Secretário-executivo assumirá o cargo em caráter interino, até reforma ministerial de janeiro
São Paulo – A presidenta Dilma Rousseff aceitou o pedido de demissão apresentado na noite de domingo (4/12) pelo ministro do Trabalho, Carlos Lupi. De acordo com informações da Secretaria de Imprensa do Palácio do Planalto, a partir de segunda-feira (5), o secretário-executivo da pasta, Paulo Roberto dos Santos Pinto, assumiu o cargo em caráter interino.
Em nota, o Planalto informou que a presidenta Dilma “agradeceu a colaboração, o empenho e a dedicação do ministro Lupi ao longo de seu governo e tem certeza que ele continuará dando sua contribuição ao país”. Dilma estava em viagem à Venezuela, onde participou da Cúpula dos Países Latino-Americanos e Caribe (Celac).
O pedido de demissão do ministro, em caráter irrevogável, foi divulgado no site do Ministério do Trabalho, no início da noite. Lupi entregou sua carta de demissão à presidenta Dilma Rousseff, no Palácio da Alvorada. Ela havia informado que tomaria sua decisão a respeito da permanência do pedetista no cargo apenas nesta segunda-feira. Lupi perdeu o apoio do PDT e não esclareceu as denúncias de cobrança de propina em sua pasta à Comissão de Ética da Presidência da República na última quarta-feira.
“Faço isto para que o ódio das forças mais reacionárias e conservadoras deste país contra o trabalhismo não contagie outros setores do Governo. Decidi pedir demissão do cargo que ocupo em caráter irrevogável”, disse em nota.
Lupi é o sexto ministro que deixa o governo Dilma sob acusação de corrupção. Até agora, apenas Nelson Jobim (Defesa) não integrou essa lista. Foi dispensado por ter dado declarações consideradas “inconvenientes” sobre o governo.
Segundo informações de O Estado de S.Paulo Dilma não quer que o PDT indique um novo ministro agora, pois pretende fazer um rodízio na partilha dos cargos e tirar o Trabalho do controle pedetista, na reforma da equipe, a ser realizada provavelmente no início de 2012.
“Defendo que o PDT não tenha nenhum cargo no governo Dilma”, afirmou neste domingo o senador Cristovam Buarque (PDT-DF). “Nós vamos continuar no governo, mesmo não sendo nesse ministério”, resumiu o deputado André Figueiredo (CE), presidente interino do PDT.
‘TIRO’ FATAL
A Comissão de Ética Pública da Presidência da República decidiu no dia 30 de novembro recomendar à presidenta Dilma Rousseff a exoneração de Carlos Lupi do cargo de Ministro do Trabalho e Emprego. De acordo com o presidente da comissão, Sepúlveda Pertence, as explicações apresentadas pelo ministro sobre as denúncias de irregularidades no ministério não foram convincentes.
A decisão de fazer a recomendação e de aplicar uma advertência ao ministro, mais alta punição que cabe à comissão aplicar, foi tomada, de acordo com Pertence, de forma unânime pelos seis conselheiros que participaram da última reunião do ano. “A decisão já foi encaminhada à presidenta Dilma Rousseff, e ela foi unânime”, disse.
De acordo com Sepúlveda Pertence, não houve um fato específico que motivou a decisão da comissão. “A história dos convênio irregulares firmados com pessoas de seu partido e a própria resposta apresentada pelo ministro ao juízo da comissão motivaram a decisão”, disse.
Lupi é acusado de utilizar em uma viagem pelo interior do Maranhão, em 2009, um avião privado, alugado pelo diretor de um conjunto de ONGs que, meses depois, ganhou um contrato para atender a projetos do ministério. Ainda antes da divulgação de imagens do ministro embarcando na aeronave, denúncias relacionadas a convênios de ONGs com o ministério foram reveladas, além de problemas e até pedidos de pagamento de propina para a liberação de carta sindical a entidades de representação de trabalhadores.
Paralelamente à recomendação pela demissão de Lupi pela Comissão de Ética, o jornal Folha de S. Paulo publicou a informação de que ele havia ocupado, por quase cinco anos, os cargos de assessor parlamentar na Câmara dos Deputados, em Brasília, e na Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Esta parece ter sido a ‘gota d’água’, ou o ‘tiro’ fatal que acabou por derrubar Lupi do Ministério.
(Redação: Rede Brasil Atual, com informações da Agência Brasil)