Frases foram deixadas há 52 anos por trabalhadores que construíram o Congresso Nacional
Brasília – Oculto por mais de 50 anos, foi descoberto na segunda-feira (8/8), por servidores terceirizados da Câmara, um fosso fechado por concreto, que data da construção do prédio do Congresso Nacional em 1959, antes da inauguração da nova capital, em 1960. Na parede de concreto do fosso, foram encontradas mensagens deixadas pelos trabalhadores da obra, conhecidos entre 1956 e 1960 como ‘Candangos’, vindos de todas as partes do Brasil para a construção da nova Capital Federal, idealizada pelo presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira e projetada por Oscar Niemayer e Lúcio Costa.
Esperança nos “brasileiros de amanhã”
As frases dos trabalhadores, de maneira simples e direta expressam o sentimento político daqueles operários e falam da solidão e da esperança no futuro: “Que os homens de amanhã que aqui vierem tenham a compaixão dos nossos filhos e que a lei se cumpra” (frase de José Silva Guerra); “Duraleques CE de lequis”; “Si todos brasileiros focem digninos de honra e honestidade, teríamos um Brazil bem melhor. Só temos uma esperança nos brasileiros de amanhã. Brazil de hoje, Brazil de amanhã”; “Amor, palavra sublime que domina qualquer ser humano”.
Uma busca nos arquivos da Câmara leva ao nome de José Silva Guerra, autor de uma das frases em meio a uma lista com dezenas de operários que trabalharam na construção do prédio. É uma relação dos salários pagos pela “Empreza Brasileira de Engenharia S.A.” em março de 1959. Naquele mês, Guerra trabalhou 208 horas normais e fez 98 horas extras no mês. Contando sete dias de serviço na semana, dá uma média em torno de dez horas por dia.
Pela carga horária, o salário dele de Cr$ 4.000,00, foi incrementado. Ele recebeu Cr$ 13.314,40, em torno de dois salários mínimos, considerando dados do Dieese que registram o mínimo de R$ 5.900,00 na época. Muito pouco, para quem construiu a Capital de um País.
O presidente da Câmara, deputado Marco Maia (PT-RS), acompanhado de assessores, visitou o local e elogiou a descoberta destacando a sensibilidade das pessoas que fizeram a descoberta histórica e comunicaram o fato à direção da Câmara.
“Lição para os brasileiros”
Ao comentar as mensagens deixadas pelos operários que construíram o Congresso Nacional, Marco Maia destacou que o conteúdo das mensagens manifesta o amor dos trabalhadores pelo país e serve como lição para os brasileiros de ontem, hoje e amanhã. “Todos os que aqui passaram contribuíram para que o Brasil seja um país melhor. E o Brasil pode melhorar para a nossa gente. As frases valem para os políticos que passaram, para os que estão aqui e para os que virão”.
O presidente da Câmara disse ainda que vai solicitar a orientação de órgãos ligados à preservação do patrimônio cultural para que façam uma avaliação do achado e que destinação deva ser dada ao local e aos textos registrados. Também foram encontradas ferramentas, materiais de construção e até coisas prosaicas, como um tubo de pasta de dentes ‘Gessy’.
A descoberta histórica aconteceu quando funcionários de uma firma terceirizada tentavam localizar a origem de um vazamento que atingia o Salão Verde da Câmara. As mensagens deixadas pelos trabalhadores estão abaixo da plataforma de concreto que sustenta as duas cúpulas do Congresso Nacional.
(Iolando Lourenço, Repórter da Agência Brasil / Informações adicionais da Agência Estado)
Oi, amigos/as!
Então! Parabéns pelo belo trabalho que realizam neste espaço virtual. Obrigado por nos servirem com as informações e com a arte que neste é encontrado.
Sim! A minha intenção com o e-mail é também SOLICITAR AUTORIZAÇÃO PARA PUBLICAR A FOTO DESTA NOTÍCIA
“Descobertas mensagens de operários que construíram Brasília”
… onde temos as frases dos candangos que construíram Brasília.
Posso publicar no livro que estou por enviar à editora nos próximos dias?
Caso necessitem de maiores informações e esclarecimentos, enviem um e-mail (marconi1113@hotmail.com). Ou enviem por e-mail um número de telefone que estabelecerei comunicação para explicar cada detalhe do projeto.
Um forte abraço.
Marconi Moura de Lima
Escritor (autor de “Antologia Dispersa-da Viva”, Editora Scortecci, 2009… ver na página da Livraria Cultura)
Meu nome é José Denes Mesquita Guerra e sou um dos 12 filhos do operário JOSÉ SILVA GUERRA.
Fiquei emocionado e feliz com a descoberta das escritas de meu pai, e tenho a dizer que tenho esperança que as autoridades desse País pelo menos hoje reconheçam a importância desses trabalhadores na nossa história, e que em recompensa por esta histopria de luta, proporcioname a seus filhos pelo menos uma oportunidade de estudo universitário em uma de suas universidades públicas.
Meu pai teve 12 filhos, dos quais apenas uma atingiu graduação universitária, com seus próprios recursos. Ele criou seus doze filhos com muito trabalho e dificuldades pois uma família composta de 14 membros não é facil sustentar com dois salários mínimos…trabalhava 12, 14 horas por dia. Me orgulho muito dem meu queridopai, JOSÉ GUERRA, homem humilde, mas de visão e caráter, e confiança nesse nosso País. Ele criou 12 filhos, e formou todos com o seu caráter brilhante. Faleceu há um ano, em setembro de 2.010, sem ter acesso a uma assistência médica digna, recebendo um benefício previdenciario no valor de UM SALÁRIO MINIMO. Mal era suficiente para cobrir os gastos com seus rémédios. Esta é a cara do nosso País!