Senadora vinha sofrendo pressões de Lula e Dilma para desistir em favor do ministro da Educação, Fernando Haddad, mas não assumiu apoio público a ele
São Paulo – A senadora Marta Suplicy (PT-SP) anunciou nesta quinta-feira (3) a retirada de sua pré-candidatura à prefeitura da capital paulista na eleição de 2012. O nome dela era um dos cinco listados pelo PT para a sucessão de Gilberto Kassab (PSD). A decisão é atribuída a um pedido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da atual presidenta, Dilma Rousseff, que defendem a indicação do ministro da Educação, Fernando Haddad.
“Como petista, não poderia recusar um pedido destes”, afirmou, durante entrevista coletiva na sede do diretório nacional do PT em São Paulo. A decisão foi tomada em conversa com Dilma na última segunda-feira (31) na capital paulista. “Tudo o que quero neste momento é que o PT volte à prefeitura de São Paulo.”
Marta não assumiu a defesa de nenhum dos pré-candidatos da sigla e afirmou que não sabe se os outros nomes que pretendem disputar a prefeitura irão se retirar em prol da chapa de Haddad. “Se o PT decidir que ele será o candidato, vou apoiar o candidato do PT, independente de quem seja”, pontuou, afirmando que comunicou sua decisão nesta quinta pela manhã em telefonema a Lula, que se submete a um tratamento quimioterápico contra um câncer na laringe e faz repouso em casa.
O ex-presidente considera que o ministro da Educação tem as vantagens de ser um rosto novo em termos eleitorais e de poder vencer a forte resistência que Marta sofre entre as classes médias e altas paulistanas. A senadora, que administrou a cidade entre 2001 e 2004, foi derrotada nas disputas pela reeleição, em 2004, contra José Serra, e por um novo mandato, em 2008, contra Gilberto Kassab. Nas duas oportunidades, o mapa da votação revelou que ela perdeu nos bairros de maior renda, ao passo que teve forte aprovação na periferia. Também por isso, o engajamento de Marta na disputa do próximo ano pode ser um fator importante para garantir o êxito de candidatos novatos em disputas para o Executivo.
Os deputados federais Carlos Zarattini e Jilmar Tatto têm reiterado que se mantêm na disputa, apesar do desejo de setores da sigla de que se retirem para evitar um processo que leve a fissuras internas. O senador Eduardo Suplicy, outro dos pré-candidatos, ainda não reuniu o número necessário de assinaturas de filiados para que possa participar das prévias, marcadas para o dia 27 deste mês.
A senadora reconheceu que sua participação no processo poderia levar a um racha que acabaria por prejudicar os petistas nas eleições do próximo ano. “Uma prévia é algo muito difícil para um partido. Como sou muito aguerrida, não desistiria tão fácil. Tinha certeza de que o partido sairia rachado dessa prévia.”
Marta negou ainda que tenha condicionado a desistência à nomeação para um ministério na reforma que, segundo se especula, será feita por Dilma entre o fim deste ano e o começo do próximo.
O prazo para apresentação das assinaturas necessárias para registrar a pré-candidatura para as prévias do partido se encerra na segunda-feira (7). Até agora, apenas Zarattini entregou o número de assinaturas exigidas pelo estatuto.
(Por: Virginia Toledo, Rede Brasil Atual)