No Embu das Artes a prefeitura já realiza parcerias com a Universidade Federal de São Paulo desde 2010. Um campus da Unifesp será instalado na cidade em breve
Brasília – A ministra da Cultura, Ana de Hollanda, assinou na sexta-feira (02) protocolo com duas universidades federais para apoio à elaboração de planos de Cultura em 17 estados e 20 municípios. A iniciativa faz parte do Programa de Fortalecimento Institucional pela Implementação do Sistema de Cultura, que, nesta primeira etapa, vai destinar para os projetos que forem aprovados até R$ 2,9 milhões, no total. A Universidade Federal de Santa Catarina vai participar da formulação de planos culturais para 17 estados e a Universidade Federal da Bahia, para 20 municípios baianos.
Além do estímulo à elaboração dos planos, o ministério quer auxiliar as representações regionais na constituição dos sistemas estaduais e municipais de Cultura, em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Outra vertente será apoio à formação de gestores culturais no Nordeste, com a colaboração de equipes técnicas da Fundação Joaquim Nabuco e da Universidade Federal Rural de Pernambuco.
O protocolo foi assinado no Complexo Cultural da Fundação Nacional de Artes (Funarte), situado no Eixo Monumental, em Brasília, onde ocorre o 1º Seminário Planos de Cultura, iniciado na quarta-feira (29). A ministra Ana de Hollanda destacou que a sua pasta procura “cumprir seu papel em relação à efetivação de políticas públicas, procurando integrar os entes artísticos e culturais ao Sistema Nacional de Cultura”. Segundo ela, “não se pode pensar no Brasil concreto só por Brasília. Temos que avançar na direção dos estados e municípios onde estão as diferenças culturais e a diversidade brasileira.”
O Ministério da Cultura pretende cobrir todos os Estados com apoio semelhante em outra etapa, destinando recursos para completar a integração dos estados e municípios ao Plano Nacional de Cultura.
Estiveram presentes à solenidade representantes do ministério e secretários estaduais e municipais de Cultura. O secretário de Cultura da Paraíba, o jornalista, cantor e compositor Chico César, destacou a importância do apoio do Ministério da Cultura à preservação dos traços culturais da população brasileira, com a destinação de recursos para a elaboração de projetos locais. Ele lembrou que o seu estado, por exemplo, destaca-se como um berço de poetas e repentistas e pelo forró, com ícones importantes no cenário artístico nacional. A Paraíba, acrescentou ele, cultua também a memória do pernambucano Luiz Gonzaga, o Rei do Forró.
Chico César quer levar para as escolas do estado o resgate da cultura do forró, “para que os alunos entendam o que somos, qual a nossa referência”. Para ele, a maior dificuldade de preservar a cultura no Brasil “está nos próprios meios de comunicação e em influências maléficas que vêm da política”.
Na cidade de Embu das Artes uma parceria já vem sendo realizada com sucesso entre a Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e a prefeitura municipal, com cursos de extensão abertos a todos os moradores do Conisud (seis municípios), e a maioria das aulas são realizadas na Escola Municipal Valdelice Prass, no Parque Pirajuçara. Em 2011 a presidente Dilma Rousseff homologou a criação da Universidade Federal de Embu, que poderá ser construída no futuro Parque da Várzea do Embu Mirim, ao lado do trecho Sul do Rodoanel. O governo do Estado contesta a construção da Universidade naquela área, por ser considerada de proteção ambiental. Porém, antes da vinda do Rodoanel, a várzea do Embu Mirim era uma das áreas mais degradadas da cidade e região, sem nenhum controle ambiental do Estado. Na área de proteção aos mananciais da represa Guarapiranga, inclusive no Embu, havia despejo de entulho, esgotos, favelamento, além de atividades clandestinas, como a criação de porcos e desova de lixo e até cadáveres de vítimas da violência.
A postura do governo paulista contra a Universidade Federal, através de multas e embargos através de seus órgãos ambientais aparenta mais uma posição política que técnica. Um exemplo de que uma Universidade e um Parque não causariam graves impactos na região é a Universidade de São Paulo, que ocupa uma área equivalente a quase a metade da cidade de Taboão da Serra, e tornou-se um ‘oásis’ entre o bairro do Butantã e o poluído rio Pinheiros.
A USP tem uma imensa área verde, além de ser um ponto de encontro de milhares de paulistanos que lá realizam atividades esportivas e de lazer. A USP também abriga diversos museus e espaços culturais, um Hospital Universitário (público) e uma agenda com centenas de eventos abertos à comunidade. Se não houvesse a USP naquela região, certamente a área seria imensamente degradada pela ocupação irregular e especulação imobiliária.
(Por: Lourenço Canuto, da Agência Brasil / Com informações complementares de Fato Expresso)