O agora candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo entrou na disputa após ver tentativas do PT de aproximação com o prefeito Kassab (PSD)
São Paulo – O pré-candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo José Serra afirmou em entrevista coletiva na quarta-feira(29) que o flerte do prefeito Gilberto Kassab (PSD) com o PT foi um dos motivos que influenciaram sua entrada na disputa.
“São diversas circunstâncias. A aproximação do Kassab com o PT foi uma delas. É um conjunto de fatores que colocam a importância de se ganhar a prefeitura da cidade e ter um projeto para São Paulo”, disse Serra. O tucano destacou a importância do pessedista no processo eleitoral e revelou um sentimento positivo em relação à obtenção de seu apoio.
Serra evitou falar se vai seguir as diretrizes da atual gestão, caso eleito, mas comentou que Kassab “tem trabalhado muito na prefeitura de São Paulo”. “A prefeitura fez coisas boas que nós vamos manter e acelerar, e aquilo que estiver mais problemático, nós vamos enfrentar. Trata-se de uma metodologia”, disse o tucano. Ele citou a educação entre os avanços e o transporte, entre as deficiências do governo Kassab.
Prévias e Racha
Ao comentar as prévias para escolha da candidatura do PSDB, Serra disse não ter conhecimento das críticas lançadas a ele por integrantes do partido com argumento de que sua entrada na disputa teria provocado um racha no PSDB. “Aqui em São Paulo eu incentivei as prévias porque eram candidatos mais ou menos equivalentes. É uma maneira de o partido crescer”, observou. Desmentindo o vice-presidente do partido, João Câmara, o pré-candidato tucano afirmou que não impôs data para a realização das prévias, e classificou como “normal ter esse tipo de críticas agora”. Serra também negou que haja um racha no partido.
As eleições internas estavam agendadas para 4 de março, mas após tensa reunião da Executiva municipal do PSDB no dia 28, as prévias foram adiadas para 25 de março. Houve quem afirmou que a estratégia foi tramada por Serra. Os dois outros pré-candidatos – José Aníbal e Ricardo Trípoli – pediram novos debates, dessa vez com a participação de Serra, que hoje não quis opinar sobre o assunto. Na segunda-feira, Serra não participou de um deles.
Mais uma vez?
Serra afirmou que, eleito, não deixará o cargo para outra disputa. Em 2004, após fazer a mesma promessa deixou a prefeitura para concorrer ao governo do Estado, mesmo depois de registrar em cartório um compromisso de seguir o mandato até o final. Serra foi substituído por Kassab. “Estou sendo candidato para governar a cidade até quando o mandato dura, até 2016. Vou cumprir”, disse.
O tucano revelou que o sonho da presidência está adormecido até 2016, caso seja eleito o prefeito de São Paulo. “Decisão agora implica não ser candidato em 2014”, afirmou.
Antevendo uma disputa muito difícil, Serra atribuiu ao seu jeito de conversar, à sua posição contrária ao PT e ao seu papel na política nacional a rejeição que tem de grande parte dos eleitores paulistanos. E acrescentou: “Não vai ser sopa não”.
(Por: Raoni Scandiuzzi, Rede Brasil Atual)