Por Alexandre Oliveira
As tradições milenar e contemporânea japonesas começam a ser evidenciadas no município de Embu das Artes. Acompanhando seus antecessores, a comunidade nipônica da cidade celebra no mês de junho suas tradições e reverencia a vinda de seus antepassados ao Brasil, em especial os que se instalaram na região de M’Boy (antigo vilarejo que passou a se chamar Embu) e hoje reúne uma das mais antigas comunidades orientais do Brasil.
Inaugurada na sexta-feira, 10, a Semana da Cultura Japonesa que congregará diversas atividades, foi a primeira mostra ao público que compareceu no Centro Cultural Mestre Assis de Embu, do esplendor da arte milenar oriental, com a apresentação de tambores (Taiko) e a saudação de políticos e lideranças da região em homenagem à comunidade que ajudou na consolidação do município através dos anos.
Comandada pelo secretário de Cultura de Embu, Paulo Oliveira a abertura do evento que já está em sua terceira edição, reuniu diversas personalidades do município, entre elas o vice-presidente da Federação das Associações de Províncias do Japão no Brasil (KENREN), Yasuo Yamada, o prefeito Chico Brito, o presidente da Câmara Municipal, Silvino Bomfim, Paulo Giannini representando os secretários do município, Sadao Nagata, representante da comissão organizadora do evento e presidente da Associação Embu-Hino, Iara Capaccioli, gerente da Caixa Econômica Federal da cidade, patrocinadora do evento deste ano, e o Deputado Estadual Geraldo Cruz (PT).
Segundo Sadao Nagata, representante da comissão organizadora da Semana nipônica em Embu, a imigração japonesa que ajudou na construção dos alicerces do município, data de 1915, com a concentração de agricultores orientais de horticultura. Para Sadao, Embu é uma cidade privilegiada, pois foi sede de uma das primeiras escolas agrícolas japonesas (Kaiko) que comprou à época a fazenda Santa Emilia que existia na região entre os atuais bairros Santa Clara e Ressaca.
O presidente da Câmara, vereador Silvino Bomfim lembrou que a cidade de Embu das Artes é fruto de uma grande miscigenação, tanto de raças como de culturas, e que isto é muito bom para o desenvolvimento cultural e social da cidade. Deu como exemplo Raquel Trindade, emocionada com a presença de seu neto André no grupo de Taiko. O jovem, além de descendente de Raquel, negra, é também bisneto de japoneses da família Imamura, uma das mais antigas de Embu.
Em sua fala, o secretário de Cultura, Paulo Oliveira evidenciou, segundo ele, três momentos que caracterizam a Semana da Cultura Japonesa no Embu e são de extrema importância. “Há três momentos importantes na Semana que eu convido a todos em se fazerem presentes. O primeiro é o dia de hoje, na abertura, e junto com isso a abertura da exposição de arte que vamos apreciar. O segundo momento que eu quero chamar a atenção é na próxima quarta-feira, dia 15/6, onde às 19h acontecerá a Sessão Solene da Câmara Municipal com homenagens para personagens da comunidade japonesa com sua atuação na construção e consolidação do município, e em terceiro lugar é a abertura do evento cultural Anima Embu, dedicado aos jovens e amantes dos desenhos japoneses que se realiza no Parque Francisco Rizzo (Parque do Lago) e a grande exposição e venda de orquídeas e bromélias que compõem a Semana”, descreveu o secretário Paulo Oliveira.
Geraldo Cruz em seu pronunciamento pediu que a organização providenciasse para as próximas edições que representantes da comunidade nipônica ocupassem a mesas para testemunharem suas experiências no seu convívio diário com o município, particularmente as mulheres. “Eu queria mesmo é ouvir qual é a emoção das Nisseis (filhas de japoneses) aqui presentes quando vêem uma homenagem como essa? Elas podiam falar para nós para aprendermos mais sobre essa cultura que é tão rica de um povo lutador”, disse Geraldo Cruz.
Chico Brito relembrou dos esforços empenhados em meados de 2001 para que fossem executadas políticas de fomento para a consolidação da Feira de orquídeas na cidade, que é umas das experiências que fundamentaram a criação da Semana da Cultura Japonesa no município. “Em maio de 2001 nós organizamos lá na Câmara Municipal o primeiro seminário de desenvolvimento em áreas de mananciais e cabia tudo naquele seminário. E isso foi importante porque aquele seminário deu muito ânimo tanto para nós do governo, como para os produtores da nossa cidade e da região. A partir daí nós começamos a resgatar o Festival de Flores e Plantas Ornamentais e depois, a partir de 2008, a Semana da Cultura Japonesa”, colocou Chico Brito.
Ele finalizou sua fala na mesa que deu início à Semana da Cultura Japonesa com novidades sobre a agricultura familiar no município. “O Sadao Nagata nesse processo de revisão do Plano Diretor do município acompanhou um grupo de agricultores reivindicando que a nossa cidade tenha áreas de interesse rural para atividades de agricultura, isso onde já conste a atividade. E nós temos produtores na nossa cidade que não podem, por exemplo, vender seus produtos para a alimentação escolar contemplando o decreto sobre a necessidade dos municípios em comprarem 30% de seus alimentos de produtores da agricultura familiar. E nossos produtores não podem, tanto daqui quanto da região, como Itapecerica da Serra, venderem paras as prefeituras, porque a região transformou-se em região urbana. E no plano diretor nós iremos rever esse processo” anunciou o prefeito.
A programação da Semana da cultura japonesa segue com suas atividades até o domingo, 19 de junho, com o encerramento do Anima Embu e a Feira de Flores e Orquídeas no Parque Rizzo. A Exposição Nikei Arte Kraft, sob curadoria do artista Paulo Dud, que estará durante toda a semana no Centro Cultural Mestre Assis de Embu tem entrada gratuita e este ano homenageia Kinosuke Arimizu (1917-1982) que veio de Kunamoto (Japão) para o Brasil em 1936, participando da Feira de Embu das Artes de 1972 a 1980. No mesmo local está exposta uma mostra de fotos históricas da imigração japonesa no Embu, cobrindo eventos e personagens retratados entre os anos 1920 e 1970. As fotos históricas são parte de um trabalho que vem sendo desenvolvido pelo historiador e jornalista Márcio Amêndola.
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