A população de Embu respondeu bem à convocação do Plebiscito sobre a mudança do nome da cidade, decidindo por ‘Embu das Artes’ neste domingo, 1º de maio. Apurados 100% dos votos, segundo dados oficiais da Justiça Eleitoral, foram dados 74.450 votos ao ‘Sim’ (66,5%) e 37.578 votos ao ‘Não’ (33,5%). As abstenções de 53.896 eleitores (31,5%) foram consideradas normais, já que se tratou de uma eleição atípica, de voto único, ocorrida em um feriado, onde não faltaram imprevistos como a chuva e dois grandes eventos esportivos em São Paulo, além das comemorações do Dia do Trabalhador. Dos 171.305 eleitores registrados, apenas 2.091 (1,8%) votaram em branco e 3.290 votaram nulo (2,8%) que, somados aos votos válidos, indicaram que 117.409 eleitores prestigiaram o plebiscito com seu comparecimento, legitimando a maior consulta popular da história da cidade. O último plebiscito realizado na cidade antes deste havia sido o que decidiu sobre a Emancipação, em 1958, quando Embu separou-se de Itapecerica da Serra.
Periferia é mais ‘Sim’
Na 391ª Zona Eleitoral, dos bairros da periferia de Embu, surpreendentemente o ‘Sim’ foi ligeiramente melhor, com 37.636 votos (69,4% do total), contra 16.570 do ‘Não’ (30,6%). Nos bairros da região central, na Zona 341ª o ‘Sim’ recebeu menos votos que na periferia, proporcionalmente, com 36.814 votos (63,7% do total), contra 21.008 do ‘Não’ (36,3%)
Na urna eletrônica do plebiscito de domingo os eleitores tiveram de responder à pergunta: “Você é a favor da alteração do nome da cidade de ‘Embu’ para ‘Embu das Artes’?” A opção foi feita através da digitação 55 (SIM) ou 77 (NÃO), seguida da tecla CONFIRMA. Também houve a possibilidade do voto branco ou nulo, mas foram poucos os eleitores que usaram deste expediente.
A votação foi feita em 494 seções eleitorais, distribuídas em 71 locais de votação. Foram utilizados três mesários em cada mesa receptora de votos, totalizando quase 1,5 mil convocados, e apesar de algumas ausências, todas as urnas funcionaram sem incidentes.
O 53 mil eleitores ausentes terão de pagar multa nos Cartórios Eleitorais para a regularização de suas situações, já que o voto foi obrigatório. Os eleitores que não compareceram à votação terão 20 dias para justificar a ausência, ou seja até 21 de maio, tendo em vista que o calendário do plebiscito é reduzido. O plebiscito foi estimado em R$ 135.419,00 e os custos foram arcados pela municipalidade.
Oposição
A oposição na cidade ficou dividida quanto ao Plebiscito. Os partidos mais à esquerda, como o PSTU e o PSOL decidiram orientar o voto no ‘Não’ como forma de protesto contra a administração municipal, apesar da demanda pela mudança do nome de Embu não ter sido apenas do governo, mas de muitos segmentos da cidade, de empresários ligados à Acise (Associação Comercial) a entidades de bairros, lideranças políticas e religiosas, entre outras. Os artistas ficaram divididos quanto ao uso político do plebiscito, apesar da maioria apoiar o nome ‘Embu das Artes’ por tudo o que a arte representou na história da cidade.
Timidamente, alguns panfletos favoráveis ao ‘Não’ foram distribuídos pela cidade, mas o que prevaleceu mesmo foi a campanha do ‘Sim’, estampada em panfletos coloridos, ‘praguinhas’ e adesivos automotivos, com direito a comitê e carros de som, após uma campanha de arrecadação que promoveu até um almoço no Hotel Rancho Silvestre no mês passado.
Desde 2006 quando a Lei Orgânica Municipal havia sido reformada, um de seus primeiros artigos já previu que o nome oficial de Embu passa a ser ‘Embu das Artes’, porém como a mudança do nome só pode ocorrer por Lei Estadual e após consulta pública, somente agora Embu será ‘das Artes’ de fato e de direito.
Semelhança com eleições 2008
O Plebiscito deste domingo guardou grandes semelhanças com as eleições municipais realizadas em 2008. Na época o então candidato Chico Brito (PT) venceu a disputa alcançando 72.723 votos (59,6%), quase o mesmo número de votos obtidos agora pelo ‘Sim’ a Embu das Artes. Quanto ao principal candidato de oposição na época, Paulo Martins (PSDB), este atingiu 38.649 votos (31,7%), também quase a mesma votação do ‘Não’ no plebiscito. Ou seja, se alguém teve a idéia de usar o plebiscito do domingo para julgar o governo municipal, obteve das urnas uma resposta indicando que tudo permanece como estava em 2008. Porém, a baixa adesão da classe artística ao plebiscito, ou uma adesão discreta mostra uma espécie de ‘sinal amarelo’, indicando que o governo municipal deve realizar um movimento de aproximação maior com aqueles que fizeram e fazem Embu ser ‘das Artes’ todos os dias.
(Márcio Amêndola – com informações do TRE)