Movimento dos Trabalhadores Sem Teto ocupa mata do Roque Valente, no Parque Pirajuçara reivindicando moradia popular no local
Cerca de 2.000 pessoas participaram de uma ação que paralisou o Centro do município de Embu das Artes em um ato de protesto na manhã de quarta-feira, dia 7. Os manifestantes que integram o Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Sem – Teto (MTST) organizaram um protesto que concentrou os populares em frente à sede do Fórum Municipal, partindo em caminhada até a Praça central da cidade.
De acordo com uma das manifestantes do movimento em esfera local, Natália Szermeta, o movimento MTST reivindica a liberação do terreno conhecido como Mata do Roque Valente, entre os bairros do Jardim Santa Tereza e Parque Pirajuçara, que é de propriedade da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional Urbano), ligada ao Governo do Estado. A área de cerca de 450 mil metros quadrados, adquirida no final dos anos 1990, nunca foi usada para habitação por causa de uma medida liminar impetrada por movimentos ambientais de Embu contra o uso de uma área ambiental para fins de moradia.
Cerca de 6 mil pessoas estão acampadas no terreno desde o último sábado (3 de março) aguardando providências às reivindicações do MTST quanto ao uso da área para moradias populares. Ainda segundo Natália, o movimento dos Sem Teto intensificou sua postura após a ação impetrada pela advogada Isabel Hodinik, a pedido de entidades ambientalistas da região, que reivindicam a preservação de todo o espaço da Mata, cerca de 450 mil m², como Área de Preservação Permanente (APP). “Essa advogada retomou esse processo, mas os réus são a Prefeitura e a Câmara Municipal, não o movimento. Então ela é uma ação ilegal e estamos entrando com recurso na justiça para reaver o terreno”, completou Natália.
Os manifestantes acreditam que terão o poio do governo municipal em uma resolução para a situação das famílias acampadas no terreno com barracas improvisadas com plásticos e bambu. Muitas já estão cadastradas no programa governamental Bolsa-Aluguel, que paga R$ 300 para o beneficiário, enquanto não é atendido nos programas de habitação.
Contraste
O artesão José Pedro da Silva, pai de cinco filhos é um dos que participam do movimento na luta pela moradia. Residente de um barraco obtido por meio do movimento MTST na região do Jardim Valo Verde, ele que não teve a oportunidade dos estudos e sua renda não lhe permite o pagamento de um aluguel.
Mesmo vivendo em uma cidade conhecida por expoentes que lutaram pela democratização da Feira de Artes, onde expunham no chão suas obras e artesanato, acompanhando o movimento Hippie dos anos 1960, hoje, José que confecciona objetos trançados em bambu, e não tem o dito “espaço” para demonstrar e vender a suas obras na Terra das Artes.
Segundo ele, sua solução é vender seus artigos nas beiras de rodovias, o que a muito custo consegue seu sustento e de sua família. Seu José já foi camelô e viveu como catador de latinhas para completar sua renda. Antes de entrar no movimento dos Sem Teto, ele vivia de favor em casa de conhecidos.
Novo Pinheirinho
A ocupação iniciada pelo MTST em Embu das Artes foi planejada juntamente com outra, na cidade de Santo André, no mesmo dia e horário. Segundo integrantes do movimento, foram realizadas as ocupações das duas áreas na Grande São Paulo como “resposta ao despejo violento” ocorrido em janeiro na comunidade do Pinheirinho, em São José dos Campos (SP). Em sua página na internet, o movimento chama as ocupações de “Novo Pinheirinho”.
Sobre o terreno de Embu, o movimento diz em nota: “Até hoje permanece abandonado e, portanto sem nenhum uso social. Dois terços da área são classificados como APP – Área de Proteção Permanente – e devem ser preservados. Um terço dela, no entanto, não é classificada no plano diretor da cidade como área de preservação. A proposta do MTST é a de conciliar as necessidades de preservação ambiental com a de criar novas habitações nesses bairros cujo déficit habitacional é reconhecidamente alarmante”.
Luta antiga
Tanto a luta por moradia na chamada ‘Mata do Roque Valente’, como a luta pelo Parque Ecológico são muito antigas. Nos anos 1970 a prefeitura usou parte da área para construir o Cemitério dos Jesuítas e a Escola Estadual Solano Trindade. Já nos anos 1980 parte do terreno foi invadido para fins de moradia, parte para uma praça, parte por um terminal de ônibus, e outra parte pela Associação de Moradores. Nesta última, a prefeitura, no governo do ex-prefeito Geraldo Cruz construiu um grande complexo educacional (Escola Valdelice Aparecida Medeiros Prass), com um teatro e um ginásio de esportes, este último inaugurado já no governo do atual prefeito Chico Brito.
Em 1986 o Movimento de Moradia do Campo Limpo chegou a ocupar o terreno, local que faz confluência com a Avenida Rotary, mas protestos de apoiadores da instalação de um Parque Ecológico, mais a ação do antigo proprietário, Roque Valente, impediu a continuidade da ocupação.
Desde então, a Sociedade Ecológica Amigos de Embu encampou a luta pelo Parque Ecológico, quando já restavam apenas 450 mil metros quadrados do terreno original, que antes passava dos 700 mil.
Em 2001 o movimento pelo parque passou às mãos de um grupo liderado pela Casa de Cultura Santa Tereza, do qual participam a SEAE, a entidade IBIOCA, o engenheiro Carlos Bocuhy, representante ambiental no Conselho Estadual de Meio Ambiente, o atual secretário de Cultura Paulo Oliveira da Silva, Anivaldo Ferreira, o pessoal da entidade Zumaluma, a advogada Maria Isabel Hodinik, entre outros.
O caso do uso do terreno está sob judice. CDHU (Estado), Prefeitura, movimento de moradia, ou grupos ambientais ainda não chegaram a um acordo durante todos estes anos, e o terreno permanece sem uso social ou mesmo ambiental.
*Por Alexandre Oliveira e Márcio Amêndola
Veja imagens da ocupação do MTST, em Embu das Artes:
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Engraçado todos noticiam a ação do MTST, mas ninguem ouve os moradores ao redor que tem convivido com a ocupação… ninguem noticia que o local virou ponto de distribuição de drogas, que tem meninas menores se prostituindo no local e que o movimento é liderado por um filhinho de papai, “rebelde sem causa”, que pra chamar atenção ilude um monte de gente inocente e as faz de massa de manobra!!! Essa ocupação é uma vergonha, se todas as areas verdes, com base na pressao de alguns, perder sua finalidade original em pouco tempo ninguem respira mais!!!
É fácil falar de parque quando já se tem uma casa
O interesse individual, nao pode prevalescer contra o interesse coletivo. Reconheço a necessidade de moradia, mas nao destruindo as matas!!! Claudio se vc faz parte desse grupo te aconselho a sair, eles são os mesmos que já invadiram no Taboao e no Nossa Sra. de Fátima fazem tudo pra tirar proveito e o governo do Estado tem legimado oportunistas!!!
Cade o choque que não tirou essa turma de vagabundo
Você trabalha ? Tem sua casa ? Mais porque criticar quem está lutando para conquistar algo que é de direito do povo ? Ou você não sabe que o terreno é da CDHU ? É direito e temos que lutar por isso. Abraço
seria melhor que esse bando de gente fosse trabalhar ;
Eu tbm faço parte da ocupação, com o maior orgulho. Se voces não sabem aquela area esta desocupada a anos, dizendo que ali seria construido um parque e etc; nada foi feito. Agora que nosso movimento se ocupou daquele espaço, querem montar o parque ?? Me poupe minha gente, nossa luta é até o fim, queremos moradias sim.
Ocuparam o terreno e enterditam ruas na região… isto para não falar do lixo e a onda de assaltos que COINCIDENTEMENTE anda havendo no Pq. Pirajussara.
Não serão construidos prédios na Mata, mal complemtam 3 anos o falecimento do proprietário e já vem de novo essa ladainha de CDHU…
Ignorancia agente se vê por aqui!
realmente concordo com a beatriz lá não tem nada sendo destruida enclusive quando comessamos foram bem claros q ñ poderia ser cortadas as arvores e eu concordo com essa movimentação pois lá estava um lugar abondonado a população jgando entulhos e tanta gente necessitando de um lugar para ficar passando necessidade enquanto tem lugares q esta abandonado e nimguém ta nem ai..
Segundo Paulo Oliveira, a materia seria melhor se ouvisse o outro lado. Quem e o outro lado? A defesa do meio-ambiente, ou aquilo que resta dele e fundamental, mas, lamentavelmente, agem com latifundiarios urbanos ao se do mesmo palavriado falando inverdades e jogando os sem teto contra a populaçao. A melhor forma de preservar a area nao e deixando abandonada tal como esta.
Prezados redatores, a matéria poderia ser mais interessante se tivessem ouvido o outro lado! (?)
Faço parte da ocupação , e estamos firmes do objetivo que queremos
Também faço parte da ocupação, e também estamos firmes.
Sou favorável, que 100% da área denominada Mata do Roque Valente seja de preservação, criando-se um Parque Ecológico, preservando e devolvendo à comunidade um capital verde necessário e merecido. É urgente a desocupação, e o fim da omissão conjunta dos governos, federal, estadual e municipal na área habitacional do Brasil.
Sérgio O. Barbi
Acho qe deveria ser feita sim as moradias , pois o terreno é da CDHU ; e o proprio nome já designa tudo
A Sociedade Ecológica realizou programas de Agenda21 nas escolas do entorno do parque em 2005. Também fez um diagnóstico sócio-ambiental em 2008 mostrando que os moradores da região não tem equipamentos públicos adequados. Os diagnósticos apontam que o parque deveria ser destinado para atender à comunidade local já instalada, pois é uma área altamente adensada.
Construir novas moradias só vai piorar a falta de áreas de lazer, deficiências na saúde, educação, transporte e segurança. E também aumentar as enchentes no Taboão, pois as principais nascentes do Rio Pirajuçara estão no parque (uma nascente está embaixo da escola Valdelice).
O problema de moradia no Brasil e no mundo é muito sério. Mas não pode ser resolvido destruindo o meio ambiente, apenas por motivações políticas em ano de eleições.
Ninguem está destruindo nada , niguem cortou arvores e nada foi tirado de lá . Apenas tratasse de um terreno da CDHU qe esta abandonado , com geladeiras , colchoes e etc , tudo absurdamente jogados . É preciso sim de novas moradias para atender a parte mais carente da sidade