O Brasil vem desacelerando seu crescimento populacional, mas se aproxima dos 200 milhões de habitantes. Em São Paulo, o ritmo de crescimento é menor, e na Região Sudoeste a maioria das cidades cresceu menos que o esperado
Márcio Amêdola, para o Fato Expresso
O Brasil tem 190 milhões de habitantes, segundo dados do Censo 2010 divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta semana. Exatamente, o IBGE chegou aos números finais de 190.732.694 habitantes, contra 169.799.170 de 2000, num crescimento de 12,3% na década. O Estado de São Paulo cresceu 11,4%, saltando de 37.032.403 há dez anos (2000) para 41.252.160 habitantes em 2010. A cidade de São Paulo cresceu menos que o Brasil, proporcionalmente.
A Capital paulista, que em 2000 tinha 10.434.252 habitantes, agora tem 11.244.369. Segundo o IBGE, a cidade de São Paulo está ‘exportando’ moradores para a região metropolitana, o interior paulista e até ‘devolvendo’ antigos migrantes de outros Estados, que vem encontrando oportunidades de trabalho em novos centros industriais e comerciais do País, em razão de um desenvolvimento menos desigual na última década.
Na Região
Em termos regionais, os dados divulgados pelo IBGE dão conta de que a Região Sudoeste da Grande São Paulo cresceu 17,8% entre 2000 e 2010. A população aumentou em 112.103 habitantes, quase uma Itapecerica da Serra. Agora, a Região Sudoeste tem exatos 742.669 pessoas, mas estes dados começam a ser consultados pelos municípios.
Com 244 mil habitantes, Taboão da Serra desbancou Embu como a maior cidade da região em termos populacionais. Taboão teve um crescimento de 23,8% na década. Embu das Artes, por sua vez, com 240 mil habitantes, cresceu 15,6%, seguido de Itapecerica da Serra, com 152 mil habitantes (17,5%), Embu-Guaçu, com 62 mil (10,4%), Juquitiba, com 28 mil (8,6%), e por último, São Lourenço da Serra, com quase 14 mil (14,6% de crescimento na década), fechando a região Sudoeste.
Polêmica: menos verbas
O problema dos dados do Censo é que eles não batem com as estimativas populacionais do próprio IBGE, divulgadas em 2009, por meio projeções de crescimento usando como base de dados as estatísticas de crescimento médio da década anterior. Segundo o IBGE no ano passado, Embu teria 248.722 habitantes, mas o Censo 2010 encontrou 8 mil pessoas a menos. Já Taboão da Serra, que teria em 2009 apenas 227 mil habitantes, ‘saltou’ para mais de 244 mil. Os prefeitos das cidades mais prejudicadas, no caso São Lourenço da Serra, Itapecerica e Embu das Artes, temem perder verbas, já que o repasse do FPM – Fundo de Participação dos Municípios (Federal) tem como maior base a população. Se o povo ‘some’, parte das verbas também desaparece.
Recentemente o prefeito de São Lourenço da Serra, Capitão Lener do Nascimento Ribeiro declarou que a cidade seria profundamente prejudicada em repasses de verbas por causa da redução populacional causada pelo Censo. Ele chegou a afirmar que os dados estavam errados, diante do número de crianças atendidas na rede de ensino público, bem como dos eleitores registrados na cidade, quase a população total. São Lourenço, com cerca de 5 mil moradores a menos que o esperado, perderá milhões de reais por ano em repasses federais, e este seria um dos motivos da renúncia do prefeito ao cargo na semana passada, além de denúncias de irregularidades em seu governo.
Outra cidade que ‘perdeu’ mais de 9 mil habitantes foi Itapecerica da Serra, que também poderá ver suas verbas federais reduzidas para 2011, além de Embu, onde ‘sumiram’ cerca de 8 mil pessoas em relação às projeções do ano passado.
Na média a população regional ficou quase igual às projeções do ano passado, já que os dados de Taboão da Serra ‘puxaram’ os índices para cima. Em 2009 a população estimada era de apenas 227 mil, mas o Censo 2010 encontrou 244 mil moradores na cidade, praticamente ‘um São Lourenço’ a mais, aumentando a população em quase 17 mil pessoas somente de um ano para outro. Obviamente esse enorme contingente não se mudou para Taboão em apenas 12 meses. O que ocorreu foi uma verticalização ainda maior da cidade, que vem recebendo a construção de grandes condomínios nas imediações do Centro e do Shopping Taboão. O resultado é que a cidade com maior orçamento público da região vai abocanhar também a maior verba federal através do FPM nos próximos anos.
Veja no quadro comparativo as populações das seis cidades da região Sudoeste na última década, inclusive com a projeção de 2009 que causou toda a polêmica. Vale ressaltar que o Censo Geral, realizado a cada dez anos, tem maior valor estatístico do que as projeções anuais, que ao longo dos anos vão sendo distorcidas por falta de dados mais confiáveis, diante do crescimento anormal de algumas cidades, ou de sua retração, como aparenta ser o caso de São Lourenço da Serra.