Uma cartilha com o objetivo de esclarecer dúvidas em questão à sexualidade de pais gerou polêmica no município de Embu das Artes. O material que “deveria” ser destinado a adultos foi distribuído para crianças do 4° ano da escola municipal Profa Elza Marreiro. De acordo com a reportagem, muitos pais ficaram indignados com o conteúdo produzido e exposto para cerca de 20 alunos com 9 e 10 anos.
O livro com 16 páginas demonstra bebes tirando as fraldas e se tocando uns aos outros. Há também adolescentes em camas separadas totalmente nus. A edição, segundo a prefeitura de Embu em comunicado oficial, é de 2005 e foi produzida em parceria entre o Ministério da Saúde, a Diretoria de Ensino Taboão da Serra e a secretarias municipais de Saúde e Educação, com apoio da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
A revista “Conversando e Descobrindo: a Criança e a Sexualidade” que contém ilustrações que provocaram a polêmica faz parte de um projeto do município de educação sexual. Em rede nacional a secretária de Educação, Rosemary Mendes Matos, indicou que o material “jamais poderia ter sido entregue para os alunos”.
Rosemary indicou que abrirá sindicância para apurar o motivo da cartilha ter sido distribuída erroneamente. “Nós estamos instaurando uma sindicância pra saber o que aconteceu. O que esse material estava fazendo ali, de fácil acesso pra professora pegar e fazer a distribuição”, disse a secretária.
Choque de realidade
De acordo com a coordenadora do Programa de Estudos em Sexualidade da Universidade de São Paulo (USP), Carmita Abdo, uma das maiores especialistas em sexualidade do país que analisou a revista e suas ilustrações, o conteúdo textual exposto no material está correto, mas as ilustrações comprometem a aceitação das crianças para a matéria sexualidade.
Apesar de haver uma grande quantidade de crianças que já estão familiarizadas com o tema e tiram dúvidas diretamente com os pais, o livro, segundo a especialista, contém imagens fora do contexto, acarretando confusão no entender das crianças. “É um trabalho que pode levar a não aceitar a educação sexual, que é tão importante” disse Carmita Abdo. Segundo a especialista a idéia é ótima, a linguagem adotada é objetiva e clara, mas as ilustrações poderiam ser mais discretas.
Por Alexandre Oliveira
Assista a matéria do SPTV 2° edição de sexta-feira, 8.
Nota de esclarecimento
Assunto: revista “Conversando e Descobrindo: a Criança e a Sexualidade”
O Governo da Cidade de Embu das Artes esclarece que a revista “Conversando e Descobrindo: a Criança e a Sexualidade” foi editada em 2005, ano em que recebeu o prêmio nacional Experiências Bem-sucedidas em Epidemiologia, Prevenção e Controle de Doenças (Expoepi), promovido pela Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, para premiar ações relevantes e de impacto na área, desenvolvidas pelos serviços de saúde estaduais e municipais.
A publicação, um projeto federal (Ministério da Saúde), estadual (Diretoria de Ensino Taboão da Serra) e municipal (secretarias de Saúde e Educação), contando com apoio da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e outras instituições, foi editada para levar informações a um público-alvo de famílias e estudantes das redes municipal e estadual de Embu das Artes.
Em parceria com Projeto Ecos – Educação Continuada em Orientação Sexual, Organização não Governamental, que há mais de 20 anos atua capacitando profissionais para o trabalho de educação sexual no País, a Prefeitura de Embu das Artes preparou educadores e profissionais da rede para fazer a distribuição da publicação aos pais dos estudantes. Vale lembrar que a revista contém um encarte com passatempos e recreações pedagógicas a ser entregue ao estudante, depois que recebe as informações dos pais e se estes assim decidirem.
Em 2005 foram impressos 30 mil exemplares de “Conversando e Descobrindo: a Criança e a Sexualidade” e em 2008, 50 mil, com apoio de Papel Suzano, ex-Ripasa. São 55 mil alunos da rede municipal e estadual.
A distribuição do livro “Conversando e Descobrindo: a Criança e a Sexualidade” na Escola Municipal Elza Marreiro não estava autorizada pela Secretaria de Educação, conforme padrões adotados para sua entrega às famílias desde o lançamento em 2005. Estamos apurando responsabilidades através de sindicância.
Embu das Artes, 6 de julho de 2011
Rosimary Mendes Matos
Secretária de Educação de Embu das Artes