O PT de Embu demorou 18 anos para convencer os eleitores e moradores da cidade a ter o poder e administrar a prefeitura. A luta pela conquista do poder começou em 1982, quando iniciou-se a redemocratização no país, após o golpe militar de 1964 e novos partidos surgiram. O PT lançou à época, Paulo Oliveira para prefeito. Ele eve uma votação baixa, mas conseguiu eleger um vereador: Geraldo Cruz.
Em 1988 o partido concorre novamente e seu candidato a prefeito é Paulo Gianninni. Não foi dessa vez. Mas conseguiu reeleger Geraldo Cruz e eleger Maria das Graças para a Câmara de vereadores.
Em 1992, o candidato a prefeito foi Geraldo Cruz. Também não teve sucesso e o partido continuou a ter dois vereadores: Maria das Graças e Professor Toninho. Ele viria anos depois a romper com o partido e ingressar no Psol.
Em 1996 o PT fez uma coligação com o PDT, onde teve a ex-vereadora Maria das Graças como vice-prefeita. Perderam novamente e mantiveram dois vereadores: Geraldo Cruz e Zé Torin.
As vitórias só começaram a chegar a partir de 2000. E foi com a volta do vereador Geraldo Cruz à Câmara de Embu que o poder começou a deixar de ser um sonho e passar a realidade. Em 1997 o vereador Cruz denunciou irregularidades na participação de vereadores da cidade em congressos nacionais e internacionais, escândalo à época conhecido como “a farra dos congressos”. As denúncias resultaram em inquérito do Ministério Público da cidade, envolvendo 25 pessoas, entre elas 18 vereadores, assessores e funcionários da Câmara Municipal. Em 1999, ocorreu o afastamento de 18 dos 19 vereadores da Câmara de Embu. O único a não ser afastado foi Geraldo Cruz, autor da denúncia.
A repercussão foi muito forte e Geraldo Cruz, junto com o PT de Embu, começaram a ser respeitados e tidos como corajosos e honestos pela maioria da população. Nesse período Cruz começou a receber ameaças. E elas só foram concretizada quando já era prefeito. Em 28 de novembro de 2001, o prefeito sofreu um atentado na madrugada. Uma bomba de fabricação caseira explodiu na garagem da casa dele. A cama onde dormia ficou coberta de estilhaços. Os vidros da janela foram destruídos. A porta do quarto ficou aos pedaços. Até o armário foi atingido. Geraldo Cruz teve apenas cortes no pé. A explosão foi tão forte que parte da laje cedeu. O delegado seccional ficou impressionado com o poder da bomba.
Mas em 2000, Geraldo Cruz foi eleito prefeito e reeleito em 2004. Desde 1996 o Partido dos Trabalhadores já iniciava as composições políticas com outros partidos. O primeiro mandato à frente da prefeitura de Embu (ano 2000) começou com 6 partidos.
No segundo mandato, a aliança de Cruz teve 10 partidos. E continuou aumentando o apoio partidário com Chico Brito. Em 2010, Embu praticamente sozinho, consegue eleger um deputado estadual. Geraldo Cruz teve mais de 131 mil votos no total e quase 70 mil em Embu. Ratificou sua liderança política e a continuidade da confiança dos eleitores.
Para a sua reeleição a prefeito em 2012, Chico teve o apoio de 17 partidos e o PT conseguiu o quarto mandato consecutivo na prefeitura de Embu, com 60% do votos. E mais, as eleições de 2012 mostraram a hegemonia política do PT e de suas lideranças, não só com os partidos aliados, mas também com lideranças políticas, entidades sociais e empresariais.
Em agosto de 2012, em entrevista ao jornal Retrato Eleições, o Secretário de Governo e que continua no mesmo cargo, Paulo Gianninni, um dos fundadores do PT de Embu das Artes e articulador político desde os anos 80, não considerava que o PT detivesse a hegemonia política no município. Ele acreditava que estavam vivendo um momento importante em que o PT estava consolidado como força política e defendia o “projeto político”. Dizia Gianninni: “Existe um projeto político e temos muita clareza disso. O PT vai continuar com esse projeto político e respeitamos os nossos aliados. Eles estão juntos não para fazer número e sim para fazer cada vez mais e melhor. Queremos que nossos aliados exerçam seus papéis e funções importantes no fortalecimento desse projeto. A vocação de todo partido político é chegar ao poder. O partido existe para disputar a hegemonia e o poder. E é óbvio que eles tenham os seus projetos políticos. Agora, o PT também vai continuar. A ideia é essa”.
E concluía dizendo: “Se lá na frente, a gente fizer uma avaliação que esses companheiros representam e incorporaram esse projeto e que tenha algum outro nome que continue representando esse projeto, o PT não terá problema nenhum de fazer essa discussão e fechar até com outro nome de um outro partido que possa dar continuidade”.
As perguntas que ficam no ar são: o deputado Geraldo Cruz, que é do PT, tem outro projeto diferente do PT de Embu? É por isso que estará fora? Assim também é com a ex-vereadora do PT, Maria das Graças? Ou será o contrário?
(Por Wagner Corrêa – Jornal Retrato)