*Joselício Junior
Estréio a minha coluna no Fato Expresso Online relatando um pouco o que foi a minha melhor tarde de domingo. Mas antes de tudo quero me apresentar, sou morador do Jardim Santo Eduardo, bairro da periferia de Embu das Artes, jornalista e militante do movimento negro, faço parte da entidade Círculo Palmarino. Esse espaço será dedicado a expor idéias sobre a temática racial e cultura popular de periferia.
Voltando a minha melhor tarde de domingo, no último dia 07 de novembro de 2010 o Círculo Palmarino e grupo de Hip Hop Anexo Verbal realizou a 7ª edição do projeto Ensaio Aberto Tardes de Domingo em parceria com o ProJovem Municipal. Por ser no primeiro final de semana de novembro este evento foi dedicado ao mês da Consciência Negra, mas o que eu não esperava é que seria uma tarde inesquecível.
O cenário é a Praça do Ginásio do Jardim Dom José, o tempo foi generoso, o sol brilhava no céu, na paisagem muitas crianças brincando, casais namorando, amigos conversando, alguns no bar assistindo o jogo, pessoas na sacada de suas casas, grafiteiros produzindo a sua arte, como trilha sonora o melhor da música Black, com muito samba-rock e hip hop, um clima perfeito, mas a tarde só estava começando.
Quando a comunidade menos esperava entre o final do jogo e o inicio dos programas de auditória da TV começam a rufar as alfaias anunciando a chegada do maracatu do grupo Umojá. Num primeiro momento olhares atentos e surpresos, o grupo saiu de dentro do ginásio e foi ganhando a praça, as crianças saíram correndo e passaram a acompanhar, quando chegaram na ponta da Praça já tinha um aglomerado de pessoas, várias saíram de suas casas, carros paravam para ver.
Logo em seguida o Umojá convidou a comunidade para dançar “Coco”. No começo as pessoas não sabiam muito como reagir, mas não demorou muito para rolar uma interação e o povo a começar a dançar; foi um cenário mágico, muitos manifestaram estar tendo contato com essa cultura pela primeira vez e se mostravam contagiados.
Esse momento sem dúvida marcou, mostrou que há espaço para a cultura popular na periferia, que as pessoas se identificam com ela e não estabelecem apenas a televisão como forma de contato com a cultura. Diferente da pequena burguesia que vê na cultural popular algo exótico, que deve ser apreciado com certo distanciamento, para o povo essas manifestações carregam outro significado, pois não tem medo de se entregar e interagir, mesmo sendo o seu primeiro contato.
Se em um primeiro momento a cultura assusta, principalmente aqueles que estão apenas acostumados a receber o que a cultura hegemônica impõe, ela também emancipa quando o sujeito percebe que ele pode construir a sua própria história. A cultura popular permite isso ao não estabelecer hierarquia entre o artista e o público, ambos são importantes para a construção do cenário.
Poder compartilhar e ajudar a construir um momento como este é de uma felicidade sem tamanho, e nesses momentos, uma frase que não sai da minha cabeça é um trecho da música “A Minha Alma” da banda “O Rappa”, quando diz “me abraça, me dê um beijo, faça um filho comigo, mas não me deixe sentar na poltrona num dia de Domingo”. Sem dúvida, essa foi a minha melhor tarde de domingo.
Joselicio Junior, mais conhecido como Juninho, 24 anos, morador do Jardim Santo Eduardo, Embu -SP, Jornalista, pós graduando em Mídia Informação e Cultura CELACC/ ECA-SP, membro da coordenação nacional do Círculo Palmarino. membro do Diretório Estadual do PSOL
Que legal você por aqui!
Mais um socialista neste jornal!
Abraço!
Bira Kuhlmann
Mano Juninho,
Parabens pelo mais novo espaço da resisitência negra na virtualidade, a partir de agora estarei sempre ligado pra saber das atividadades que rolam aí por sampa.
Abraços fraternos e axé,
Rui Santos
Belém – Pará