São Paulo – A ex-senadora Marina Silva confirmou sua saída do PV nesta quinta-feira (7). A saída foi anunciada durante um despojado, mas concorrido, evento na capital paulista. Ela não irá criar um novo partido agora, mas um movimento que pode desembocar em uma nova legenda depois das próximas eleições. Verdes titulares de mandatos eletivos permanecem filiados mas licenciados, para evitar a perda de mandato.
“Este não é o fim, é o início”, filosofou. “Eu e outros companheiros estamos nos afastando do partido.” Marina destacou que o ato consiste no começo de um movimento que não representa a concretização de uma nova legenda. Ela afirmou querer a adesão de mais gente à causa, especialmente de pessoas que não estejam contentes com o atual sistema político.
Candidata terceira colocada à presidente em 2010, Marina Silva teve quase 20 milhões de votos. Além dela, Guilherme Leal (seu candidato a vice-presidente em 2010), o empresário Ricardo Young, ex-secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente João Paulo Capobianco e outras lideranças confirmaram a saída.
A jornalistas, após o evento, Marina não confirmou nem desmentiu candidatura à Presidência da República em 2014. “Quero ver como será minha melhor contribuição. Sou melhor para pedir votos aos outros”, disse, sorrindo.
“Não se faz partido só pensando em eleição. A gente tem de reinventar a política e esta é a forma que encontrei”, afirmou. “Se não podemos remendar o que está errado, é preciso fazer algo novo. É uma questão de democracia, não de pragmatismo.”
Os verdes que acompanharam Marina no “Encontro Por Uma Nova Política” acusam discordâncias inconciliáveis com a direção nacional do Partido Verde. Do Rio de Janeiro, o ex-deputado Fernando Gabeira participou do encontro pela internet. Ele não deixou claro se vai se desfiliar ou se licenciar do partido, mas disse que está “junto dessas pessoas para continuar adiante”.
O deputado federal Alfredo Sirkis (RJ) também acompanhou o coro. E mandou um recado: “Isto não é racha, é transbordamento”. A explicação do parlamentar, que ocupava a vice-presidência do PV e o comando do diretório do Rio, é que a legenda não conseguiu “canalizar parte desses 20 milhões de votos” por ter optado por permanecer restrita a fórmulas que ele considera ultrapassadas.
O encontro contou com uma participação inesperada, a do empresário Oded Grajew. Apesar de ter apoiado Marina em 2010, o criador do movimento Nossa São Paulo deixou claro que pretende seguir a mobilização. “(A decisão de Marina e seu grupo) é uma desfiliação de um partido mas uma reafirmação da causa.”
(Por: Virginia Toledo, Rede Brasil Atual / Colaboraram Anselmo Massad e Fábio M. Michel)