Fim da era Sarkozy pode colocar ponto final também na política de recessão mais segregação de estrangeiros
François Hollande tornou-se o segundo presidente de esquerda eleito diretamente na França depois da Segunda Guerra, sucedendo Nicolas Sarkozy. O último presidente de esquerda eleito fora François Mitterand, eleito em 1981 e depois em 1988. Como chefes de estado houve ainda o caso de Vincent Auriol, eleito indiretamente depois da guerra, e Leon Blum, primeiro ministro e chefe de estado antes da guerra e logo depois, chefe do governo provisório.
Tentativa de extrema direita
Nos últimos dias a expectativa de voto em Nicolas Sarkozy cresceu, sobretudo devido ao alinhamento de um voto de direita, diante da ameaça mais concreta do candidato de esquerda ganhar. Mas isso não foi suficiente para reverter o favoritismo de Hollande, que se manteve firme na posição de que “nada está decidido”, conclamando os militantes de esquerda a manter a mobilização para levar eleitores às urnas, já que o voto é facultativo na França.
A eleição de Hollande cria uma nova situação política na Europa, que pode ser medida pelas reações conservadoras. Na França, muitos eleitores de Sarkozy lamentavam “o retorno da CGT ao poder”. David Cameron (Reino Unido) e Angela Merkel (Alemanha), que antes tinham se recusado a receber o candidato socialista, telefonaram para cumprimentá-lo. Merkel convidou-o para vir a Berlim, a fim de conversar sobre a situação do euro e do continente.
Conseguirá Hollande estar à altura do desafio? Ele promete um “novo começo” para a Europa, renegociando os termos do pacto fiscal conservador que atualmente mergulha o continente numa política recessiva. Tem também de combater a xenofobia que se espraiou pela França, além de outros países europeus. Promete, nas suas palavras, um mundo de “crescimento, empregos, prosperidade”. A ver.
A expectativa é muito grande, também devido às eleições na Grécia e na Itália (municipais), além de uma eleição estadual no norte da Alemanha, onde a coligação da União Democrata Cristã de Angela Merkel e seu parceiro FDP no governo nacional, se saiu mal, apesar deste último ter obtido um surpreendente crescimento. Para variar, a surpresa positiva ficou com os Piratas, que conseguiram, pela terceira vez, colocar representantes num parlamento estadual.
As bolsas européias devem entrar em queda amanhã (segunda), a adrenalina deve subir, por outro lado, espera-se que haja algum entendimento rápido, uma vez que Merkel é conhecida por seu modo de negociar até o último suspiro, embora tenha uma retórica dura, e Hollande, que se mostrou mais firme na campanha do que se esperava, é conhecido por sua capacidade de negociar.
(Por: Flavio Aguiar / Rede Brasil Atual)