Macário ataca abandono de aliados rumo à oposição

Em café da manhã promovido com jornalistas da região, o presidente da Câmara Municipal de Taboão questionou o real motivo do ex-secretário Grisafi em deixar o governo para aliar-se a adversários

O presidente da Câmara de Taboão da Serra, José Macário (PT) está intrigado com o recente fato político que culminou na saída do secretário de segurança pública, Salvador Grisafi, para apoiar o candidato de oposição Ivan Jerônimo (PMDB), que é investigador-chefe da Delegacia Seccional no município. Em café da manhã promovido para jornalistas da região, na quinta-feira, 1º de dezembro, Macário questionou se alguém já previra o ato que, segundo ele, o pegou de surpresa.

As eleições municipais do próximo ano em todo o território nacional já começaram a pautar os eventos oficiais e políticos de Taboão da Serra e região. Articulações para o pleito de 2012 e revoadas de legendas dão o tom dos encontros que unem políticos e imprensa na pretensão de anteverem o futuro e, assim, evitar tamanhas surpresas como a que ocorreu com o ex-secretário de Segurança. Mas fatos semelhantes já vêm ocorrendo na política de Taboão da Serra, como o ‘abandono do barco’ governista pelo seu ex-líder do governo na Câmara, Paulo Félix, que deixou o PSDB para integrar as fileiras do PMDB. Governistas por sete anos de administração Evilásio começaram a debandada a partir das denúncias de corrupção no governo, investigadas justamente pelo provável futuro candidato da nova oposição, o investigador chefe da Seccional de Taboão da Serra, Ivan Jerônimo, que até o momento não confirmou se é ou não candidato a prefeito, mesmo tendo se filiado ao PMDB no limiar do prazo legal, no mês passado.

Macário, que é o atual presidente da Câmara Municipal de Taboão da Serra, reuniu a imprensa regional e abordou diversos assuntos, transformando o amistoso encontro matinal em uma coletiva de imprensa. Bem humorado, o presidente da Câmara não hesitou em dialogar com a imprensa regional que compareceu ao evento com a representação de 12 veículos. O presidente da Câmara deixou transparecer certo ressentimento com a atitude de Grisafi, que optou pela renúncia do cargo e no mesmo dia projetou seu apoio político a Ivan.

Assuntos indigestos

Temas como o aumento do IPTU, a quantidade de obras realizadas na cidade, os projetos que foram abandonados pela administração, como o Liceu de Artes do município, e as projeções políticas para o próximo ano deram o tom do encontro e revelaram as pretensões políticas do atual administrador da Câmara.

Sem “admitir” que gostaria de assumir a sucessão de Evilásio Farias, Macário se disse tranquilo quanto à decisão do seu partido na escolha do possível nome para concorrer ao governo municipal, seu colega de bancada Wagner Eckstein. Sobre a possibilidade de integrar o próximo governo, ele se posicionou apto a comandar a pasta de manutenção do município, uma vez que tem experiência no ramo.

Para os jornalistas presentes no café da manha, a pauta do aumento do IPTU foi a mais ácida do dia. Intrigados com a decisão política em redefinir o valor venal dos domicílios de Taboão, e com isso aumentar o Imposto Predial e Territorial Urbano dos taboanenses, os comunicadores questionaram ao Presidente da Câmara se ele defenderia a mesma decisão no atual momento político da cidade, que passa por inúmeras denúncias de corrupção envolvendo vereadores e servidores.

Em resposta Macário voltou a defender a medida adotada indicando seu próprio caso. “Antes eu pagava R$ 200,00 de IPTU o que não correspondia nem de perto sobre o valor venal do meu imóvel. Após o primeiro reajuste passei a pagar R$ 600,00, o que ainda também não era o valor correto. Com essa última alteração meu IPTU passou para R$ 1.400,00, um aumento significante, mas que ainda não corresponde ao valor absoluto do imóvel, que deveria ser o dobro para estar totalmente correto”, disse o vereador.

Como era de se esperar Macário apoiou as atitudes do governo Evilásio apontando como trunfo do governante os investimentos alcançados em sua gestão, o que para o Presidente da Câmara correspondeu a 10 vezes mais que seus antecessores. “Neste governo alcançamos 99% de vias públicas urbanizadas. Investimentos que não puderam ser concluídos, como a promessa do Ginásio Olímpico, só não foram pra frente porque o governo federal fechou as portas para obras que ainda não tinham se iniciado, o que nos impossibilitou de cumprir com esse compromisso de campanha”, salientou Macário.

O jornalista e atual assessor da prefeitura Marcelo Valadão também se pôs à disposição dos colegas para buscar e interpor informações sobre as obras e projetos que deixaram de se realizar em Taboão, ou que ainda são polêmicos como o caso do projeto de mudança do Parque das Hortênsias no município. Segundo Marcelo, muitas obras na cidade só não foram implementadas “por impedimentos de ordem externa, alheias à vontade da prefeitura”. Valadão ressalvou que projetos como a futura ETEC e o SENAC estão em vias de início na cidade e que já dispõem de locais garantidos para a sua execução.

Por Alexandre Oliveira, com edição de Márcio Amêndola