Metade da população brasileira vivia com menos de um salário mínimo em 2010, afirmam dados do Censo divulgados nesta quarta-feira (16/11)
Metade da população recebeu mensalmente, durante o ano de 2010, até R$ 375 – valor inferior ao salário mínimo, de R$ 510, pago na época. No que se refere ao rendimento médio mensal domiciliar, os 10% com os rendimentos mais elevados ganhavam R$ 9.501, enquanto as famílias mais pobres viviam com apenas R$ 225 por mês.
Os dados fazem parte dos resultados definitivos do universo do Censo 2010 divulgado na quarta-feira (16/11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Além disso, os 10% mais ricos da população brasileira ganharam, em 2010, 44,5% do total de rendimentos, enquanto os 10% mais pobres, apenas 1,1%. Ou seja, praticamente metade da renda nacional vai para os mais ricos, enquanto os pobres ficam fora de 99% dos rendimentos nacionais.
De todos os brasileiros acima de 10 anos de idade que têm com rendimentos, 0,5% recebiam mais de R$ 10,2 mil mensais nas cidades e 0,1% no campo. Na área rural, 46,1% recebiam R$ 596. Na zona urbana, esse valor alcançou R$ 1.294.
As desigualdades aumentam nas regiões Norte e Nordeste, onde os 10% mais pobres detêm 1% do total de rendimentos. A grande concentração de renda fez com que o país ficasse com número 0,526 no índice de Gini, que calcula a desigualdade de distribuição de renda, levando consideração uma variação de 0 a 1, em que 0 corresponde à completa igualdade de renda e 1 corresponde a total desigualdade. A concentração é maior nas áreas urbanas (0,521), embora as áreas rurais do país (0,453) detenham a maioria das pessoas sem rendimento ou com rendimento até R$ 510 (85,4%).
A parcela que ganhava mais de R$ 2.550 por mês representava 1% na área rural e 6% na área urbana. As regiões Norte e a Nordeste são as que registram menor número de trabalhadores com renda acima desse valor, com 2,6% e 3,1% respectivamente, bem abaixo das percentagens do Sudeste (6,7%), do Sul (6,1%) e Centro-Oeste (7,3%).
No Distrito Federal, o rendimento nominal médio mensal dos domicílios particulares era R$ 4.635 – o maior do país. No outro extremo, o Maranhão era a unidade da federação com menor rendimento domiciliar: R$ 1.274.
Nas cidades brasileiras de porte médio (10 a 50 mil habitantes) está localizado o maior índice de pobreza. Nestas cidades, a proporção de pessoas que vivem com rendimento per capita (por pessoa) de até R$ 70, chega a passar de 13,7%.
Renda e discriminação racial e de gênero
Os rendimentos continuam desiguais no Brasil, quando o critério é a raça. O IBGE constatou no Censo 2010 que os rendimentos médios mensais entre negros e pardos foi de R$ 845 no ano passado, enquanto que, entre brancos este índice alcançou a média de R$ 1.538, e entre amarelos (asiáticos), de R$ 1.574, e indígenas, de R$ 735. Em Salvador (Bahia) os negros recebem até 3,2 vezes menos que os brancos, mesmo a população sendo majoritariamente negra naquele Estado. Já quanto à discriminação de gênero, o Censo constatou que os homens tinham no Brasil em 2010, em média, uma renda até 42% maior do que as das mulheres. A renda média dos homens foi de R$ 1.395, contra apenas R$ 984 das mulheres.
Brasileiros no Exterior
O IBGE constatou também que quase meio milhão de brasileiros vive no Exterior, mais exatamente 491.645, isto das famílias que declararam ter parentes vivendo fora do País (este número pode ser muito maior). O primeiro destino dos brasileiros no Exterior é os EUA (Estados Unidos da América), com 23,8% dos emigrados declarados, seguidos de Portugal (com 13,4%), Espanha (9,4%), Japão (7,4%), Itália (7%) e Inglaterra (6,2%). O Ministério das Relações Exteriores estima que vivam mais de 3,7 milhões de brasileiros, com residência fixa em 193 países do mundo.
Emigrantes brasileiros saem principalmente da Região Sudeste. O maior contingente de brasileiros em direção aos EUA, por exemplo, saem de Minas Gerais, enquanto que o maior número de brasileiros no Japão é composto de paulistas, enquanto que Portugal recebe muitos cariocas.
(Flávia Villela, Repórter da Agência Brasil, com informações complementares de Fato Expresso)