O dia 8 de maio é comemorado como o Dia do Artesão e na cidade de Embu das Artes essa data é altamente expressiva, visto que suas raízes detém a alma daqueles que ajudaram a construir o município. No entanto, a data foi comemorada com uma simples exposição de fotos de expoentes das artes na Câmara Municipal de Embu e um desabafo do artista plástico, Paulo Dud, no plenário da Casa de leis.
Embu das Artes tem em sua história a altivez de concentrar nomes como Solano Trindade, Sakai, Mestre Gama, Agenov, Cássio M’Boy, entre outros expoentes e que deram sua contribuição para que o município se torna-se referência em turismo na região, além de carregar em seu nome a nomenclatura “das artes”.
Saudosismo a parte, a data 8 de maio que é destinada a esses detentores da alma embuense foi partilhada simbolicamente por uma exposição de fotos na entrada da Câmara Municipal e teve um ato conduzido pelo artista plástico, Paulo Dud, em 10 minutos de fala no plenário da Casa de Leis da cidade.
Dud, que é um hippie assumido e carrega em suas vestimentas o simbolismo da época em que jovens lutavam contra a repressão de estados totalitários com flores e música, descreveu como de praxe sua angustia por ver companheiros de tela, pincel e outras ferramentas desvalorizados em sua própria terra pátria.
Paulo Dud falou sobre a importância da data que é referência para seus companheiros e exaltou a luta pessoal de cada um para se manter no ofício que a cada ano se torna mais difícil, devido a industrialização exacerbada e a concorrência desleal. Para aqueles que circulam aos finais de semana na feira realizada no centro histórico é sabido que a ateliês apenas vendem “suvenir” confeccionados em sistema industrializado e não beneficiam artistas locais.
Como contexto da depressão que assola a cidade, a vereadora Rosana (PMDB) citou o exemplo de Richard, artista plástico que encantavam turistas por sua arte no trabalho com obras de ferro. O ferreiro, que era destaque tempos atrás na palhoça, ponto central da feira, sofreu duros baques da vida, tendo perdido mulher e filhos que o renegaram devido o vício em álcool e a falta de apoio acabou por conduzir sua bela história à realidade. Hoje, o “alemãozinho”, como é conhecido, está na condição de mendicidade, perambulando pelos rincões do município sem um norte, sem sua arte.
Ele, que veio da Alemanha, região de Friburg, chegou ao Brasil em 1978 a convite da Igreja católica para realizar trabalhos de artes plásticas. Em uma entrevista cedida em 2011 ao portal Fato Expresso, Richard Czukewitz, falou um pouco de sua história e como chegou até Embu das Artes.
“Eu escolhi a cidade de Embu para morar e na verdade, me abraçaram. Lógico que hoje me sinto mais embuense do que alemão. Aqui ensinei muitas pessoas a trabalhar com o ferro, nunca fugi aqui de Embu. Passei a morar no Jd. Pinheirinho, para mim o bairro mais importante de Embu, onde ensinei muitas pessoas. Recebia crianças das escolas municipais, particulares e do Estado em meu atelier, para que vissem como é o trabalho de um ferreiro que trabalha com forja artística”.
Richard tem em sua história 32 anos de participação na Feira de artes da cidade e muita história para se contar. “Desde 1978 participei da feira de artes de Embu, são 32 anos de vida nesta cidade, quero morrer aqui, me joguem no rio para os peixes comerem, mas tem de ser no nosso rio, o Embu Mirim. Meu desejo é igual do Panayotis. Temos um túmulo dos artistas, e lá em cima vamos todos jogar baralho”.
*Alexandre Oliveira