**Por Allan Robert P. J.
…Não falo das máquinas projetadas para facilitar a vida e – teoricamente – deixar-nos livres para gozar melhor o tempo. Aquelas máquinas que torram o nosso suado dinheiro, mas que nos obrigam a questionar como fazíamos antes, sem elas. Máquinas de lavar, telefones e aviões: tudo isso é útil. Tampouco penso àquelas outras, que cada vez mais substituem braços humanos nas fábricas, cujos projetistas, sabiamente, evitam desenvolver com formas humanas. Nem daquelas que mexem com as nossas emoções e nos tornam obesos preguiçosos, como os televisores e os vidros elétricos dos carros, não. Estou me referindo às máquinas de uma geração mais jovem, que completam o trabalho de exterminar um dos últimos prazeres da nossa civilização. A minha guerra é contra as máquinas de distribuição automática de café, doces e salgados.
A Itália está se transformando num enorme fast food, com o que existe de pior nesse ramo. Sabe aquela gentileza empresarial de oferecer um café fresquinho e grátis ao visitante? Pois é, na Itália não existe. O fornecedor ou cliente já terá tomado o seu café na máquina da sala de espera. E, se estiver com fome, pode fazer uma boquinha com salgadinhos, chocolates, doces, sanduíches e até pratos prontos, além dos sucos, chás e refrigerantes. E café, é claro. Tudo devidamente industrializado. Alguém está enchendo os bolsos graças a obesidade alheia.
Com exceção das escolas do ensino fundamental, onde são proibidas, as máquinas de guloseimas já fazem parte da arquitetura italiana. “Precisa deixar um canto com uma tomada para a máquina de café.” Não raro, quem não tem tempo de sair para almoçar acaba se entupindo de calorias, química pastosa e formol (por que ninguém irá conseguir me convencer que um sanduíche de atum com maionese dure um mês sem aditivos). Só na sede da empresa onde trabalhava eram nove máquinas, que vendiam muita coisa que médicos e nutricionistas aconselham evitar. O bar mais próximo ficava a 30 metros da empresa. Apesar disso, as máquinas eram reabastecidas a cada dois dias.
Os italianos nem se dão conta de que estão abrindo mão da alimentação sadia e diversificada que atrai milhões de turistas todos os anos. Vão acabar matando a galinha, enriquecendo médicos e fabricantes da má alimentação
Estações de trem, shopping centers, faculdades, museus, e até nos diretórios dos candidatos às eleições e sedes dos partidos. Em todo lugar estarão as tais máquinas e os consumidores. Definitivamente, a Itália está cada vez mais parecida com os Estados Unidos. O que não é, necessariamente, uma coisa positiva.
**Allan Robert P. J., carioca de nascimento, tem 51 anos, viveu em Embu (SP) por quase duas décadas e lá se casou com Eloá, em 1987. Mudou para Salvador (BA) onde estudou Economia e o casal teve duas filhas. De lá, foram para a Itália, onde vivem atualmente. Allan é micro empresário do ramo automotivo, e Eloá trabalha no ramo de alimentação. Ambos têm raízes (amigos e parentes) na ‘ponte’ Embu-Assis-SP. Allan é irmão dos advogados Bruce P. J. e Dawidson P. J., radicados em Embu. Dawidson já foi do primeiro escalão da Assessoria Jurídica da Prefeitura de Embu no governo Geraldo Puccini Junior (1993-96), e ambos já participaram da diretoria da subsecção da OAB de Embu”.
Eu odeio maquinas!!!
Na minha primeira vez na EU, a dona fechou o hotel as 18 horas e eu fiquei trancado so com umas maquinas de chocolates horriveis, e que
nao aceitavam dolares, na epoca ainda era do Deutschmark.
Contei a historia na epoca, no Fato Expresso ainda em papel!!!
Fui pra casa do Edi e da Claudia Anconi!!Vc foi nosso assunto em varias conversas!!!
De vc ainda tenho saudade!!!!
Beijos embuenses…
Vitor,
Lembro que você chegou a fazer um curso de informática quando ninguém sabia o que era: como pode odiar máquinas? 🙂
A saudade é um sentimento contagioso. Também tenho muita saudade de você. Quem sabe nos veremos em breve?
Abração