O misterioso assessor do PSDB que teria sumido com R$ 4 milhões do caixa dois da campanha de Serra, volta à tona
Nas últimas semanas, o engenheiro Paulo Vieira de Souza tem sido a principal dor de cabeça da cúpula tucana. Souza, também conhecido como Paulo Preto, teria arrecadado pelo menos R$ 4 milhões para a campanha de José Serra em 2010 e sumido com o dinheiro do caixa dois dos tucanos. Ele foi da empresa pública Desenvolvimento Rodoviário S/A (Dersa) no governo José Serra.
Por se tratar de dinheiro arrecadado ilegalmente, sem origem declarada, o partido sequer teria como montar um processo judicial. Ainda assim, poderia abandonar Paulo Preto à própria sorte de ter de responder a investigações movidas pelo Ministério Público, por exemplo. Por isso, Paulo Preto mandou um recado ameaçador para José Serra: “Não se larga um líder ferido na estrada, não cometam esse erro”.
Serra não ouviu, Paulo Preto parece não ter gostado dos movimentos que viu a seguir da parte do PSDB, e moveu ação contra o vice-presidente da legenda, Eduardo Jorge por danos morais e pleiteia R$ 1 milhão a título de indenização.
A causa da briga na justiça é uma entrevista que o tucano Eduardo Jorge concedeu a uma revista semanal (ou teria concedido, já que há desmentidos nesse sentido), em agosto do ano passado, na qual se revelou o tal sumiço. Paulo Vieira teria dado sumiço em R$ 4 milhões arrecadados ilegalmente para a campanha do partido à Presidência da República.
Os dois, Eduardo e Paulo encontraram-se na segunda-feira (7 de novembro) em audiência na 29.ª Vara Cível do Fórum João Mendes, em São Paulo para tentar um acordo, segundo informa o jornal ‘O Estado de S. Paulo’. Nem um nem outro aceitaram a proposta e a audiência de instrução prosseguiu.
Foram cinco testemunhas do lado do autor. Aloysio Nunes Ferreira, senador por São Paulo, em situação insólita, por ser amigo de ambas as partes.
Aloysio poderia ter feito valer suas prerrogativas para depor no Senado, mas preferiu dispensar o privilégio e comparecer.
Sem CPI para esclarecer o caso
Em 2010, a base de José Serra impediu três vezes o depoimento de Paulo Preto à Comissão de Transportes da Assembleia paulista, que investigava as obras do Rodoanel. A convocação do ex-diretor da Dersa esteve em pauta entre dezembro de 2009 e fevereiro de 2010. Acabou definitivamente rejeitada em 12 de maio do ano passado.
Os tucanos Orlando Morando, qualificado por Paulo Preto como “brilhante” no evento em que este recebeu o título de “Engenheiro do Ano”, e João Caramez, também reverenciado na solenidade, foram autores dos pedidos de vista que barraram o depoimento de “Paulo Preto”, que agora parece que vai dar dor de cabeça para a campanha de Serra em 2012. A conferir.
Desabamento das vigas do Rodoanel
Durante a campanha eleitoral, José Serra chegou a dizer que nunca viu, nem conhecia Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto. Pouco depois, diante da divulgação de fotos onde Serra aparecia com Paulo Vieira e operários numa obra, Serra voltou atrás.
O Jornal Fato Expresso acompanhou a vistoria de José Serra, então governador, ao local do acidente com as vigas do Rodoanel, em 11 de novembro de 2009. Na ocasião, Paulo Vieira de Souza, que ocupava o cargo de Diretor de Engenharia da DERSA e era o coordenador das obras do Rodoanel, apareceu ao lado de Serra, quando dava entrevistas à imprensa.
Por um milagre ninguém morreu no acidente. Quatro vigas mal feitas e mal colocadas desabaram sobre a BR-116, esmagando dois carros e um caminhão. Os motoristas dos três veículos sobreviveram. O escândalo das obras do Rodoanel e a pressão do governador Serra para que fossem feitas às pressas (para uso na campanha eleitoral), assim como as obras do Metrô, que causaram o acidente com 7 mortos, na estação Pinheiros, cujo túnel desabou, foram alguns dos fatores que levaram à derrota de Serra na campanha eleitoral de 2010.
(*Por: Helena Sthephanowitz, especial para a Rede Brasil Atual, com informações complementares e foto de Márcio Amêndola, Fato Expresso)