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Na quinta-feira (7 de abril), Dia Mundial da Saúde, cerca de 160 mil médicos que prestam serviços a convênios médicos suspenderam por 24 horas o atendimento a pacientes dos planos de saúde. A Paralisação Nacional do Atendimento aos Planos de Saúde foi realizada em vários estados brasileiros.
A mobilização teve como objetivo a abertura de diálogo com as empresas de saúde. Os médicos reivindicam reajuste na remuneração e a garantia da autonomia dos profissionais no atendimento dos pacientes.
Cid Carvalhaes, presidente do Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp) e da Federação Nacional dos Médicos (Fenam), explica que há muito tempo a categoria tem tentado estabelecer um diálogo com as empresas. No entanto, segundo ele, até hoje não houve “a menor manifestação de entendimento por parte das operadoras de seguro saúde”.
Durante a paralisação, foram suspensos os atendimentos de consultas e procedimentos eletivos – aqueles marcados com antecedência -, que deverão ser reagendados para outras datas. Os casos de urgência e emergência foram atendidos normalmente. “Estão falando que a paralisação é contra os pacientes, pelo contrário, estamos defendendo os interesses dos pacientes”, esclarece o médico.
Carvalhaes defende que, ao reivindicar melhores condições de trabalho para os médicos, a categoria busca também garantir os direitos dos usuários de convênios médicos. “Os pacientes têm sido agredidos de maneira muito violenta, por conta de uma série de restrições que se impõem em favor dos planos de seguro saúde”, relata.
Entre as violações cometidas pelas empresas de saúde, o médico destaca a interferência na autonomia do médico no tratamento de seus pacientes. “[As operadoras] dificultam o atendimento, impedem procedimentos, alteram sequência de internações hospitalares, alteram indicações de procedimentos cirúrgicos, forçam a alta administrativa porque suplantou o tempo de permanência administrativa do paciente no hospital desrespeitando as suas necessidades e restringem internações em UTI”, descreve Carvalhaes.
No que se refere à remuneração, os médicos afirmam que recebem hoje em média R$ 27 por consulta das operadoras de planos de saúde. De acordo com eles, o custo de manutenção do consultório fica em torno de R$ 19 por atendimento, o que faz com que a remuneração do médico fique em torno de R$ 11 por paciente.
A categoria chama a atenção para o fato de, entre 2000 e 2011, o valor dos planos de saúde teve um reajuste médio de 133%, enquanto a inflação no mesmo período, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), foi de 106%. Ainda conforme o Simesp, nesse período, “enquanto o valor pago aos especialistas subiu apenas 44%, as operadoras atingiram 129% de crescimento no faturamento”.
Carvalhaes diz que os médicos esperam que, através do diálogo, possa-se estabelecer um contrato que defina normas e regras para a contratação e dispensa de médicos, além de remuneração digna para os profissionais, com previsibilidade de reajustes anuais. O presidente da Fenam afirma que a categoria também têm atuado em prol de melhorias do sistema público de saúde. “O tema da saúde pública nós temos tratado com os secretários de saúde e governadores de diversos estados, com o ministro da Saúde e com as autoridades sanitárias do país”, relata. A mobilização, segundo ele, foi voltada somente à questão dos planos de saúde, por se tratar de um outro tipo de administração, que não é regida pelo Estado. “A saúde suplementar é de interesse mercantil, interesse lucrativo das empresas e que a gente trata em um outro patamar”, explica.
(Michelle Amaral, Da Redação do Jornal Brasil de Fato)