Última audiência do Plano Diretor de Embu é marcada por novos embates e presença de mídia nacional
A última audiência da revisão do Plano Diretor realizada na Câmara Municipal de Embu das Artes, na segunda-feira, dia 16, foi marcada por novos conflitos de opinião, o que gerou cerca de 60 inscrições para a manifestação de participantes e a presença de jornalistas de grandes veículos de imprensa, como UOL e Estadão. Em maioria na Câmara os militantes do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) acampados na região da Mata do Jd. Santa Tereza/Pirajuçara, conhecida como Mata do Roque Valente fizeram coro para a aprovação do novo Plano na esperança de terem seus objetivos de moradias populares atendidos. Ambientalistas novamente pediram a paralisação do processo de Revisão, indicando ilegalidades no documento final protocolado no dia 26/3 pelo prefeito Chico Brito. Cerca de 500 pessoas acompanharam os trabalhos da última audiência.
Após muitas polêmicas, o que culminou até em debates em rede nacional de televisão, protagonizados pelo prefeito Chico Brito e ambientalistas descontentes com o novo documento, a revisão do Plano Diretor de Embu das Artes chegou à sua última instância. Agora o documento está na Câmara Municipal para ser apreciado e votado pelos vereadores do município, passando assim a se configurar como Lei na cidade em caso de aprovação, com sessão prevista para quarta-feira (18/4), às 18 horas.
Em sua última audiência realizada na Câmara Municipal, novamente os cidadãos puderam expor e discutir o documento que recebeu novos comentários, além de contribuições protocoladas na mesa de trabalhos do poder legislativo da cidade para a apreciação dos representantes da população, os vereadores.
Bastidores
Como já era esperado, novamente houve discussão e novos apontamentos na audiência que se caracterizou como última, antes de sua votação no plenário da Câmara de Embu das Artes. Antes de iniciado os trabalhos para a audiência pública do legislativo marcada para as 19h, manifestantes contrários e favoráveis ao novo Plano já discutiam suas posições no hall de entrada do salão principal da Câmara, além de cederem entrevistas a veículos de imprensa, como foi o caso do Canal Uol.
“Quem mora em árvore é pica-pau e João de barro”
Novamente o que se viu na audiência sobre o novo Plano Diretor de Embu das Artes, definida como a última pelo poder Legislativo do município, foi uma concentração de acusações e desmentidos por parte de manifestantes favoráveis à habitação popular, representados pelo MTST e ambientalistas preocupados com a instalação dos novos corredores empresariais que deverão infligir um grande fluxo de veículos de carga a regiões de preservação ambiental na cidade.
Crentes de que o novo texto garantirá o acesso de populares a programas de habitação no município, moradores ligados ao movimento MTST na região protagonizaram desabafos de raiva e descontentamento diante dos argumentos de ambientalistas que demonstraram as possíveis implicações negativas do novo Plano. Tamanho sentimento foi sintetizado em uma frase, emitida de um popular do movimento de moradia: “quem mora em árvore é pica-pau e João de Barro”. Ambientalistas buscaram conciliar seu discurso em razão da presença dos Sem-Teto, garantindo que suas posições não conflitavam, pois não são contrários à habitação, mas defenderam que há ilegalidades no novo documento e que o município pagará um alto preço atingindo a todos os moradores. O mais destacado argumento foi o de que haverá grande especulação imobiliária com o aumento do potencial construtivo de todos os bairros – inclusive os que tem grandes áreas de proteção ambiental – com aumento exponencial do preço da terra, inviabilizando a compra de áreas para moradia popular. Um dos ambientalistas sentenciou: “Vocês mais pobres serão expulsos para lugares ainda mais distantes”, lembrando a grande explosão populacional dos anos 1970 e 1980, quando milhões de paulistanos mais pobres e migrantes foram afastados para as cidades da região Metropolitana (Embu inclusive), em loteamentos clandestinos sem nenhuma infraestrutura e longe dos empregos tão sonhados.
Aflitos pelo descaso do poder público, principalmente da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional Urbano), órgão ligado ao governo do Estado, e pela alta necessidade de garantias para uma vida mais digna, integrantes do MTST preferiam não acreditar no discurso contrário ao novo Plano Diretor Municipal e mantiveram sua posição em apoio do novo texto.
(*Alexandre Oliveira)
Veja algumas imagens da audiência:
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