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Levantamento da Abraji reforça números que apontam PM paulista como maior violadora da liberdade de imprensa durante protestos. Vídeo mostra policial impedindo filmagem
São Paulo – A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) contabilizou até hoje (24) pelo menos 14 jornalistas agredidos ou detidos pela Polícia Militar de São Paulo no último sábado (22), durante cobertura da manifestação Se Não Tiver Direitos, Não Vai Ter Copa, realizada no centro da capital. De acordo com levantamento da entidade, ao menos cinco repórteres sofreram “violações” mesmo depois de terem se identificado como membros da imprensa.
“Com estes, chegam a 57 os casos de agressões e detenções de repórteres, fotógrafos e cinegrafistas cometidos por policiais militares desde junho de 2013 em São Paulo”, afirma a Abraji. De todas as ocorrências registradas nos últimos oito meses, em 56% das vezes o jornalista identificou-se como tal antes de ser agredido ou detido. Por isso, a entidade classifica a violência dos PMs como “deliberada”.
“São Paulo mostra-se a cidade mais violenta para repórteres em cobertura de manifestações: dos 133 casos de agressões registrados entre 13 de junho de 2013 e 22 de fevereiro de 2014, 63 ocorreram na capital paulista”, afirma nota publicada pela Abraji. Nesse período, ao menos 59 profissionais sofreram algum tipo de violação na cidade.
As agressões e prisões de 14 jornalistas no último sábado (22) fez com que subisse de 75,5% para 78% o número de casos em que as forças de segurança brasileiras são as responsáveis diretas pelo cerceamento do trabalho da imprensa durante manifestações no país. Policiais militares, civis e guardas municipais foram autores de 104 dos 133 casos registrados pela Abraji de junho até agora.
“A Abraji lamenta, mais uma vez, que jornalistas sejam detidos e agredidos enquanto realizam seu trabalho durante a cobertura de manifestações de protesto. Tentar impedir o trabalho da imprensa é atentar contra o direito da sociedade à informação e, em última análise, contra a democracia”, conclui.
Os jornalistas detidos temporariamente foram Sérgio Roxo (O Globo), Reynaldo Turollo (Folha de S. Paulo), Paulo Toledo Piza (G1), Bárbara Ferreira Santos (Estadão), Fábio Leite (Estadão), Victor Moriyama (freelancer) e Felipe Larozza (Vice). Os períodos de detenção variaram de alguns minutos a cerca de três horas. Roxo, Bárbara e Moriyama também sofreram agressões, sustenta a Abraji.
Bruno Santos (Terra) sofreu uma torção no tornozelo e foi atingido por golpes de cassetete enquanto tentava escapar de uma confusão em meio ao protesto. Evelson de Freitas (Estadão), Amanda Previdelli (Brasil Post), Mauro Donato (Diário do Centro do Mundo), Tarek Mahammed (Rede de Fotógrafos Ativistas), Alexandre Capozzoli (Grupo de Apoio Popular) e Alice Martins (Vice) foram agredidos com cassetetes, golpes de escudo ou chutes.
Um vídeo publicado ontem (23) no YouTube mostra um policial abordando um cinegrafista que filmava a prisão de um manifestante. Um jovem está sentado na rua, com as mãos para trás, rodeado por três PMs. Um deles revista sua mochila. De repente, um soldado se aproxima da câmera e pergunta: “Vocês são da imprensa? Você está com crachá da imprensa?” Ao ouvir a negativa do cinegrafista, decreta: “Então você também está preso.”
por Redação RBA