O economista Carlos Alberto Adão, personagem mais que conhecido em Taboão da Serra por suas campanhas folclóricas para deputado e vereador na cidade (sem jamais ter sido eleito), foi personagem involuntário dos escândalos de manipulação dos dados contábeis do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) ainda em fevereiro de 2011, antes da prisão do primeiro suspeito do maior caso de corrupção já descoberto na cidade.
No dia 21 de fevereiro, Carlos Adão foi à prefeitura para tentar obter uma segunda via do carnê de IPTU de um terreno seu localizado no lote 119 da quadra R-3 do Parque Laguna, do qual é proprietário. Estranhamente, o carnê normal não havia sido emitido, e Adão foi informado de que não havia registro na prefeitura daquele imóvel, como se nunca tivesse existido. Assustado com a possibilidade da perda do patrimônio, Adão foi à Delegacia de Polícia de Taboão da Serra e registrou o Boletim de Ocorrência número 1649/2011 na tentativa de preservar seus direitos.
Antes, no dia 28 de fevereiro, Carlos Adão enviou um ofício à prefeitura de Taboão da Serra, endereçado a uma funcionária do Departamento de Cadastro, exigindo que seu imóvel ‘reaparecesse’ nos sistemas da prefeitura, encaminhando cópias do carnê de 2008, da escritura do terreno, registrada no cartório de imóveis de Itapecerica da Serra e outros documentos. No Ofício à prefeitura, Adão disse que o sumiço de terrenos “não é usual”, e que “fui informado que há prefeituras em que se dá tal fato, para transferência de propriedades, no caso do verdadeiro dono não reclamar”, ou seja, existe a possibilidade, segundo suas suspeitas, de que em muitas prefeituras, imóveis abandonados e sem pagamento de impostos, sejam ‘surrupiados’ por funcionários públicos inescrupulosos e com acesso às senhas do sistema, ao invés de serem levados a leilão, para o ressarcimento de impostos em atraso.
Adão também esbarrou forte nos escândalos que depois se seguiriam em Taboão, ao afirmar em seu ofício à prefeitura, que “um determinado cidadão disse que era possível pagar IPTU em atraso no Taboão com desconto de até 50% e que a dívida era baixada no sistema, não receberia comprovante de pagamento, mas poderia tirar uma certidão negativa e nada constaria”. De fato, posteriormente, esta foi uma das modalidades de corrupção revelada pela Polícia Civil de Taboão da Serra.
Ao final de seu ofício à prefeitura, Carlos Adão fez uma observação final: “Espero que sejam feitas buscas para a verdadeira motivação deste acontecimento, que é no mínimo, BIZARRO”. O economista distribuiu cópias de sua reclamação ao prefeito Evilásio Farias, à vice-prefeita Márcia Regina, aos secretários municipais Maruzan Corado e João Melo, e aos vereadores numa Sessão da Câmara, mas foi ignorado. A polícia de Taboão da Serra, ao que tudo indica, não o ignorou.
(Márcio Amêndola, para o Fato Expresso)
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