Por Allan Robert P.J.
Os italianos acreditam-se melhores cozinheiros que os franceses. Os franceses fingem ignorar o sucesso da cozinha italiana no mundo. Minha mãe já foi proprietária de restaurante francês e de restaurante italiano. Posso opinar sem medo de ferir egos: o melhor prato é aquele que está ao meu alcance.
Havia prometido algumas receitas da cozinha italiana. Aqui vai a primeira. Como acontece em todo o mundo, fazemos uma imagem dos países que não conhecemos que não corresponde à realidade. A culinária italiana é muito mais simples do que encontramos pelos restaurantes mundo afora. No dia a dia italiano come-se macarrão com alguma verdura salteada na frigideira e um segundo prato de carne, macarrão com molho de tomate simples ou, raramente, um ragu (molho à bolonhesa).
Pratos pesados e molhos mirabolantes não costumam ser oferecidos nos cardápios locais. O leitor vai precisar de um pouco de jogo de cintura, pois não costumo impor receitas rígidas. As quantidades não chegam a fazer diferença. Use o seu instinto. E faça um segundo prato à base de carne, frango ou peixe.
Spaguetti número 5 (se achar, use o Barilla)
Salsinha fresca batidinha
Pimenta seca (no Brasil, use a malagueta. Na Itália, a calabresa)
Azeite extra virgem de oliva
Alho
Sal
1 Garrafa de um bom vinho
Corte o alho em pedaços grandes e coloque-o em uma tigela; corte em pedaços pequenos a pimenta, junte-a ao alho, adicione o azeite e deixe descansar por uma hora. Ponha a água para ferver em uma panela grande com um pouco de sal (há quem prefira colocar o sal depois, para não manchar a panela, mas eu o coloco antes). Quando a água estiver fervendo, coloque a massa e não mexa no primeiro minuto. Deixe cozinhar até o ponto ao dente. Escorra o macarrão rapidamente (nada de água fria para quebrar a fervura) e junte-o ao azeite com alho e pimenta. Adicione a salsinha, misture e sirva em seguida. Como o alho estará cortado em pedaços grandes, ficará fácil separá-lo no prato.
O truque é não levar ao fogo, em momento algum, o azeite com a pimenta, o alho e a salsinha. Esses ingredientes devem permanecer crus. Outra dica – que não me canso de repetir – é o ponto da massa: retire-a do fogo quando ainda estiver ligeiramente crua, pois o calor da própria massa irá deixá-la no ponto certo no momento de comê-la. E, por último: nunca, mas nunca mesmo, sirva um prato francês após uma massa como essa. Apesar de vizinhos, franceses e italianos iriam se ofender.
O vinho? Bom, se você ainda não aprendeu o que fazer com a garrafa de vinho sugerida entre os ingredientes, esqueça tudo e vá comer no Mac Donald’s. Você merece.
Allan Robert P. J., carioca de nascimento, tem 51 anos, viveu em Embu (SP) por quase duas décadas e lá se casou com Eloá, em 1987. Mudou para Salvador (BA) onde estudou Economia e o casal teve duas filhas. De lá, foram para a Itália, onde vivem atualmente. Allan é micro empresário do ramo automotivo, e Eloá trabalha no ramo de alimentação. Ambos têm raízes (amigos e parentes) na ‘ponte’ Embu-Assis-SP. Allan é irmão dos advogados Bruce P. J. e Dawidson P. J., radicados em Embu. Dawidson já foi do primeiro escalão da Assessoria Jurídica da Prefeitura de Embu no governo Geraldo Puccini Junior (1993-96), e ambos já participaram da diretoria da subsecção da OAB de Embu”.