Estudantes e coordenadores de um cursinho comunitário da Grande São Paulo, ligado à Uneafro Brasil, pediram a devolução aos cofres públicos de quase R$ 380 mil. Esse valor foi captado – por meio de renúncia fiscal – pelo colégio Dante Alighieri, após autorização do Ministério dos Esportes. Com sede nos Jardins, na capital paulista, a instituição é voltada para um público de alta renda.
A direção da escola informou ao jornal Folha de S. Paulo que o valor foi aplicado na realização dos jogos olímpicos internos. A abertura contou com um show musical, além da participação de atletas renomados. O educador popular Adervaldo dos Santos considera que, embora não exista ilegalidade, a liberação dos recursos não se justifica.
“Nós reagimos com indignação, frente a privações diversas que passamos. Esse dinheiro poderia ser revertido para transformar vidas e não para divertir meia-dúzia de pessoas que nem precisam disso. Eu vejo como um capricho por parte da escola: ‘a gente não precisa, mas a gente pode, a Lei permite, então a gente faz’”.
Considerado um dos mais tradicionais de São Paulo, o colégio Dante completa um século neste ano. O valor total a ser arrecadado com apoio público é de quase R$ 430 mil e pagará uniformes, arbitragem e cobertura das quadras esportivas.
Adervaldo defende outra aplicação. “O próprio diretor admitiu que não tinha necessidade. Logo, esse dinheiro deveria voltar para os cofres públicos para ter uma destinação adequada. Eles poderiam até investir esse dinheiro no público que realmente precisa, que seria na periferia, em núcleos de educação de base, em alfabetização de adultos”.
No mês de março, artistas de todo o país reagiram com indignação depois que a cantora Maria Bethania recebeu autorização para captar R$ 1,3 milhão. Contemplado pela Lei Rouanet, o projeto prevê a criação de um blog de poesias da artista. (De São Paulo, da Radioagência NP, Jorge Américo).