Deputado do PCdoB (SP) participa de debate da Fiesp em São Paulo ao lado de Kátia Abreu (DEM-TO)
São Paulo – O deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB) voltou a defender que a aprovação das alterações do Código Florestal, das quais é o relator, é boa porque privilegia a produção agrícola. Na manhã desta segunda-feira (15), em São Paulo, ele disse que a vitória obtida em maio passado do bloco de deputados que defende a reforma do código foi “não (uma vitória) dos ruralistas, mas dos agricultores, que confiaram na mediação do Congresso”. E sentenciou: “ONGs aventureiras não conseguiram e não conseguirão intimidar o Congresso e os agricultores.”
Alinhado com Fiesp e CNA
Rebelo participou do debate “Reforma do Código Florestal”, promovido pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), ao lado da senadora Katia Abreu (ex-DEM-TO), presidente da Confederação Nacional dos Agricultores (CNA). O evento debateu aspectos políticos, sociais, econômicos e ambientais da construção do novo código sobre o tema.
Vista pela bancada ruralista como o tema mais importante a ser votado no ano, a mudança da legislação a respeito da proteção de florestas e áreas de preservação permanente foi duramente criticada por ONGs ambientalistas, além da comunidade científica e de alguns setores ligados à agricultura familiar. Rebelo propôs um relatório alinhado às expectativas dos representantes do agronegócio e, na hora da votação, os ruralistas ainda impuseram derrota ao governo, ao permitir que cada estado legisle sobre o tema.
Aldo Rebelo disse que o texto que propõe o novo código é uma defesa, principalmente, dos pequenos e médios agricultores. Para ele, as normas sobre preservação não podem basear-se ou subordinar-se a decisões de ONGs que, segundo ele, “querem a todo custo barrar uma lei que defende o equilíbrio entre agricultura e meio ambiente”. “É uma insensatez o poder de estado que essas ONGs têm hoje no Brasil”. Segundo ele, é inadmissível que entidades tenham cadeira no Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama). Ele deu como exemplo o Greenpeace, e disse que sua presença em alguns conselhos de meio ambiente é “desnecessária”.
Na abertura do evento, Rebelo recebeu, do diretor-titular do Departamento do Agronegócio (Deagro) da Fiesp, Benedito da Silva Ferreira, a qualificação de um “conhecedor da realidade no campo”. O deputado comparou a situação de países africanos – que atualmente enfrentam a pior seca das últimas décadas e sofrem com a escassez de alimentos – com a do o Brasil no futuro, caso a legislaçao ambiental permaneça sem as alterações que ele advoga. “É esse o destino que queremos aqui? Campos de refugiados esperando ajuda alimentar das Nações Unidas?”, profetiza.
Para o deputado, a produção de alimentos que o mercado nacional e internacional espera do Brasil poderá sofrer quebras futuramente, caso sejam mantidas as atuais restrições para o uso com fins econômicos do solo, rios e florestas do país.
Marina quer veto de Dilma
Em entrevista à Radioagência NP, a ex-senadora Marina Silva acredita que o debate no Senado sobre o projeto que altera o Código Florestal será mais qualificado. Para ela, a opinião pública e os estudos realizados pela comunidade científica serão fundamentais na decisão dos 81 senadores. A senadora reforça ainda que se as propostas defendidas pelo governo não forem reposicionadas “caberá à sociedade dar apoio e sustentação para a presidente Dilma vetar o texto”.
(Por: Virginia Toledo, Rede Brasil Atual)