Allan Robert P. J.
Santo Antonino era um centurião romano que cometeu o erro de se converter ao cristianismo quando o Império o proibia. Como punição, foi decapitado em Travo, na província de Piacenza, no ano de 303. Dez anos depois Constantino decretou o cristianismo como sendo a religião oficial do Império. Viveu à frente do seu tempo, dirão alguns. Nasceu antes, como preferem muitos.
Santonëin, no dialeto piacentino, é o santo padroeiro de Piacenza e o seu culto iniciou já no século seguinte à sua morte. A primeira catedral de Piacenza foi dedicada a ele – hoje a catedral é uma outra, dedicada a Santa Giustina e à Virgem Maria – e ocupa a antiga igreja dedicada a San Vittore, construída no século IV e restaurada nos séculos IX e XI. A nova catedral foi construída na Piazza Duomo, a uns duzentos metros da atual basílica de Santo Antonino, uma de frente para a outra.
Uma estátua do santo ocupa um lugar de destaque do centro de Piacenza e, curiosidade, gira sobre o pedestal dando uma volta completa a cada quatro horas. O santo continua vigilante. A Feira de Santo Antonino vem tomando conta do centro da cidade e cresce a cada ano. O número de turistas, também.
Vittricio di Rouen já o citara no seu “De Laude Sanctorum” no final do século IV, mas o primeiro documento oficial da Igreja é o “Gesta Sanctorum Antonini, Victoris, Opilii et Gregorii PP. X” do século IX. A realidade é que pouco se sabe sobre o soldado da temida e famosa Legião Tebéa. Nada sobre a sua origem ou sua vida antes da conversão. Até mesmo o local da sua tumba provocou confusão, tendo sido por um longo tempo o centro de uma polêmica entre Piacenza e Borgotaro, na província de Parma. Hoje se sabe que os restos sepultos em Borgotaro são de um outro Antonino, também um santo mártir, como outros seis antoninos – era um nome muito comum aos santos mártires, ao que parece.
Travo tornou-se um lugar meio místico e o rio Trebbia, às margens do vilarejo, goza de uma aura sacra; Piacenza e Borgotaro vivem em paz, cultuando os seus próprios santos; os comerciantes enchem as burras no dia da feira de Santo Antonino; o prefeito e autoridades levam velas especiais à basílica no dia 4 de Julho; o trânsito vira um inferno (ops!) por causa da festa.
…Até que um novo Constantino toque na manivela que faz girar a roda da história.
**Allan Robert P. J., carioca de nascimento, tem 51 anos, viveu em Embu (SP) por quase duas décadas e lá se casou com Eloá, em 1987. Mudou para Salvador (BA) onde estudou Economia e o casal teve duas filhas. De lá, foram para a Itália, onde vivem atualmente. Allan é micro empresário do ramo automotivo, e Eloá trabalha no ramo de alimentação. Ambos têm raízes (amigos e parentes) na ‘ponte’ Embu-Assis-SP. Allan é irmão dos advogados Bruce P. J. e Dawidson P. J., radicados em Embu. Dawidson já foi do primeiro escalão da Assessoria Jurídica da Prefeitura de Embu no governo Geraldo Puccini Junior (1993-96), e ambos já participaram da diretoria da subsecção da OAB de Embu”.