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Há uma difícil luta a ser travada em nosso dia a dia. O racismo é um câncer de nossa sociedade e devemos superá-lo. Aos não negros que querem entrar nessa trincheira (todos deveriam), recomendo, antes de tudo, a olharem para si mesmos. Por ser uma doença social e altamente contagiosa, freqüentemente nos atinge. Já me flagrei, confesso humildemente, cometendo esse grave erro, quase que acidentalmente. Não é fácil. Os maus exemplos estão aí, o tempo todo; até mesmo muitas das gírias, expressões da nossa língua são carregadas de racismo. Sou branco, minha companheira é negra. Se não sinto “na pele”, sou testemunha do que ela sente. Não é brinquedo, não. Está no cotidiano do negro e, mais grave, da negra, que sofre duplo preconceito, essa injustiça histórica. Não há um dia que se passe “em branco”, no mínimo um olhar torto, uma declaração contaminada ou uma porta fechada, acaba acontecendo. O Dia da Consciência Negra tem de servir para que todos os não-negros também tenham consciência do quão importante é a luta contra o racismo.
Há muito que se avançar nessa luta, embora não devemos desprezar as vitórias já alcançadas. Porém, enquanto não chegarmos à cura, não podemos esmorecer. Creio que essa cura somente virá com o Socialismo, pois é da natureza do Capital (dos seus donos, logicamente), submeter uns para favorecer outros. No entanto, combater esse preconceito odioso desde sempre é urgente. Basta verificarmos os salários pagos a pessoas que exercem a mesma atividade, e comparar essa remuneração de acordo com raça e gênero, para constatarmos o quão desigual é o tratamento; há inúmeras pesquisas confiáveis que retratam isso. Convém aos poderosos essa diferença.
Aquela procuradora aposentada que ficou famosa pelos maus tratos numa menina de apenas dois anos, dirigia-se aos seus empregados dizendo coisas do tipo “Isso aqui é comida de preto. Isso é serviço de preto”! Quantos outros mais não dizem e agem assim? Quantos agem assim, mas não dizem para não serem “descobertos”?
Existem muitos outros preconceitos a serem superados. A Umbanda e o Candomblé, entre outras religiões, são até hoje vistos como rituais satânicos pelos fundamentalistas cristãos. O bairrismo e a xenofobia estão na moda, nordestinos e bolivianos que o digam. A estúpida “estudante” de Direito que mandou matar nordestinos, que, segundo ela não são gente, não está presa! Recentemente um homossexual foi agredido covardemente na Av. Paulista, vítima da homofobia, por cinco mimados e asquerosos Pit Boys, que respondem ao processo em liberdade! O machismo ainda é uma triste realidade, exemplo disso foi a declaração repugnante daquele Juiz que foi “punido” com um afastamento muito bem remunerado. Ele afirmou que a lei Maria da Penha era um conjunto de regras diabólicas e que a desgraça humana começou com a mulher! É, estamos muito longe da sociedade que almejamos.
Através de Zumbi dos Palmares, minha homenagem a todos os negros e as negras na luta que, repito, não pode ser apenas deles, por um mundo sem racismo.
Bira Kuhlmann
Ubiratan Kuhlmann: bancário, militante sindical, universitário (atuária), músico, escritor, comunista, corinthiano, casado, pai de três meninos, velou a morte de um deles e de seu pai, Itagyba Kuhlmann.
bom dia caro Bira
que comentario fantastico,pela consciencia negra!
sou negro e convivo muito com isso,pode ate se dizer,que de alguma forma ja somos ate calejados por esses preconceitos.
mas ninguem(midia,cultura,e grandes informantes do sistema) sabe dizer e mostrar,que nosso pais se desenvolveu e cresceu nas costas do negro,do indio,do nordestino!!!e o pior de tudo é que o cidadão brasileiro em sua maior parte não quer assumir que carrega em suas caracteristicas,culturais e fisico corporais,as heranças de tais povos citados!ate o modo de falar do brasileiro é herança negra e outros,ou vão me dizer que falamos como os portugueses?!alias nossa lingua deveria se chamar neo-brasileiro!
abraços
Atila de Oliveira
Caro Atila,
Obrigado pelo retorno e, mais ainda, por enriquecer o debate, até porque, esconder ou, pior, duvidar da importância da cultura negra na própria cultura brasileira é outra manifestação do racismo.
Abraços,
Ubiratan (nome Tupi) Kuhlmann, mais um herdeiro desses povos!