Serra continua com a fama de político desagregador e sua candidatura é assombrada pelo fantasma do corpo-mole e da “cristianização” (apoio de tucanos a outros candidatos de outros partidos)
O fato mais novo a comprovar a tese foi a crise aberta com a escolha do vice para compor a chapa que vai concorrer à prefeitura de São Paulo. A definição por Alexandre Schneider, do PSD, imposta por Kassab, foi a gota d’água para o racha entre os tucanos paulistas. O coordenador-geral da campanha de José Serra (PSDB) em São Paulo, Edson Aparecido, ligado ao governador Geraldo Alkmin, cogita deixar a coordenação. Aparecido chegou a arranjar uma providencial viagem à Singapura para “participar de um evento sobre cidades” (em plena campanha) e só retornou neste último fim de semana.
O fato expõe a cisão entre os grupos de Alckmin e Serra. Os “alckmistas” vêem o rumo de Serra muito mais ligado ao fortalecimento dos projetos políticos dele próprio e de Kassab, sacrificando Alckmin.
Primeiro foi o “chapão” de vereadores (coligação proporcional) – uma exigência de Kassab – que o grupo de Alckmin não aceitava e acabou tendo que engolir. Depois foi a escolha Schneider, ex-secretário municipal de Educação da gestão Kassab e por este indicado.
Com Schneider vice, o PSDB pode perder a prefeitura paulistana 15 meses após a posse, caso Serra confirme a renúncia para candidatar-se a presidente. Além disso, o apadrinhado de Kassab foi desafeto do governador, pois em 2008 era filiado ao PSDB e apoiou a reeleição de Kassab em vez de apoiar Alckmin (que também disputou aquelas eleições).
Para complicar o quadro, Kassab é visto como possível candidato do PSD a governador em 2014 – contra Alckmin! –, e ninguém sabe ao certo que rumo tomará Serra, que deverá esperar a conjuntura que sair das urnas e avaliar que vantagens levará no momento oportuno. Se Aécio Neves (PSDB-MG) consolidar sua posição de presidenciável tucano, o próprio Serra pode deixar os tucanos e migrar para o PSD ou PPS para garantir sua candidatura presidencial.
Assim, voltando ao panorama paulista, Alckmin pode sentir-se mais confortável em dedicar apoio a candidatos mais fiéis em cidades do interior do que na capital.
Por: Helena Sthephanowitz, especial para a Rede Brasil Atual