Brasília – No Brasil, 3,6 milhões de crianças e jovens entre 4 e 17 anos estão fora da escola. A maioria (2 milhões) tem entre 15 e 17 anos e deveria estar cursando o ensino médio. O déficit entre aqueles com idade entre 4 e 5 anos, que deveriam estar na educação infantil, também é grande: 1 milhão.
Os dados foram divulgados ontem (6) no relatório De Olho nas Metas, elaborado pelo movimento Todos pela Educação (TPE). O número (3,6 milhões) quase equivale à população uruguaia (de cerca de 3,4 milhões de pessoas).
Em números absolutos, São Paulo, o estado mais rico do país, possui o maior número de jovens e crianças fora da escola: 575 mil alunos. Minas Gerais vem em seguida, com 367 mil. No ensino médio, a taxa de evasão de 2010 foi 10,3%, maior que as dos anos iniciais (1,8%) e finais (4,7%) do ensino fundamental. Em artigo publicado no relatório, dados da Pesquisa Mensal de Empregos (PME) mostram que, de 2004 a 2012, houve um aumento de 169% na frequência de cursos profissionalizantes por estudantes nessa faixa etária – o que poderia indicar que os jovens deixam a escola para buscar inserção no mercado de trabalho.
O relatório diz ainda que 51,1% dos estudantes concluíram o ensino médio em idade considerada adequada, aos 19 anos. No ensino fundamental, 64,9% concluem aos 16 anos. “As idades que consideramos são superiores àquelas que seriam corretas [14 anos para o ensino fundamental e 17 para o ensino médio]. Com 19 anos, metade concluiu o ensino médio, o fluxo ainda tem muito a melhorar”, diz a diretora-executiva do Todos pela Educação, Priscila Cruz.
A TPE é um movimento da sociedade civil cujo objetivo é contribuir para que crianças e jovens tenham assegurado o direito à educação básica de qualidade. Anualmente, a entidade divulga um estudo em relação a metas estipuladas para até 2022. Uma delas é que pelo menos 98% dos jovens e crianças entre 4 e 17 anos estejam matriculados e frequentando a escola. As altas taxas de repetência, a evasão escolar e a distorção idade-série foram apontados pelo relatório como alguns dos problemas que precisam ser enfrentados pelos sistemas públicos de ensino.
Por: Mariana Tokarnia, da Agência Brasil