Teia Cultural surpreende e leva turistas e embuenses a dançarem o Maracatu Paulista. Evento que teve a participação de 20 municípios da região oeste do Estado de São Paulo a 1° Teia Cultural conduziu visitantes e embuenses a experimentarem a miscigenação da cultura Brasileira
Com a ilustre presença do ator e secretário de Políticas Culturais do Ministério da Cultura, Sérgio Mamberti (o eterno Dr. Victor do Castelo Rá-Tim-Bum) representando a ministra Ana de Hollanda (Cultura), a 1° Teia Cultural reuniu no Embu das Artes os 50 Pontos de Cultura da Macrorregião Oeste do Estado de São Paulo, no último final de semana, de 20 a 22 de maio, valorizando o projeto ‘Cultura Viva’ que instituiu os Pontos de Cultura nos municípios.
A 1° Teia regional foi o marco para a promoção da troca de experiências entre os Pontos de Cultura espalhados pelo Estado de São Paulo. Na abertura do evento houve a reunião de lideranças regionais como o secretário de Cultura de Embu, Paulo Oliveira, a artista e responsável pelo Ponto de Cultura do Teatro Popular Solano Trindade, Raquel Trindade, Roberto Bicelli, poeta e diretor da FUNARTE, Vera C. Athayde, da Comissão Paulista dos Pontos de Cultura, o representante dos Pontos de cultura ligados à comunidade Indígena, índio Bu’ú Ye’ Pamahsã, Pedro Jatobá do Pontão Iteia/PE, e o prefeito da cidade, Chico Brito.
Abrindo a roda de discursos na abertura do evento o secretário de Cultura, Paulo Oliveira, levantou a questão da dificuldade na realização de políticas públicas no Brasil. Em suas palavras a execução de projetos culturais sofre demasiada dificuldade em vista dos baixos investimentos e dos significativos cortes que a pasta sofre ao longo das administrações, caracterizando assim maior desafio na idealização e construção de projetos culturais. Paulo exaltou a existência do programa Mais Cultura, criado pelo Ministério da Cultura no apoio a iniciativas culturais espalhadas pelos municípios do país. “Os Pontos de Cultura com o projeto Mais Cultura se constituem como um marco, onde começa a se ter a Cultura como política pública e não apenas como política de governo, de gestão”, declarou o secretário.
Paulo Oliveira também apoiou a Ministra da Cultura, Ana de Hollanda, que recentemente sofreu com acusações acerca de sua eficiência na pasta. Para ele, Paulo, a ministra sofreu preconceito por ser mulher. “Hoje não se faz políticas públicas sem ferir interesses particulares e egoístas e a ministra está lutando em prol as essas políticas”, completou.
Raquel Trindade agradeceu a todos que trabalharam para a realização da Teia. Ela também reconheceu a importância da participação dos Pontos de Cultura ligados à comunidade indígena. Pedro Jatobá do Pontão Iteia/PE levantou a questão da falta de incentivo aos projetos culturais e a importância do Programa Cultura Viva do Ministério da Cultura. ”Se a gente não consegue viver da nossa arte e às vezes a gente cogita em arrumar um emprego, para ganhar alguma coisa, um salário, é porque infelizmente existem grandes entraves hoje que impedem o artista brasileiro de viver da sua cultura. E é essa luta que o Programa Cultura Viva, os Pontos de Cultura, que os Portões de Cultura, que no caso eu represento, estão justamente lutando para tentar modificar”, declarou Jatobá.
Em sua fala, Roberto Bicelli, poeta e diretor da FUNARTE, lembrou a todos que já frequentou o Embu desde 1984 em visitas a casa do escultor Mestre Assis. Ele expressou sua satisfação com a oficialização do nome Embu das Artes. “Outra coisa não era naquela época no Barraco do Assis do que um ponto de Cultura”, disse Bicelli.
Sérgio Mamberti também iniciou seu pronunciamento relembrando o passado. Segundo o ator e secretário de Políticas Culturais, seu vínculo com Embu das Artes aconteceu desde seus estudos em arte dramática, onde conheceu Solano Trindade e pôde aprender danças tradicionais afro, como o Maracatu e o Coco. “Eu estava fazendo a escola de Arte Dramática e fazia as aulas com Solano e participava muitas vezes das apresentações do Teatro Popular Brasileiro, justamente pela minha profunda identidade com essas raízes que esse grande poeta, esse grande agitador, certamente um dos grandes brasileiros do século passado, que hoje atravessa o século e continua aqui através da obra de seus descendentes, mas também da semente que ele plantou e que está aqui no coração de Embu.
Mamberti reforçou que sua postura à frente da Secretaria de Políticas Culturais no Ministério da Cultura busca garantir a Cultura como direito constitucional. ”O que a gente tem procurado esses anos todos no Ministério da Cultura é ver a Cultura como garantia de direitos. Garantia de direito à cidadania, porque a gente sabe que é muito importante que essa diversidade cultural esteja bem representada”, declarou Mamberti.
A farra dos tambores
Após as declarações na abertura da 1° Teia Regional que aconteceu na noite de sexta, 20, as apresentações de grupos se iniciaram no coreto da praça central do município, no Largo 21 de abril, e se estenderam pela noite. Embalados pelo grupo Votubumba, com seus tambores e atabaques, os presentes ao Encontro da Teia e os munícipes que transitavam no local puderam dançar ao ritmo do Maracatu e se envolvendo com a diversidade cultural brasileira. A noite também contou com a apresentação das Adoradoras de Santa Cruz que cantaram e louvaram como forma de simbolizar sua arte. Também houve a participação do grupo de tradições japonesas com sua performance com os tambores tradicionais (Taikô) e os músicos Vitor Trindade, Zinho e sua avó Raquel Trindade, arrancando aplausos do público presente.
O sábado e domingo contaram com uma agenda vasta de atividades. Participantes provindos de Caieiras e outras regiões afastadas permaneceram no município alojados pela Prefeitura na Escola Municipal José Arnaldo Melloni. Ao todo cerca de duas mil pessoas participaram das atrações nos três dias de atividades ligadas à Teia Cultural.
(Por Alexandre Oliveira, para o Fato Expresso)