*Entrevista a Márcio Amêndola de Oliveira – 25/02/2011 (10h às 11h30)
Márcio: Estou aqui com um artista radicado no Embu há mais de 30 anos, o Richard. Conte-me um pouco sobre você, onde nasceu, como chegou ao Brasil…
Richard: “Nasci em 17 de janeiro de 1953 na Alemanhã, numa pequena aldeia da cidade de Friburg. Cheguei em 1978 ao Brasil a convite da Igreja Católica, para realizar trabalhos de artes plásticas, a princípio ensinar pessoas aqui na nossa cidade a aprender forjaria, sou ferreiro artístico, de profissão. Tenho o orgulho de ter discípulos da minha arte aqui no Embu”.
Márcio: Qual o seu sobrenome?
Richard: “Meu nome é RICHARD CZUKEWITZ (soletrando).”
Márcio: Você é um alemão polonês?
Richard: “Porra, e daí??” (contrariado).
Márcio: Só pra saber, não se ofenda. Porque você escolheu Embu? Foi bem recebido quando veio morar aqui?
Richard: “Eu escolhi a cidade de Embu para morar e na verdade, me abraçaram. Lógico que hoje me sinto mais embuense do que alemão. Aqui ensinei muitas pessoas a trabalhar com o ferro, nunca fugi aqui de Embu. Passei a morar no Jd. Pinheirinho, para mim o bairro mais importante de Embu, onde ensinei muitas pessoas. Recebo crianças das escolas municipais, particulares e do Estado em meu atelier, para que vejam como é o trabalho de um ferreiro que trabalha com forja artística”.
Márcio: Fale um pouco sobre os seus trabalhos artísticos, seu processo de produção do trabalho em ferro.
Richard: “Fiz trabalhos de forjaria em arte sacra para várias igrejas, em nossa região, em São Paulo, e em Aparecida do Norte, na Basílica, onde fiz peças de círio pascal, castiçais com folhas de uva, e uma grade de 22 metros de comprimento, com folhas de uva banhadas a ouro. Este é um dos trabalhos de que mais me orgulho”.
“A forja é uma arte antiga, 500 anos antes de Cristo já existia o trabalho com ferro, de forma primitiva, mas já existia na Europa. Então, é uma arte ancestral”. O ferro é um processo… um minério que no Brasil vem das Minas Gerais. A gente encontra ferro através da vegetação, que tem cor diferente, ferruginosa. Aí a gente diz: aqui tem ferro… para colar ferro com outra peça de ferro, você derrete o ferro, joga água com enxofre, vira um cimento”.
Márcio: Você participa desde quando da feira de artes de Embu? Pretende ficar o resto da vida aqui?
Richard: “Desde 1978 participei da feira de artes de Embu, são 32 anos de vida nesta cidade, quero morrer aqui, me joguem no rio para os peixes comerem, mas tem de ser no nosso rio, o Embu Mirim. Meu desejo é igual do Panayotis. Temos um túmulo dos artistas, e lá em cima vamos todos jogar baralho”.
“Tenho peças minhas no Embu, a Viela das Lavadeiras é minha, o Convento Imaculada também tem peças minhas, e muitos dos meus trabalhos estão em mãos de particulares. A placa de Embu das Artes na Praça, com madeira e letras de ferro, é um trabalho meu”.
Márcio: Você tem família, filhos no Embu?
Richard: “Me casei no Embu, sou separado, mas tive duas filhas, uma infelizmente morreu, outra já tem 26 anos, a Camila, que trabalha na Secretaria de Educação de Embu”.
“Estive em Santa Fé do Sul com a Tônia do Embu para divulgar a nossa cidade lá. Fizemos uma série de trabalhos, a Tônia registrou, tem fotos desse trabalho lá”.
Márcio: Você me pediu pra falar comigo, para que eu publicasse sua opinião sobre um projeto da Prefeitura. Do que se trata?
Richard: “Quero que você registre isso. Fui muito bem recebido lá no Jardim Pinheirinho, no dia do projeto Cidadania em Ação**, no domingo do aniversário de Embu (20/02). Eu cheguei lá, tomei leite, bolo, frutas à vontade, não só eu, todo mundo teve o direito de comer naquela festa, produtos sadios feitos pelo pessoal do Banco de Alimentos. Mais tarde houve o almoço que também foi show de bola”.
“Senti uma felicidade de ver o povo que anda em panos de trapos, pessoas humildes, se divertindo, sendo atendidas, com a possibilidade de tirar documentos, RG, tinha médicos atendendo. O que foi legal também foi o policiamento da nossa Guarda Municipal, muito atenciosos”.
“(No dia do Cidadania em Ação) tinha no parque da Escola um local para as crianças aprenderem educação no trânsito, foi bonito ver aquilo e a Ciretran está de parabéns”.
**OBSERVAÇÃO: No dia 20 de fevereiro, como parte dos eventos relativos ao aniversário de 52 anos da Emancipação de Embu, a prefeitura organizou o Projeto Cidadania em Ação, no Jardim Pinheirinho, entre a Rua dos Coqueiros e Rua Carnaúba, em frente à Escola Estadual Maria Antonieta Martins de Almeida. Segundo informações do Site da Administração Municipal, o ‘Cidadania em Ação’ ofereceu “diversos serviços, entre eles: vacinação, medição de pressão arterial e diabetes, doação de cães e gatos, exame de papanicolau, cabeleireiro e manicure, emissão de carteira profissional, primeira via do documento de identidade (de 0 a 17 anos) e CPF, recreação para as crianças, assistência jurídica, previdenciária e atendimento do Procon, Mini-Cidade do Trânsito; emissão do Bilhete Eletrônico Municipal (de transporte público) e outros serviços.
(*Márcio Amêndola de Oliveira, para o www.fatoexpresso.com.br)