De acordo com a coordenadora da área de Controle de Armas da ONG Sou da Paz, Alice Ribeiro, esta edição da campanha deve facilitar a entrega das armas. Diferentemente das versões anteriores, desta vez não será exigida a identificação das pessoas que se desfizerem de suas armas.
“Para efeito de pesquisas, apenas dados como sexo e idade serão anotados”, explica. Com a entrega anônima, não importa saber de onde a arma veio, mas sim que ela será destruída. Alice conta também que a indenização pela arma será feita no momento da entrega e os valores variam entre 100 e 300 reais.
Vítimas e sobreviventes
A previsão inicial é de que a Campanha começasse em julho, mas foi antecipada devido ao episódio do mês passado num bairro da periferia do Rio, quando um atirador invadiu uma escola pública, matando e ferindo dezenas de crianças.
De acordo com a organização Sou da Paz, há 16 milhões de armas circulando no Brasil, das quais apenas dois milhões estariam em poder da polícia. Dentre os 14 milhões que estariam nas mãos de civis, apenas a metade seria registrada legalmente. A ONG denuncia que as armas acabam sendo usadas em homicídios, assaltos ou no narcotráfico. Segundo a entidade, no ano passado o país teve 35 mil vítimas fatais de armas de fogo – média de 95 por dia.
Durante a Campanha Nacional de Desarmamento realizada entre julho de 2004 e outubro de 2005, foram recolhidas quase 500 mil armas de fogo. A partir deste número, o relatório “Vidas poupadas – O Impacto do Desarmamento no Brasil”, da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), aponta que cinco mil vidas foram poupadas. A conclusão se baseia na redução de 15,2% no número de mortes por armas de fogo em 2004, com relação a 2003.
Lançamento
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, fez o lançamento oficial da Cevam na manhã de sexta, no Rio de Janeiro. A cerimônia teve a presença do governador Sérgio Cabral, do prefeito do Rio, Eduardo Paes, e de coordenadores do movimento Viva Rio, representando a sociedade civil.
Cardozo assistiu à fundição de mais de mil armas pelo Exército, na Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), em Volta Redonda, e anunciou a doação do valor correspondente ao aço obtido para o tratamento de vítimas de arma de fogo. Ele esteve acompanhado pela secretária nacional de Segurança Pública, Regina Miki, e do secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame.
(Por: Fábio M. Michel, Rede Brasil Atual / Com informações da agência Adital)
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