O rei Juan Carlos da Espanha posou recentemente para fotos em um safári que fez na África, onde abateu um elefante a tiros de espingarda. Agora, ambientalistas do mundo inteiro protestam e querem que ele deixe presidência da WWF
Enquanto a Espanha enfrenta a sua maior crise política e econômica, o rei Juan Carlos gasta uma pequena fortuna dos impostos dos seus concidadãos para participar de um Safári em Botswana, na África, onde abateu um elefante a tiros de espingarda. Para comprovar a façanha, ainda posou para uma foto com a vítima de seu odioso hobby, ao lado de uma mulher, ambos orgulhosos com suas armas de caça.
A foto, inicialmente publicada pelo periódico ‘El País’, correu o mundo e causou revolta e indignação em diversos países, ainda mais pelo fato de que Juan Carlos, além de rei de uma nação em crise, acumula o cargo de presidente da WWF espanhola. O Fundo Mundial para a Natureza (WWF) deve explicações a seus associados no mundo inteiro, já que de pronto ainda não expulsou o Rei, que deve ser um dos mais pródigos ‘contribuintes’ dos cofres da entidade, para estar reagindo tão lentamente diante do escândalo.
Cerca de 60 mil sócios da WWF exigiram por um abaixo-assinado, que Juan Carlos deixe a presidência da entidade na Espanha. Por óbvio, os manifestantes afirmam que a prática cruel da caça e matança de animais selvagens não é compatível com a linha de trabalho da entidade. Nem seria necessário afirmar tal coisa. Enquanto isso, a WWF tenta pateticamente marcar uma reunião com o Rei assassino de animais, na tentativa de saber dele pessoalmente, o que de fato aconteceu. Bastaria a entidade ler o jornal ‘El País’, maior veículo em circulação na Espanha, para saber do que se trata.
“Estadias assassinas na África”
A atriz Brigitte Bardot, conhecida por sua luta em defesa dos animais e contra o uso de peles naturais para a produção de casacos, desprezou a atitude do rei Juan Carlos. Ela emitiu a seguinte nota, a respeito da caça ao elefante e um acidente que Juan Carlos sofreu, quebrando a bacia: “Não lhe desejo um pronto restabelecimento se isso o levar a continuar com suas estadias assassinas na África ou em outros lugares”, diz Bardot. Juan Carlos se restabelece no Hospital San José, em frente ao qual entidades ambientais realizam protestos.
Matando Urso com Putin
O rei Juan Carlos é reincidente. No ano de 2006 ele teria participado de uma caça ao urso na Rússia, convidado pelo polêmico presidente Vladimir Putin, o ex-agente da KGB que chegou ao maior posto de poder no país, após o fim do comunismo. Para facilitar a caça e a matança do urso, o presidente determinou que ele fosse drogado com antecedência. Com a perda dos reflexos, foi mais fácil abater o animal.
Tentando consertar o estrago causado à sua imagem, a WWF lançou um comunicado com o seguinte teor: “A WWF reitera seu compromisso com a preservação de elefantes, o que tem feito há 50 anos, lutando contra a caça ilegal, o tráfico ilegal de marfim e a destruição de habitats, não apenas em países como Botsuana onde a população de elefantes agora alcançou o número de 130 mil e onde a caça é regulada, como em outras nações da África e da Ásia onde as populações estão ameaçadas”.
A falta de traquejo ao manejar uma espingarda não é ‘privilégio’ apenas do rei Juan Carlos. Há cerca de duas semanas, seu neto, de nome Felipe Juan Froilán, de apenas 13 anos de idade, deu um tiro no próprio pé, acidentalmente, com uma espingarda da família. Quanto à caçada real na África, o rei Juan Carlos gastou dos cofres dos contribuintes espanhóis a bagatela de 35 mil Euros (cerca de R$ 100 mil). Será que a cabeça do elefante e o marfim de suas presas não foram parar na ‘sala real de troféus’? Enquanto isso, numa Espanha em crise, cada vez mais cidadãos revoltam-se com a manutenção de uma decadente monarquia, às custas dos já combalidos cofres públicos do país.