Artista imigrado do Japão morre na cidade de Embu das Artes, onde permaneceu por 42 anos
Embu das Artes perdeu um de seus grandes. Reconhecido como um dos expoentes da arte naif na América Latina por sua técnica apurada e a expressividade de seus quadros, Iwao Nakajima faleceu na sexta, 2 de setembro, após um derrame cerebral aos 77 anos. O artista foi velado no Memorial Parque Paulista por amigos e familiares no sábado (3/9), onde foi realizada uma cerimônia budista em sua homenagem, às 14 horas. Após a homenagem, o corpo foi encaminhado para cremação.
Nakajima chegou a Embu em 1969, inspirado pelo terracotista Tadakiyo Sakai a permanecer na terra que congregava artistas de todas as naturezas. Ele que imigrara para o Brasil em 1956, permanecendo no município de Mauá, acreditou que sua obra poderia agregar ao pequeno vilarejo cortado por um rio de águas claras e vivido por outros expoentes das artes, que tornavam o lugar um recanto de expressividade poética.
Nakajima teve o seu reconhecimento sem ser totalmente reconhecido na cidade que escolheu para viver e produzir sua arte. Diversos prêmios foram conquistados pelo artista, a grande maioria em certames realizados fora da cidade e até no exterior. Participou do 44° Salão Paulista de Belas Artes – SP, adquirindo o prêmio ‘Governador do Estado’ em 1980. Em 1987 participou da Exposição: “Out-Door-Show”, em Nova York (EUA), ganhando o 3° lugar da premiação. Em 2001 foi condecorado com o primeiro lugar do 1° Salão “Brasil Folclore” em São Paulo.
Como última homenagem, recebeu a Comenda de Mérito Legislativa Padre Belchior de Pontes, da Câmara Municipal de Embu das Artes, em junho de 2011, em respeito à projeção de proporcionou a Embu com sua obra singular.
(Por Alexandre Oliveira)
A essência da pintura naif de Iwao Nakajima
Por Emanuel Von Lauenstein Massarani*
Por uma necessidade de evasão e de reconstrução dos valores mais íntimos e fecundos, descobre-se inicialmente a pintura naif pela intuição, depois nos envolvemos conscientemente. No caso do artista Iwao Nakajima, a essência de sua pintura naif repousa sobre uma substância poética própria. O pintor é muitas vezes um poeta que escreve poesia com pincel: uma poesia ingênua e pura, que tem suas raízes na memória, na sensação íntima da própria realidade.
Assumindo tantos tons de tristeza ou de alegria, e das sensações as mais variadas, a sua é sempre uma poesia feliz porque vital. Ao abrigo de todo o sistema, o autor se coloca frente à natureza e a interpreta como a vê, sem nada mais.
Servindo-se de dons autênticos, baseados numa sólida técnica, o artista joga as cores com sutileza e de preferência se exprime através de delicadas passagens harmônicas que outras vezes traduz tons vivos. Os quadros de Nakajima nos transportam num mundo que se encontra nos confins da memória. As cenas que estão neles representadas constituem-se de fragmentos e retalhos que vêm à mente e são reunidos num espaço que apesar de tudo, é terrestre.
Suas obras transmitem uma atmosfera impregnada de símbolos. Entrelaçadas florescências e cromatismos alusivos fazem desabrochar situações e sentimentos onde se travam os desejos de uma ativa participação tão diferente da rotina de nossos dias.
“Nakajima repousa sobre sua própria substância poética”.
*Emanuel Von Lauenstein Massarani é crítico de arte e Superintendente do Patrimônio Cultural da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo.
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Participei do 1º Salão Brasil Folclore, em São Paulo no Shoping “Lar Center Norte”, em 2001 e pude conhecer Iwao Nakajima e sua Obra condecorada em 1º lugar. Fico a máxima: “o artista vai mas sua obra fica para sempre”.
Iwao Nakagima registrou momentos de grande singeleza da vida do Paulistano.Sou mineira , de Divinópolis.