**Vitor da Trindade
Hoje em Marseille, num bar chamado Passarele, pra confraternizar, tem vinho Clos du Tue Boeuf Rouillon, que eu não sei o que significa, que também não bebi, mas as pessoas pós vinho, parecem muito mais charmosas do que antes de entrarmos.
Tem uma galera, moças e senhoras, cantando música com cara de balcans, mas com certeza são francesas fãs da Magda Pucci, cabeça do Grupo Mawaca; muito bem, ouvi dirigido por meu irmão Gabriel Levy, grupo fundado e assentado em Sampa, com muitos caminhos, como nós, de idas e vindas por esse mundão de meu Deus.
Pra mim tem água na jarrinha e queijos malcheirosos e muito bons de se comer, Je suis tres bien, merci. Decepção foi esperar por um fondant e o garcon dizer que não tinha mais chocolate, traição do acaso, chega a dar tristeza !!!!!!
Um povo, o daqui, estranhamente delicioso para as minhas referências de franceses, obtidas nas viagens anteriores a Paris. Pra falar a verdade, eu já tinha vindo à Cote d’Azur, mas sempre com aquela pressa de turnê, que muito vai e nada vê, só pra rimar.
Marseille na minha opinião, é meio samba rock e meio batidão, faz frio e já já faremos nosso show de estreia, melange de Revista do Samba com uma banda francesa que se chama Tante Hortense, lançando nosso disco, grande parte produzido aqui no Embu. Digo aqui, porque na Europa eu deixo meu coração em casa, só pra não dar mole pro enfarte, assim num ímpeto de fúria contra a indelicadeza tão natural dos inventores da civilização. O som vem com techno, samba, batidão, melancolia francesa e faniquitos cariocas de fevereiro, parece até com os sucos deliciosos de Elis, muita vitamina, muita coisa diferente, que só depois que se bebe é que a gente acredita que deu certo, tambem porque aí já é óbvio.
Agora sendo depois de amanhã, saímos de Marseille e estamos a caminho de Lille, norte da França, mais ou menos mil quilômetros de distância, cobertos por um TGV, train de grande vitesse, que quer dizer que é um trem muito bala, fazendo a viagem em apenas quatro horas e um pouquinho. Forma engraçada de viajar, trocamos a passagem de trem por algo que os franceses chamaram de show, no vagão restaurante do trem. Uma iniciativa bem bacana, que devia ser adotada no Brasil, pois de certa forma mostra respeito com a profissão de artista, mesmo apesar de ninguém mesmo estar lá para nos ouvir.
Nosso show de estreia ontem foi para um público de amigos no Cap 15 em Marseille; foi um show amoroso e calorento. O Cap 15, é um lugar legal, uma espécie de galpão de artes, com variados caminhos trilhados diferentemente, por dançarinos, músicos e até mesmo um casal que estava reformando um ônibus no peito e na raça para passearem pelo mundão. Disposição de europeu pra trabalhar num projeto doido e muito legal, inspira a gente…
Amigos nos recebem como amigos, por isso nosso teste real de qualidade vai ser agora em Lille para uma plateia de gente disposta a ouvir música, mas com senso crítico distanciado. No todo me sinto satisfeito com os resultados. A produção eu não estou acostumado, na realidade, com muitas falhas, me fez voltar ao início de meu trabalho como músico profissional, mas as pessoas na realidade não são produtoras, são músicos, alguns profissionais e outros amadores, que batalharam por um projeto e na medida do possível estão desenvolvendo, guerreiramente e ‘maestrosamente’, com todos os direitos de falhas que lhes são devidos. Às vezes me impaciento, mas tento não deixar transparecer, e algumas vezes não consigo e dou um pitizinho, mas só de leve.
No fim da noite, depois do show, teve baile, com músicas de todas as caras do world scene, foi muito gostoso e achei muitos pares interessantes para dançar, só que aumentou minha saudade de minha esposa muito pretinha e pernambucana que sempre sente pra onde eu vou no próximo passo e não tenta me carregar pro outro lado, nem tropeça nas minhas pernas.
De Marseille pouco vi, talvez na próxima semana quando volto para outro concerto, dessa vez em um lugar de show mesmo e infelizmente não podemos ter certeza de que os amigos irão de novo.
Até já!
De volta ao mesmo papel, aqui no Charles de Gaulle, aeroporto de Paris, embarcando para Berlin, pruns dias de folga com Giulinha e Susanne e um pocket concert solo em uma cidade chamada Celle, nos arredores de Hanover. Wunderbar.
O show lá em Lille, de onde saí de trem essa manhã, foi bacana, público relativamente grande pruma estreia fora de casa, uma canja de uns brasileiros e depois teve um jantar, muito chique, com costeleta de Carneiro, pra quem gosta, e pra mim um Salmão, com molho de cogumelos, e uma pequena torta de queijo e especiarias, sobremesa de chocolate e framboesa e um vinho muito bom, mas que não lembro o nome, bebi que só a zorra, e pra fechar teve uma talagada boa de cognac.
De Lille sei pouco, quase não vi, fui à igreja, rezei como se fosse católico, almocei, e fui pra estação de trem que ficava quase do lado do meu hotel. O mais legal foi ir a Armentieres, onde ficamos na primeira noite, e antes de ir para onde estávamos hospedados, demos só de marra uma passadinha na Bélgica e voltamos. Só na Europa mesmo. Gente, vamo ali rapidinho na Bélgica tomar uma cerveja?
*Vitor da Trindade tem 54 anos, é compositor e percussionista, tem 04 discos próprios gravados, vencedor do Premio Cultural Petrobras 2005, ex-professor da Landesmusikakademie de Berlin, Groove Zentrum fur Perkussion e Musikschule Schonenberg na Alemanha, já se apresentou em quatro continentes com o trio Revista do Samba, com lançamento do quinto CD, Revista Hortência do Samba, co-produção Brasil-França, previsto para março de 2011 em Marseille, Paris, Berlin e São Paulo. É professor de música e vice-presidente do Teatro Popular Solano Trindade.
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Ola!
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Abraços!
A. Oliveira.