Clima foi pouco amistoso na última plenária antes das prévias tucanas. José Aníbal disparou contra Kassab, provável cabo eleitoral de Serra, dizendo que “São Paulo não tem prefeito”
Depois da desistência de dois dos quatro pré-candidatos do PSDB à prefeitura de São Paulo – Andrea Matarazzo e Bruno Covas –, os remanescentes José Aníbal e Ricardo Trípoli compareceram na segunda-feira (27) para o último debate oficial do partido antes das prévias, dessa vez na região central da cidade. A ausência do mais novo postulante tucano, José Serra, transformou-se, porém, no ponto central do encontro.
Tanto Trípoli quanto Aníbal demonstraram entusiasmo com a eleição interna marcada para o próximo domingo (4), descartando qualquer possibilidade de cancelamento ou adiamento da disputa em prol do ex-governador. “O partido está preparado para qualquer enfrentamento, o partido é muito maior que qualquer candidato”, disse Trípoli durante entrevista. Ambos concordaram que a entrada do ex-governador é legítima, mesmo com a data de inscrição de novos candidatos já ultrapassada.
O presidente estadual do PSDB, Júlio Semeghini, informou que não faria sentido Serra participar do debate sem antes oficializar sua candidatura, o que deveria ser feito na terça-feira (28), às 19h, durante uma reunião na sede do partido. “Quero ressaltar a importância da entrada de Serra nesse debate, tem muito a ver com grandes articulações, mas acredito muito que o processo das previas fortaleceu o partido”, destacou Semeghini.
Ataque a Kassab
Com um clima pouco amistoso, Aníbal se recusou a opinar sobre o peso que o apoio do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD), teria na pré-candidatura de Serra, e preferiu apontar falhas do pessedista. “São Paulo não tem prefeito”, disse o pré-candidato após criticar a atual gestão por não trazer empresas para a cidade, como a Foxconn, fabricante de equipamentos eletrônicos instalada na região de Jundiaí, no interior do estado. O PSDB faz parte da base aliada de Kassab na Câmara Municipal.
Vale lembrar que mesmo com os dirigentes tucanos defendendo a importância das prévias, na prática as figuras emblemáticas do partido no estado, como o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, o próprio José Serra, e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, além de vários parlamentares, demonstraram pouco prestígio à disputa interna. Nenhum deles compareceu a nenhum dos debates.
Adiamento
A alteração na data das prévias também foi pautada na reunião entre os tucanos na terça, que deveria contar com a participação de Serra. “Não estou trabalhando com a hipótese de adiamento das prévias”, disse Trípoli.
Aníbal seguiu a mesma linha de raciocínio de seu adversário. “Eu acho desnecessário qualquer adiamento, nós admitimos sem nenhuma dificuldade a inscrição do Serra nesse momento, a uma semana das prévias, mas achamos que o adiamento é totalmente desnecessário”, observou.
O presidente estadual da sigla não assegurou a realização da consulta aos filiados na data marcada inicialmente, mas disse que o partido irá “trabalhar de todas as formas possíveis para não alterar a data”. Os dois pré-candidatos informaram que receberam ligações pela manhã do próprio Semeghini questionando sobre a possibilidade de postergarem a data das votações nos diretórios.
Os pré-candidatos remanescentes ainda sugeriram uma nova data para a realização de um debate extra, dessa vez com a participação de Serra. Semeghini disse que o assunto será discutido.
(Por: Raoni Scandiuzzi, Rede Brasil Atual)