Sob vaias e protestos a reunião que deveria ser a ultima Audiência Pública sobre o Plano Diretor de Embu, realizada na casa de shows O Caipirão na noite de segunda-feira, 27, não teve caráter válido para a justiça. Impedida de ser realizada por uma liminar judicial proferida pela Dra. Denise Cavalcante Fortes Martins, Juíza de Direito da 3ª Vara do Forum da Comarca de Embu, a reunião serviu apenas para mais uma apresentação de slides com os dados das 39 reuniões realizadas anteriormente. O evento foi marcado pelos protestos de populares que não estão contentes com as propostas do Plano Diretor, principalmente na questão dos corredores comerciais e industriais em regiões como o bairro do Itatuba, com extensa concentração de florestas e chácaras residenciais.
A Audiência Pública foi suspensa após pedido em conjunto de várias entidades junto à Promotora da Procuradoria Ambiental, Dra. Roberta Cassandra Moraes. Assinaram o pedido as seguintes entidades: Sociedade Ecológica Amigos de Embu; IBIOCA – Nossa Casa na Terra; Casa de Cultura Santa Tereza; Sociedade Amigos do Jardim Tomé – SAJT; Associação dos Moradores e Proprietários do Jardim Colibri; Condomínio Vila Real do Moinho Velho – VRMV; Associação Acorde – Oficinas para o Desenvolvimento Humano; Grupo Ecológico Calangos da Mata; Associação de Moradores em Defesa da Granja Viana – MDGV; Residencial Granja 26; Associação de Amigos do Jardim Algarve; Associação dos Amigos da Paisagem Renoir II e III; Creche da Fraternidade; Associação Amigos de Bairro da Chácara Bartira; Condomínio Meu Recanto; Associação dos Proprietários do Parque das Artes, Grupo de Poetas Itatuesia; Sociedade Ambiental Terceiro Milênio.
Discursos inflamados
Segundo indicou o prefeito em entrevista após o evento, a acusação para o pedido de liminar baseou-se na “não disponibilização” para a população, com o prazo de 15 dias anteriores à data da audiência final, da minuta com o texto da revisão do novo Plano Diretor. “A Lei só exige uma audiência e nós fizemos 39. Essa reunião foi justamente para apresentar a minuta e nós cumprimos o prazo. A Lei diz que você precisa deixar por 15 dias a minuta final em exposição e nós deixamos, e hoje era para fazer a apresentação do que foi acatado de modificações, então nós cumprimos tudo e muitas propostas que eles apresentaram (os ambientalistas) nós também acolhemos, e nesse texto base tem propostas deles também; agora não dá para nenhum segmento, nem os empresários nem os ambientalistas quererem impor um ponto de vista”, rebateu o prefeito Chico Brito.
Ouça sua entrevista:
O protesto direcionado ao novo texto da revisão do Plano Diretor municipal deve-se a questões controversas, como o dispositivo para a implantação de corredores industriais e logísticos (Áreas Mistas) que deverão ser implantadas em bairros como Itatuba, região conhecida por concentrar grande biodiversidade e uma extensa flora.
Segundo os manifestantes, o texto da revisão do Plano Diretor não considera as determinações da APA Embu – Verde e da Sociedade Ecológica Amigos de Embu que prevê que “o corredor ocuparia 1 milhão de metros quadrados, equivalente a 121 campos de futebol, o que provocará impacto ambiental com consequências irreversíveis”.
Para o munícipe Renato Frangione, morador do bairro Itatuba que esteve presente na reunião com caráter de Audiência, o Plano Diretor apresentado está satisfatório em questão a parte urbana, mas, segundo ele, na parte rural desconsidera as Áreas de Proteção Ambiental (APA). “Além de não considerar a APA ele cria um corredor, que é um corredor chamado Zona Mista de Comércio e Serviços, e que se fosse só isso até ai tudo bem, mas no transcorrer da leitura do Plano é observado que ele é permissivo para Indústria e Logística, e a isso é só vermos o JD Tomé no que foi transformado e ao longo da BR 116, com galpões gigantescos, retirada total da mata, terraplanagem e é isso que eles querem fazer lá na minha região?” questionou Frangione.
De acordo com o conselho Gestor da APA Embu – Verde o zoneamento proposto pela revisão do Plano Diretor é “altamente permissivo” e “não considera as propostas das comunidades, privilegiando os interesses de especuladores imobiliários na região”.
Controvérsias
O novo Plano Diretor é o instrumento de política pública voltado ao planejamento e gestão do desenvolvimento territorial da cidade, e está gerando um intenso debate sobre as necessidades do município no campo empresarial e a conservação de sua extensa área de vegetação, parte dela dentro de área de proteção aos mananciais.
Embasados em argumentos de caráter interpretativo, ambientalistas do município pedem a revogação do texto que prevê extensas áreas mistas com a possibilidade de instalação de indústrias e logística (galpões de transferência de carga), o que para o Conselho Gestor da APA Embu – Verde e Sociedade Ecológica Amigos de Embu, será um grande decréscimo para regiões pouco valorizadas pelo poder público.
Exemplos da desvalorização territorial mencionada podem ser encontrados em bairros como o Jd. Magali, onde foram instalados imensos galpões para logística de empresas de grande porte, tendo como saída a Regis Bittencourt (BR 116), onde a população local em nada se beneficiou, sofrendo por problemas como malha viária deteriorada e um intenso trânsito de veículos de carga pesada em uma região residencial, sem contar os imensos aterros que colocam nova topografia nos fundos dos lotes populares, colocando em risco moradores pobres de fundos de vale.
De acordo com o texto do novo Plano Diretor, haverá a ampliação da Zona Empresarial ao longo da Rodovia Regis Bittencourt, ”visando dinamizar as atividades econômicas nas imediações do Rodoanel”. O texto segue com a indicação de rotas para a viabilização das Zonas Mistas, amparadas pelo art. 60 (TÍTULO III; DA ORDENAÇÃO DO SOLO – Capítulo I: Do Zoneamento).
São as áreas: Circuito 1 – Estradas de Itatuba, Estrada Velha de Cotia, Estrada da Ressaca. Circuito 2 – Rua Sete de Setembro, Estrada Benedito Matias de Camargo, Estrada Maranhão, Estrada Ponta Porã, Estrada do Capuava, Avenida Sete de Setembro, Estrada da Repartição e Estrada Professor Cândido Motta Filho. Circuito 3 – Avenida Rotary, Estrada de Itapecerica – Campo Limpo, Avenida Aimará e Rua Augusto de Almeida Batista.
Apoio
Independente das acusações indicadas pelas Associações ambientais, a proposta para a revisão do Plano Diretor ocorrida oito anos após a sua última revisão, como lembrou o prefeito Chico Brito em discurso, está sendo
amplamente apoiada por populares e políticos que entendem que o município precisa de um avanço no setor industrial, para contar com um maior orçamento em sua arrecadação e desenvolver áreas ainda carentes, além de gerar empregos e serviços na cidade.
Paulo Oliveira, secretário de Cultura de Embu, se manifestou a favor ao novo Plano e se diz apoiador do processo, pois, segundo ele, o projeto “contempla grandes avanços para a região”.
Ouça o que disse o secretário:
(Alexandre Oliveira, para o Fato Expresso)
Não sou Advogado, mas sei o suficiente para saber que se essa Liminar foi concedida, é porque de fato algo estava errado, caso contrário, a Liminar não teria sido co cedida.
E o que se quis com essa Liminar, foi somente mais tempo para discutir o “Corredor Empresarial”, pois em todas as audiências públicas esse “Corredor Empresarial” não foi apresentado para discussão, não de forma clara e transparente como devia e podia ter sido feito.
Se a Prefeitura quer de fato GERAR empregos, como está sendo o “jargão” espalhado aos quatro ventos, vamos ver os “galpões” (empresas de logística) que já se instalaram na Estrada Dona Maria José de Ferraz Prado e ver quantos empregos geraram…
Quantos empregos por metro quadrado gera uma empresa de logística? O que sei é que para serem instaladas, necessitam de enormes áreas e no nosso caso, estamos falando de devastação de áreas verdes, gerando um enorme impacto ambiental e enormes congestionamentos.
Na mesma Estrada tem uma enorme área ocupada por “carcaças de carros” que estão contaminando seriamente o solo e os mananciais da região, e que também gera quase nada de empregos… e recolhe aos cofres públicos quase nada de impostos. Por que não construírem um Centro Comercial nesse local? Aí sim irá gerar empregos e sem devastar mais nada e ainda protegeria o solo da atual contaminação. E mais, traria muitos benefícios para os Munícipes locais com comércio.
Ninguém aqui é contra Empresas e empregos, muito pelo contrário, pois TODOS precisam de emprego.
Mas podemos ter empresas nos locais certos e sem ter que desmatar.
Por que finalmente o Embu das Artes não investe no TURISMO? Vejam a quantidade de cidades turísticas espalhadas pelo Brasil e que são Municípios RICOS.
O setor de serviços emprega muito mais do que o das indústrias, isso é fato!!!
Podemos ter Hotéis e Pousadas para que as pessoas passem a de fato visitarem o Embu e dormirem no Embu, que é o que se faz em cidades turísticas. E esses turistas gastam com refeição e com compras. Essas compras podem ser de artesanatos, mobílias, quadros, plantas, bolsas, lembrancinhas, enfim, dezenas de outras coisas. Isso sim gera empregos e dá oportunidades para todos.
Enfim, temos muitas outras opções para gerar empregos e trazer riquezas para o Embu da Artes, que no passado também detinha o título de “Capital da Ecologia”.
Senhores.
Li a matéria sobre: “Judiciário impede audiência pública do Plano Diretor de Embu” e quero informar que, apesar de concordar com o conteúdo da matéria, como membro do Conselho Gestor da APA Embu Verde, a inclusão da Associação dos Amigos de Parque das Artes, onde resido, como um dos autores da liminar que ocasionou essa suspesnão não é verídica, mesmo porque o Parque das Artes não foi sequer consultado.
Arbitrária, como citou um senhor abaixo, é a postura do Poder Público!É irresponsável propor um Corredor Empresarial de tal porte, numa região de extrema importância ambiental, sem no MÍNIMO realizar um PRÉVIO E APROFUNDADO estudo de impacto. Todos queremos empregos! E todos queremos um meio ambiente saudável. Porque não propor soluções não impactantes nesta região? Porque é preciso seguir um modelo econômico do século passado? Precisamos evoluir!
EXCELENTE COMENTÁRIO!
“Associação Comercial, INDUSTRIAL e Serviços de Embu” faz um desagravo?… Tá.
queria meu voto de volta,mas não é possível.O prefeito conclamou-nos à uma audiência pública que foi impedida de ser realizada por uma democrática liminar.Aí ele mostrou quão pouco está preparado para o serviço público. Começou a berrar,todo irritado,fazendo colocações que davam a entender que uma parte do povo estava contra o bem estar comum.POVO CONTRA POVO.Num galpão fechado com mais de 1000 pessoas, se ele estivesse querendo uma tragédia ficou mais uma vez frustado.Há de chegar o dia em que possamos pedir nossos votos de volta.O meu o Chico Brito não pega mais!
DESAGRAVO AO MANIFESTO DE: SOCIEDADE ECOLÓGICA (SEAE) – ASSOCIAÇÃO IBIOCA – NOSSA CASA NA TERRA
A ACISE – Associação Comercial, Industrial e Serviços de Embu vêm a público lamentar atitude de entidades que se intitulam representantes da SOCIEDADE CIVIL ORGANIZADA, em detrimento a dezenas de entidades presentes, a que seria a 40º Audiência Pública do Plano Diretor da Cidade de Embu e expressar SOLIDARIEDADE as entidades, membros do poder público e centenas de pessoas presentes na reunião, “representantes legítimas de setores da sociedade” e discordar das que se elegem de maneira prepotente e arbitrária, porta voz de todos os setores sociais da cidade de Embu, ignorando sua territorialidade, adensamento populacional e proporcionalidade, que divulgam de forma incompreensível, seu manifesto contendo inverdades, ignorando e até duvidam da capacidade de discernimento de milhares de indivíduos que testemunharam o que de fato ocorreu no evento, marcado com antecedência, em horário e local determinado.
Hillmann Albrecht – Presidente
LEI FEDERAL N° 9.985 – DE I8 DE JULHO DE 2000
Regulamenta o art. 225, § Iº, incisos I, II, III e Vll
da Constituição Federal, institui o Sistema
Nacional de Unidades de Conservação da
Natureza e da outras providências.
CAPÍTULO II
DO SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA –
SNUC
Art. 3° O Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza –
SNUC é constituído pelo conjunto das unidades de conservação federais, estaduais
e municipais, de acordo com o disposto nesta Lei.
Art. 4º O SNUC tem os seguintes objetivos:
I – contribuir para a manutenção da diversidade biológica e dos recursos
genéticos no território nacional e nas águas jurisdicionais;
II – proteger as espécies ameaçadas de extinção no âmbito regional e
nacional;
III – contribuir para a preservação e a restauração da diversidade de
ecossistemas naturais;
IV – promover o desenvolvimento sustentável a partir dos recursos naturais;
V – promover a utilização dos princípios e práticas de conservação da
natureza no processo de desenvolvimento;
Vl – proteger paisagens naturais e pouco alteradas de notál beleza cênica;
Vll – proteger as características relevantes de natureza geológica,
geomorfológica, espeleológica, arqueológica, paleontológica e cultural;
VIll – proteger e recuperar recursos hídricos e edáficos;
IX – recuperar ou restaurar ecossistemas degradados;
X – proporcionar meios e incentivos para atividades, de pesquisa científica,
estudos e monitoramento ambiental;
Xl – valorizar econômica e socialmente a diversidade biológica; :
Xll – favorecer condições e promover a educação e interpretação
ambiental, a recreação em contato com a natureza e o turismo ecológico;
XlIl – proteger os recursos naturais necessários a subsistência de
populações tradicionais, respeitando e valorizando seu conhecimento e sua cultura
e promovendo-as social e economicamente.
É necessário enxergarmos o problema com uma visão ampla para entender o que realmente está em jogo. De nada vale cumprir requisitos burocráticos de uma lei ou outra para que alguém possa aumentar seus lucros. O que vale é que temos que preservar o que ainda nos resta de fauna e flora. Não se deve ceder a pressões econômicas quando o que está em jogo é vida.
Diante de tudo o que presenciei no dia 27/06/2011, só tenho uma coisa a dizer, que em minha opinião, já deveria ser o suficiente para finalizar qualquer tipo de discussão: LEI FEDERAL N° 9.985 – DE I8 DE JULHO DE 2000, Capítulo III. A lei é clara, tendo isso em vista, ao invés de dividir o Embu das Artes em dois grupos e criar uma guerra, deveríamos unir esforços para traçar caminhos sustentáveis de desenvolvimento para essa região da cidade.
Instalação de grandes galpões e áreas de logística não significam geração de grande número de empregos,como falsamente é alegado pelo prefeito de Embú, mas significa, sim, destruição de grandes áreas verdes que necessitam ser preservadas, com grande degradação ambiental, por todo movimento de terra que será feito. Além disso, o aumento do volume de tráfego pesado decorrente de tais alterações, contribuirá para piorar ainda mais para a já crítica situação das ruas e avenidas estreitas do Embu e suas adjacências, de difícil circulação, bem como agravará a qualidade de vida dos moradores do Embú das Artes. Os únicos beneficiados serão os especuladores e e uns poucos interessados. A população, mais uma vez, será enganada pelas falsas promessas de políticos não comprometidos com os reais interesses da sociedade. Os reflexos da destruição não se limitariam apenas ao Embú das Artes, mas seriam extensivos a toda a área de influência dos mananciais e ecossistemas da região, que compreendem até mesmo a cidade de São Paulo.
Apenas pessoas desprovidas de bom senso ou mal-intencionadas podem apoiar a destruição que será levada a efeito, caso seja aprovada a alteração na forma pretendida pelo prefeito de Embú. Por isso, a necessidade da mobilização e luta de todos para que tal atentado não se concretize, e se faça respeitar a legislação de proteção ao meio ambiente, com auxílio do Ministério Público, se preciso for.
Representantes do povo que sequer se dispõem a discutir abertamente com a comunidade o novo Plano Diretor, estão a serviço de quais interesses?
Políticos que sequer tratam com respeito diversas entidades representantes da sociedade civil, atuam em nome de quais valores?
Um prefeito que “bate boca” ao invés de dialogar e buscar a conciliação com o povo que representa, está realmente preparado para governar a cidade?
O caso que ora assistimos em Embu das Artes é mais um triste exemplo do despreparo técnico e ético de nossos governantes, que pouco se preocupam com o verdadeiro legado que deixarão para as gerações futuras, atuando movidos por interesses imediatistas e escusos.
Por outro lado, o POVO DO EMBU dá um exemplo a todo o Brasil de cidadania, ao lutar por seus direitos, exigindo ser ouvido e ser tratado com dignidade por seus representantes. Parabéns, povo do Embu!!! Prossigam nessa luta em defesa do futuro da cidade!
Por volta de 1975, o Embú precisou se mobilizar contra um projeto do Governo Federal que planejava construir um aeroporto internacional em Caucáia do Alto, região de Cotia.
Em pleno regime militar, a sociedade se organizou, entidades e prefeitura se engajaram, vencemos aquela guerra.
Seria um grande retrocesso destruir o que gerações lutaram para manter vivo. Sr. prefeito Chico Brito, para manter vivo a vida, uma característica da região do Itatuba. Democracia considera ouvir todos os lados, esgotar todas alternativas. É o que se espera de sua autoridade. Vamos manter vivo o Itatuba e seus animais silvestres e seus moradores conscientes de sustentabilidade.
Nenhum plano diretor pode estar acima de uma apa e de seu plano de manejo. A mata atlantica é protegida por lei federal e onde houver mata atlantica a área é de preservação permanente. As matas do Brasil já foram por demais devastadas. Urge preservação do patrimônnio verde, não só para a época atual, mas também para futuras gerações. O povo do Embu deve se juntar e não permitir este crime ecológico que querem perpretar.
PREFEITO REPUDIA PARTICIPAÇÃO DA SOCIEDADE CIVIL ORGANIZADA
Chico Brito, prefeito de Embu das Artes (SP), reage à Liminar da Justiça com indignação
Liminar da Justiça derrubou ontem a última Audiência Pública prevista pela Prefeitura para discussão da revisão do Plano Diretor de Embu das Artes. A Prefeitura acatou a Liminar com indignação e não permitiu que o Oficial de Justiça lesse o documento no início do evento, sendo que a população não pôde conhecer na íntegra o seu teor. “Nós vamos mostrar para eles (sociedade civil organizada), que são contra o povo de Embu, que é o povo de Embu que decide o rumo dessa cidade”, afirmou o prefeito durante discurso proferido contra a sociedade civil organizada.
A prefeitura de Embu das Artes, que se autointitula democrática, manipulou a população presente na reunião, tentando manobrá-la contra a sociedade civil organizada que, através da liminar, pedia apenas mais prazo para análise da Minuta do Projeto de Lei do Plano Diretor: documento complexo que demanda tempo para análise e tem enorme relevância na construção de uma cidade para todos.
Muitas das pessoas presentes no Caipirão – propriedade particular em que ocorreu a reunião, normalmente destinada a festas e apresentação de shows musicais – chegaram de ônibus fretados especialmente para a ocasião e não sabiam do que se tratava o evento. Luciana da Silva*, moradora do bairro Jardim da Luz, perguntou a um grupo de pessoas de que se tratava. “A gente veio de ônibus porque falaram que era uma reunião para quem se cadastrou no programa Minha Casa, Minha Vida”, explicou a moça. Ao ser informada de que se tratava de uma Audiência Pública para discussão da revisão do Plano Diretor da cidade, Luciana concluiu: “É que nem a campanha Leve Leite. Me mandavam sempre participar de umas reuniões que não tinham nada a ver, mas eu tinha que ir para não perder o leite”.
Durante o discurso proferido contra a Liminar da Justiça e contra a sociedade civil organizada, o prefeito Chico Brito gerou dúvidas quanto a sua postura democrática, pois não permitiu que representantes de entidades e moradores se pronunciassem publicamente, defendendo-se das acusações proferidas. Em vez de conciliar interesses e privilegiar a democracia, Chico Brito tentou dividir Embu das Artes em dois grupos, fator que agride a legitimidade democrática. A Liminar foi o último recurso encontrado pela sociedade civil organizada para se fazer escutar, já que o Conselho Gestor da Área de Proteção Ambiental (APA) Embu Verde havia se pronunciado em 17 de junho e também na tarde de 27 de junho perante a prefeitura, apontando a falta de tempo para discutir a Minuta do Projeto de Lei do Plano Diretor e analisar as sugestões da comunidade.
A postura da prefeitura de Embu das Artes durante o processo de revisão do Plano Diretor leva a comunidade a questionar o porquê de tamanha pressa para a conclusão de um processo tão relevante, quando Embu ainda tem prazo de dois anos para concluí-lo. Seria um reflexo de interesses de especulação imobiliária?
Enquanto o prefeito tenta desmoralizar a sociedade civil organizada perante a população, entidades acusadas de ser “contra o povo de Embu”, como é o caso da Sociedade Ecológica Amigos de Embu (SEAE) e da Associação IBIOCA – Nossa Casa na Terra, entre outras, continuam atuando em sua vocação socioambiental junto às comunidades. A SEAE desenvolve diversos projetos gratuitos em benefício das comunidades de Embu e região, tendo mostrado várias de suas ações no Programa Ação da Rede Globo em setembro de 2010. Seus principais projetos são o Programa Fonte Escola que promove educação socioambiental para crianças e jovens e formação para professores e entidades, obtendo grande reconhecimento ao receber o Prêmio FIES (Fundo Itaú Excelência Social), em 2010; o Programa CID Ambiental SEAE Fonte com vários cursos de informática, qualificação profissional e educação ambiental, promovendo a inclusão digital de jovens e adultos; o Programa de Jovens – PJ MAIS Embu possibilitando a educação ecoprofissional de jovens e orientando para o mercado de trabalho; o Projeto Diagnóstico Socioambiental APA Embu Verde com cursos de formação em Educação Socioambiental e levantamento de flora e fauna da região da APA Embu Verde; e além disso, a equipe do Projeto Colhendo Sustentabilidade (Hortas Comunitárias nos moldes agroecológicos) presta serviços à Prefeitura de Embu realizando conjuntamente inúmeras atividades para promover práticas comunitárias, agricultura urbana e segurança alimentar com as comunidades, escolas e Unidades Básicas de Saúde.
* nome de moradora alterado
Assessoria de Imprensa de Embu 2020 – A Cidade que Nós Queremos
Indaia Emília
Jornalista – indaiaemilia@t erra.com.br
Sibélia Zanon
Jornalista – sibelia@u ol.com.br
O prefeito e seus vereadores deveriam conhecer in loco a região que eles pretendem destruir com o anel de indústrias, apelidado por eles de “Zona Mista de Comércio e Serviços”. Quem sabe, ao verem a nossa riqueza de flora e fauna, desistissem dessa sandice. Briguem lá com a oposição, senhores, contra os seus tucanos, e deixem os nossos aqui em paz.
Corretíssima a decisão da Justiça, anulando a pretensa “audiência pública” promovida pelo Sr. Prefeito, a qual não passava de um engodo para aprovação, sem discussão séria e informada, de seu plano diretor que iria deformar para sempre a face da bela Embu das Artes. Afinal, de quem é o interesse de instalar um corredor industrial em plena Área de Preservação Ambiental? Com certeza, apenas de empresários, que sequer vivem em Embu, mas possuem o dinheiro, que é o que realmente interessa. Por causa do dinheiro dos empresários, ambientalistas perdem a voz. Felizmente, existe o judiciário para atuar
É importante ressaltar que em reuniões do Conselho Gestor da APA Embu-Verde para estudar a minuta do plano diretor, a manifestação de consenso dos conselheiros enviada para o Prefeito e secretários foi de que não houve tempo hábil para analisar a Minuta, que foi postada no site da Prefeitura e comunicada por e-mail apenas no dia 20 de junho e não no dia 13, conforme diz a Prefeitura. Nas reuniões do Conselho, a Prefeitura não conseguiu apresentar nenhuma prova de que estávamos equivocados. Pelo contrário, a cada dia se avolumavam as denúncias, deixando os conselheiros mais apreensivos.
Esgotadas todas as possibilidades de diálogo, recorremos ao Ministério Público, que já vinha acompanhando há dias as denúncias de irregularidades.
A ação é fruto da indignação inúmeras entidades, muitas das quais haviam participado ativamente das reuniões preparatórias. O movimento teve orientação jurídica de lideranças do Movimento Defenda São Paulo que derrubou o plano diretor do Kassab (São Paulo).
É uma ação séria e muito bem estudada, pensando no bem coletivo, cujo único objetivo é que haja tempo suficiente para análise da minuta antes da finalização do texto da lei que irá reger a nossa cidade pelos próximos dez anos.