Houve o tempo das mini batalhas navais no Coliseu. A construção do anfiteatro foi planejada de modo que parte dele pudesse ser inundada em sete horas. Tudo para divertir o povo. Hoje rotineiras análises controlam a quantidade de cocaína, entre outras substâncias, lançada nos rios italianos. Parece que esse povo não se cansa de se divertir às custas da água.
Quando surgiram os primeiros ozonizadores d’água no Brasil, um dos argumentos usados pelos vendedores era que os franceses bebiam água do rio Sena ozonizada, completamente livre de microorganismos e filtrada. “Da melhor qualidade”, diziam, mas creio tratar-se de mais uma lenda urbana. Me assustava saber que os rios pudessem ser tão poluídos que nenhum peixe se atreveria a nadar neles. Me assustava – e assusta ainda – saber que os rios não terminam em um depurador e que tudo o que é despejado neles é absorvido pelo ciclo natural das águas, contaminando mares, plantações e terrenos, que fornecem peixes, hortaliças e pastos para os animais que ingerimos. Cocainômano passivo, sou.
A água irá se tornar o produto de largo consumo mais caro e raro, e nem por isso poderemos abrir mão dela. O único modo de estocá-la é congelando, mas uma família de 4 pessoas iria precisar de um congelador maior que a casa para ter um estoque de poucos dias. E já imaginaram a conta da luz? Portanto, o único meio viável para minimizar o problema é economizar. Uma simples descarga no banheiro joga pelo esgoto mais água de que dispõem muitas famílias africanas por um dia inteiro.
Muita água rolou desde o Império Romano, mas ela foi contaminada por agrotóxicos, resíduos industriais e toda espécie de poluição que pagamos pelo progresso. Inclusive aquela gerada pela produção e transporte de alimentos. Se o alimento for industrializado, então… Adotar atitudes de consumo eco-compatíveis não deve ser encarado como uma moda, mas como necessidade, ou esse mundo irá por água abaixo.
Observando a irresponsabilidade com que tratamos esse bem precioso e necessário, o nome escolhido para o nosso planeta soa como ameaça. Perseverante como é, o ser humano parece estar cumprindo a previsão de que o mar iria virar sertão, mas o sertão não vai virar mar. Pecado, poderia ser um mar de água doce. Vamos todos acabar mesmo no pó. E parece que começamos pelos rios.
**Allan Robert P. J., carioca de nascimento, tem 51 anos, viveu em Embu (SP) por quase duas décadas e lá se casou com Eloá, em 1987. Mudou para Salvador (BA) onde estudou Economia e o casal teve duas filhas. De lá, foram para a Itália, onde vivem atualmente. Allan é micro empresário do ramo automotivo, e Eloá trabalha no ramo de alimentação. Ambos têm raízes (amigos e parentes) na ‘ponte’ Embu-Assis-SP. Allan é irmão dos advogados Bruce P. J. e Dawidson P. J., radicados em Embu. Dawidson já foi do primeiro escalão da Assessoria Jurídica da Prefeitura de Embu no governo Geraldo Puccini Junior (1993-96), e ambos já participaram da diretoria da subsecção da OAB de Embu”.