Nomeação polêmica: Novo Ministro das Cidades é neto do latifundiário que matou o ‘Cabra Marcado para Morrer’ e Margarida Maria Alves, líderes camponeses
São Paulo – O ministro das Cidades, Mário Negromonte, entregou nesta quinta-feira (2) sua carta de demissão à presidenta Dilma Rousseff. Negromonte, que já constava desde 2011 entre os possíveis nomes a deixar a Esplanada dos Ministérios, deu lugar ao deputado do PP, Aguinaldo Ribeiro, líder do partido na Câmara.
Em seu estado, a Paraíba, o novo ministro ocupou uma série de cargos públicos, como o de secretário de Agricultura, Irrigação e Abastecimento. Ribeiro também foi titular da Secretaria de Ciência e Tecnologia de João Pessoa e da Secretaria de Ciência e Tecnologia, Recursos Hídricos e Meio Ambiente do Estado.
Na Câmara dos Deputados, ele integrou as comissões de Finanças e Tributação e a de Minas e Energia. Ribeiro também foi suplente na Comissão Especial de Reforma Política. Ele é autor de uma proposta de emenda à Constituição (PEC) que institui o sistema distrital misto. O deputado também foi suplente do Conselho de Ética da Câmara.
Negromonte é sétimo ministro a deixar o governo após suspeitas de irregularidades. Saiu do ministério deixando carta à presidenta na qual enfatiza que foi alvo de ataques promovidos por adversários “interessados em desestabilizar sua permanência no governo”. Ele ainda afirmou que o posto que tinha despertava muito interesse pela importância do Ministério das Cidades.
Neto de matador de camponeses
O líder do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), João Pedro Stedile protestou contra a nomeação de Aguinaldo Ribeiro para o Ministério das Cidades, na quinta-feira. Para Stedile, a presidente Dilma Rousseff mancha “o seu próprio passado de lutas, com indicação tão espúria, e ofensiva para todos os camponeses do Brasil e a todos que sempre lutaram contra a ditadura dos militares e dos coronéis do nordeste”.
Stedile se refere ao fato de que Ribeiro pertence a uma tradicional família de latifundiários e usineiros da Paraíba. O avô do novo Ministro das Cidades, foi o responsável pelo assassinato do líder das Ligas Camponesas, João Pedro Teixeira, cuja morte foi retratada pelo cineasta Eduardo Coutinho, no filme ‘Cabra Marcado para Morrer’.
Na época, o então sexto suplente de deputado, o fazendeiro Aguinaldo Veloso Borges, só não foi preso pelo crime, porque cinco suplentes de seu partido e um deputado com mandato renunciaram para que ele assumisse uma vaga na Câmara Federal e conquistasse a imunidade parlamentar. Há suspeitas de que Veloso Borges, muito rico e poderoso, tenha dado propina para que todos os outros renunciassem a seu favor.
Dois livros, “Retrato da Repressão Política no Campo” e “Direito à Memória e à Verdade”, ambos lançados pela Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República também falam da violência no campo e do envolvimento do avô do novo ministro em crimes contra trabalhadores rurais durante a ditadura.
Do sangue de Margaridas
O ex-deputado também estaria envolvido no assassinado de Margarida Maria Alves, Líder Sindical da Alagoa Grande, na Paraíba, em 1985, vítima dos latifundiários da cana de açucar. Sobre a morte da líder camponesa, foi produzido o documentário “Do sangue de Margarida, Margaridas”. Aguinaldo Veloso Borges seria um dos mandantes do crime. Pouco antes da execução, ele teria pessoalmente ameaçado Margarida de morte, diante de várias testemunhas.
O parentesco de Aguinaldo Ribeiro com o assassino de camponeses não sensibilizou a presidente Dilma, que nomeou o líder do PP na Câmara (partido do ex-prefeito Paulo Maluf) como novo Ministro das Cidades.
Pai corrupto
Além do polêmico avô, Ribeiro é filho do ex-deputado Enivaldo Ribeiro (PP-PB), eleito por três mandatos e cujo maior feito na Câmara foi o envolvimento na “Máfia dos Sanguessugas”, revelada pela Polícia Federal, em 2006.
O esquema da “Máfia dos Sanguessugas” envolvia a compra de ambulâncias superfaturadas pelo Ministério da Saúde desde os tempos do mandato do ex-senador José Serra (PSDB) como Ministro da Pasta. As empresas fornecedoras das ambulâncias pagavam propinas aos deputados, entre os quais o pai do novo Ministro das Cidades, em troca de Emendas Parlamentares doando ambulâncias para cidades do interior do País, particularmente no Nordeste, base eleitoral da família de Aguinaldo Ribeiro.
(Por: Redação da Rede Brasil Atual / Informações complementares de Fato Expresso)
(Por: Redação da Rede Brasil Atual / Informações complementares de Fato Expresso)
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