Maior parte dos sindicalistas filiados ao PDT mudou de partido. Na semana que vem, o metalúrgico Miguel Torres assume a central
por Vitor Nuzzi, da RBA
São Paulo – A criação do Solidariedade provocou reviravoltas nos parlamentos, mas também atingiu o movimento sindical. A maior parte dos dirigentes da Força Sindical filiados ao PDT seguiu o presidente da central, o deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, que coordenou a criação do partido e deixou a sigla do ministro do Trabalho e Emprego, Manoel Dias. O PDT era majoritário entre os sindicalistas da Força, que tem ainda nas suas bases filiados a partidos como PMDB, PSDB e PT. Praticamente rompido com o governo, Paulinho vai se dedicar à organização do Solidariedade e, para isso, deixará a presidência da central na próxima segunda-feira (28), passando o cargo para o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e da Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos (CNTM) e um dos vices da Força, Miguel Torres – que também trocou de partido.
“Acho que 90% dos sindicalistas que estavam no PDT e outros partidos foram para o Solidariedade”, estima Paulinho. Ele acredita que o número irá crescer. “Tem uma empolgação muito grande no movimento sindical. Vamos tentar organizar um partido de massa. Os atuais têm representado não causas, mas coisas. E coisas estranhas.”
Em São Paulo, por exemplo, além de Miguel, foram para o Solidariedade o secretário-geral da Força, João Carlos Gonçalves, o Juruna, a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias do Setor Têxtil, Vestuário, Couro e Calçados, Eunice Cabral, e o secretário de Relações Sindicais da central, Geraldino dos Santos Silva – que também será o responsável pela secretaria sindical do novo partido.
A lista inclui ainda os presidentes estaduais da Força no Rio Grande do Sul, o comerciário Cláudio Janta, em Santa Catarina, o vereador Osvaldo Mafra, e no Paraná, o metalúrgico Sérgio Butka – este último era filiado ao PMDB. Também migraram de partido os presidentes da central no Ceará, Raimundo Nonato (setor de construção de estradas), e em Rondônia, Francisco de Assis Pinto Rodrigues, além do diretor da Força no Amazonas Carlos Lacerda, que é secretário nacional de Relações Institucionais.
Quem também havia se filiado ao Solidariedade era o presidente do Sindicato dos Eletricitários de São Paulo, Carlos Alberto dos Reis, o Carlão, assassinado a tiros na última sexta-feira (18) perto da sede da entidade, no bairro da Liberdade, região central. O crime ainda está investigado.
A troca de comando na Força será por tempo indeterminado, segundo Paulinho, que foi reeleito em julho, durante o sétimo congresso nacional da entidade. Miguel Torres, de 55 anos, já dirigiu provisoriamente a central no ano passado, quando Paulinho disputou a prefeitura paulistana. Em 2006, ele coordenou a campanha do sindicalista para deputado federal.
Com a troca, desde a sua fundação, em março de 1991, a Força teve apenas três presidentes, todos oriundos do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo: Luiz Antônio de Medeiros (até 1999), Paulinho e, agora, Miguel Torres.
Hoje (24), o Núcleo Sindical do PSDB realiza, em Betim (MG), seu segundo encontro nacional e espera reunir mais de 600 pessoas. Dois dirigentes da Força, o deputado estadual Antonio de Sousa Ramalho (construção civil de São Paulo) e Melquíades de Araújo (trabalhadores na alimentação do estado de São Paulo), são filiados ao partido. Já o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco e região, Jorge Nazareno, o Jorginho, é ligado ao PT.