Acusações de abusos e críticas ao padrão da ação da corporação do governo Alckmin são de pessoas “descomprometidas com os reais valores democráticos”, segundo a mensagem
São Paulo – O batalhão de São José dos Campos (SP) da Polícia Militar enviou e-mails em massa para cidadãos paulistanos com o ponto de vista da corporação a respeito da ação no Pinheirinho, onde uma ação de reintegração de posse em um terreno foi levada a cabo no domingo (22). Em redes sociais, há acusações de que a mensagem seria uma forma de spam, por ter sido encaminhada a endereços não cadastrados para recebimento de boletins do gênero. A corporação acusa o grupo de moradores de abrigar “infratores da lei”.
A Polícia Militar, por meio de sua assessoria de imprensa, confirma o fato de a mensagem ter sido enviada por integrantes da corporação, vinculada à Secretaria de Segurança do governo de Geraldo Alckmin. A responsabilidade pela mensagem é do batalhão da cidade de São José dos Campos. Os objetivos do envio de e-mails em massa não foram informados.
Diferentemente de comunicados encaminhados à imprensa, a origem do envio é de um nome de usuário “noreply” (“não responda”, em tradução livre), padrão de endereço empregado em envio de mensagens para um grande número de pessoas.
Massa falida de mega-especulador
O terreno no Pinheirinho, de propriedade da massa falida de uma empresa do megainvestidor Naji Nahas foi palco de uma ação da Polícia Militar acusada de excessos contra famílias pobres que ocupavam a área há sete anos. O contingente da corporação foi solicitado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo, que concedeu ação de reintegração de posse apesar de um acordo entre lideranças do movimento de 6 mil famílias e autoridades estaduais.
O e-mail, assinado pela Polícia Militar do Estado de São Paulo, acusa os críticos da operação de serem “descomprometidos com os reais valores democráticos” e de tentar “macular” a ação. “A Polícia Militar do Estado de São Paulo, instituição legalista que (…), sempre trabalhou em consonância com o ordenamento jurídico e balizada em três princípios básicos, que são: respeito integral aos direitos humanos, filosofia de polícia comunitária e gestão pela qualidade”, sustenta a nota.
O comunicado afirma ainda que “a atuação da Polícia Militar foi em apoio aos Oficiais de Justiça para que a área fosse desocupada, sempre dentro da legalidade e com respeito incondicional aos direitos humanos e às pessoas”. E promete apurar eventuais casos de desvio.
O texto traça um histórico do caso, atribuindo a uma disputa judicial o desencontro de datas. A Polícia Militar sustenta ter planejado “minuciosamente” a ação durante dois meses, recorrendo ao serviço de Inteligência e comunicado por meio de “panfletos lançados de aeronave” e informações à imprensa.
“Sabia-se que a maioria das pessoas que lá residiam eram de bem, contudo havia também infratores da lei que perpetravam ações criminosas e prejudiciais à própria comunidade Pinheirinho, inclusive tráfico de drogas”, sustenta. A corporação havia divulgado, no início da semana, a informação de que durante a reintegração houve apreensão de drogas e prisão de pessoas acusadas de narcotráfico no local.
(Por: Anselmo Massad, Rede Brasil Atual)