São Paulo – O candidato do PT à prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, disse hoje (26), em campanha na zona norte da capital, que a cidade é muito importante para o Brasil e não deveria eleger um prefeito que não tenha plano de governo. “Não dá pra tratar São Paulo assim”, alfinetou, fazendo referência ao seu concorrente do PRB, Celso Russomanno, líder isolado nas pesquisas. “Estamos a dez dias da eleição e ele simplesmente não apresenta um plano de metas pra cidade.”
Ao cumprir agenda na Vila Prudente, ontem, Russomanno argumentou que ainda não divulgou seu plano de governo porque o documento não está pronto. Além disso, disse que não está obrigado por lei a elaborá-lo durante a campanha. “O desenvolvimento do país passa pelo desenvolvimento de São Paulo”, insistiu Haddad. “A região metropolitana tem mais de 10% da população brasileira e contribui com 20% do Produto Interno Bruto nacional. Como um candidato pode não oferecer uma plataforma pra cidade?”
O representante do PT afirmou que ninguém sabe quantos quilômetros de corredores de ônibus serão construídos se Russomanno vencer as eleições, nem quantos Centros de Educação Unificada (CEUs) serão instalados caso seu rival seja prefeito – apesar de o candidato do PRB ter defendido, ontem, a inauguração de 30 unidades, sendo quatro especialmente voltadas para a população idosa. “Eu convoquei 500 acadêmicos, técnicos, especialistas e lideranças comunitárias desde janeiro para discutir São Paulo”, lembrou Haddad. “Respeito à cidade é você preparar um plano de governo com muita antecedência.”
O petista também aproveitou para criticar uma proposta específica de seu adversário: a cobrança da tarifa de ônibus por quilômetro, que, para Haddad, é uma “injustiça muito grande” com os paulistanos que moram nos bairros mais distantes do centro. “Se você tem dinheiro pra subsidiar desconto na tarifa, você vai dar pra quem mora perto?”, questionou. “Não faz o menor sentido. Tem que dar pra quem não tem renda.”
Pesquisas
Depois de caminhar pelas ruas de Santana, onde conversou com comerciantes do bairro, Fernando Haddad comentou o resultado das últimas pesquisas de intenção de voto. Os números do Ibope, divulgados ontem, apontam ascensão do petista, que agora estaria ocupando o segundo lugar na preferência do eleitorado, com 18%. José Serra, do PSDB, aparece em terceiro, com 17%. Com 34%, Celso Russomanno segue intocável na dianteira. O Instituto Vox Populi trouxe dados semelhantes anteontem, indicando, porém, um empate entre Haddad e Serra.
“Cada dia vou sendo mais conhecido pelo eleitor”, interpreta o candidato do PT. “No começo, muito pouca gente me conhecia. Agora não. Nossa proposta está na rua, as pessoas estão vendo o horário eleitoral, e quem ainda não viu vai começar a ver porque estamos na reta final da campanha.” O petista analisa que seu partido costuma crescer nas pesquisas em dois momentos: no começo da campanha e conforme vai chegando o dia do pleito. E aposta na população da periferia, “que gasta quatro horas por dia dentro do ônibus”, para garantir uma vaga no segundo turno.
“Ainda tem muita gente indecisa. Temos de respeitar o momento do eleitor e não dar a disputa por encerrada”, argumentou, lançando mão de uma metáfora futebolística, ao estilo Lula, para responder por que ainda não conseguiu convencer os tradicionais 30% do eleitorado que costuma votar no PT em São Paulo. “Não vou aceitar que apitem o final do jogo aos 15 minutos do segundo tempo. Vamos esperar o dia 7 de outubro. Estamos num período decisivo para a campanha.”
Fernando Haddad deve realizar um comício no sábado (29), em bairro ainda não confirmado da zona leste da cidade. Para tanto, poderá contar com a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que não compareceu em seus atos de campanha na zona norte devido à viagem que realizou ao México e ao apoio prestado aos candidatos do PT às prefeituras do ABC paulista. “Acho que ele vai participar no sábado. Lula é sempre importante.”
Por: Tadeu Breda, da Rede Brasil Atual