declaração ao jornal ‘O Estado de S. Paulo’, na última sexta-feira.
O risco de bolha no mercado financeiro brasileiro é a demonstração cabal de que a economia do País não está imune, mas, pelo contrário, é totalmente suscetível às bruscas oscilações do mercado internacional, totalmente diferente da posição otimista do governo Lula, de que o Brasil está à parte dos efeitos das crises financeiras. A preocupação do ministro Guido Mantega é um destes claros sinais de preocupação.
(Causa Operária Online)