Brasília – A equipe econômica do governo de Dilma Rousseff será apresentada na tarde de hoje (23) em uma entrevista coletiva no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em Brasília, onde está funcionando o governo de transição.
A presidenta eleita não participará do anúncio dos três titulares das pastas do Planejamento, Miriam Belchior; da Fazenda, Guido Mantega; e do Banco Central, Alexandre Tombini. A assessoria de Dilma divulgará uma nota com as considerações de Dilma.
O anúncio será será feito pelos coordenadores da transição José Eduardo Cardozo, José Eduardo Dutra, Antonio Palocci e o vice-presidente eleito, Michel Temer (PMDB).
Coordenadora do PAC é escolhida para assumir Planejamento
A atual coordenadora do principal programa de infraestrutura do governo foi a escolhida de Dilma Rousseff para ocupar a pasta do Planejamento. Miriam Belchior, 54 anos, é secretária executiva do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e esteve próxima à presidenta eleita durante a gestão de Dilma na Casa Civil.
Engenheira de alimentos, formada pela Universidade de Campinas (Unicamp), Miriam tem mestrado em Administração Pública e Governamental pela Escola de Administração de Companhias de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV). Desde 2001, Miriam é professora na Fundação para Pesquisa e Desenvolvimento da Administração, Contabilidade e Economia e no Departamento de Administração e Contabilidade Econômica na Universidade de São Paulo (USP).
Por dez anos, ela foi casada com o ex-prefeito de Santo André, Celso Daniel, assassinado em 2002. Os dois já estavam separados quando ele foi assassinado. Durante a gestão de Celso Daniel no município do ABC Paulista, Miriam foi secretária de Administração e Modernização nos dois primeiros anos do mandato. Depois, passou a ocupar a pasta da Inclusão Social e Habitação.
Como Dilma, a futura ministra do Planejamento integrou a equipe de transição em 2002, ano em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito pela primeira vez. Na época, Miram já contava com a confiança de Lula e, no primeiro governo, passou a ser assessora especial do presidente.
Em 2003, Miriam foi chamada pelo então ministro José Dirceu para a Casa Civil, onde passou a ocupar o cargo de subchefe de Avaliação e Monitoramento da pasta.
No início deste ano, quando Dilma deixou o cargo para se candidatar, Miriam chegou a ser cotada para assumir a pasta. Ela tinha a preferência de Lula. No entanto, Erenice Guerra assumiu o comando da Casa Civil e Miriam ficou na coordenação do PAC.
Envolvida em denúncias de tráfico de influência, Erenice Guerra deixou a Casa Civil durante a campanha de Dilma. Mesmo assim, Miriam não foi alçada ao cargo de ministra, que coube ao secretário executivo da pasta, Carlos Eduardo Esteves Lima.
(Por: Luciana Lima para a Agência Brasil)
Cotados
Permanece o mistério sobre o destino de Antonio Palocci, que ficou para ser divulgado noutro dia. Parte do PT queria-o na Saúde, longe do núcleo de decisão do Planalto. Para Palocci, o cargo não interessa: apesar de médico, há tempo essa não é sua praia, ela só seria discutível se ele pretendesse reiniciar a busca por um cargo executivo eletivo no futuro. Deve ficar com a Casa Civil, enfraquecida em relação ao que foi nos tempos de Dilma e José Dirceu, pois perderia, entre outras atribuições a coordenação do PAC – que irá, junto com Miriam Belchior, para o Planejamento. Pode também ficar na Secretaria-Geral, fortalecida em relação à atual.
Luciano Coutinho, cotado antes tanto para o BC quanto para a Fazenda, deve ficar mesmo no BNDES, o que não lhe causará qualquer desconforto. Sua relação com Dilma continuará excelente.
Fora da equipe econômica, para divulgação futura, parecem certas as participações de José Eduardo Martins Cardoso, Paulo Bernardo e Gilberto Carvalho. O primeiro, na Justiça. Bernardo, indefinido entre as mesmas áreas que Palocci. Carvalho na Secretaria Especial dos Direitos Humanos, no lugar de Paulo Vannuchi – que não vê a hora de voltar para São Paulo – ou na Secretaria-Geral.
Na chefia de gabinete da presidenta, sai Carvalho, entra Giles Azevedo, seu braço direito faz um tempão.
Na lista petista, nasceu a possibilidade de Alexandre Padilha, hoje nas Relações Institucionais, ir para a Saúde, pasta desdenhada pelo PMDB, que não vê em José Gomes Temporão alguém de sua cota.
O senador Aloizio Mercadante, que termina seu mandato neste ano, continua cotado para o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior no lugar do ministro Miguel Jorge, outro que considera encerrada sua contribuição com o Planalto.
Ainda na cota do PT, cresceram as especulações sobre o nome do futuro ministro das Cidades: pode ser José De Fillipi Júnior, ex-prefeito de Diadema e coordenador financeiro da campanha de Dilma. Este ministério, que no primeiro governo Lula era visto como algo estranho, ganhou muita importância nos últimos anos e existem muitos olhos em sua direção, petistas e peemedebistas. Certeza apenas é a que Márcio Fortes, atual ministro, do PP, não fica.
(Celso Marcondes, para a Carta Capital)