Presidenta disse que quer melhorar a qualidade dos assentamentos e voltou a defender a política de combate à pobreza: ‘Não é milagre, é decisão política’

Brasília – A presidenta Dilma Rousseff levou cinco ministros ao congresso nacional dos trabalhadores rurais e fez uma promessa aos dirigentes da Contag, ao responder a uma das principais queixas dos dirigentes da entidade. “Eu vou acelerar a reforma agrária, mas vou acelerar com terra de qualidade”, afirmou Dilma, pedindo ajuda à Contag, para que todos sejam cadastrados e possam receber os benefícios das politicas públicas. “Vou fazer a minha parte. Gostaria que todo mundo aqui fizesse a sua”, disse a presidenta. “Agora, temos condição de fazer uma aceleração do processo de terras.”
Segundo ela, a relação com a Contag “é dura, mas fraterna”. E garantiu estar atenta aos movimentos sociais. “Eu governo com um conjunto de ministros e com os ouvidos muito abertos.” Foram ontem (5) ao congresso da Contag ministros da área social, como Maria do Rosário (Direitos Humanos), Tereza Campello (Desenvolvimento Social), Pepe Vargas (Desenvolvimento Agrária) e Brizola Neto (Trabalho e Emprego), além de Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência, que na véspera, no mesmo local, fez críticas, sem citar o nome, ao senador Aécio Neves (PSDB-MG).
Dilma não fez referências diretas a adversários políticos, mas usou de ironia ao defender a política do governo, dela e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de combate à miséria, citando o slogan de sua gestão. “O país jamais vai ser rico enquanto seu povo for pobre. Já teve época que acreditavam que isso era possível. A superação da pobreza extrema não é nenhum milagre, nenhum acaso. É fruto da decisão política de não admitir conviver com a pobreza.”
Segundo ela, o fim da miséria extrema “é apenas o começo”. A partir daí, afirmou, o governo dará ênfase a questões como formação profissional, educação e alfabetização. Aos trabalhadores rurais, Dilma destacou o maior volume de recursos para financiar o setor de agricultura familiar (de R$ 2,5 bilhões, no início do programa, dez anos atrás, para R$ 18 bilhões na safra atual). “Se vocês gastarem mais, nós aumentados. Esse é dinheiro mais bem empregado do país.” A presidenta citou ainda o programa de habitação no meio rural, ao lembrar que o programa Minha Casa, Minha Vida já construiu 1 milhão de moradias, tem 1,3 milhão contratadas e mais 1,1 milhão a contratar.
O presidente da Contag, Alberto Ercílio Broch, reconheceu a importância das políticas sociais dos governos Lula e Dilma no combate à desigualdade, mas pediu “o mesmo empenho para discutir a nossa estrutura agrária”. Ele garantiu que a entidade defenderá “de forma intransigente uma ampla reforma agrária”.
O dirigente espera que o governo brasileiro ajude a divulgar nos fóruns internacionais, como o G20, que 2014 será o ano internacional da agricultura familiar. Dilma, que assinou um decreto que institui uma política nacional para os assalariados rurais, uma reivindicação do setor, destacou os 50 anos da Contag, que serão completados em dezembro, e os dez anos de governos petistas. “O nosso governo está aqui porque vocês estão aí.”
Por: Vitor Nuzzi, Rede Brasil Atual